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<i>Arquivo X</i> acabou: Enfim!

<i>Arquivo X</i> acabou: Enfim!

JA
28.08.2002, às 00H00.
Atualizada em 21.09.2014, ÀS 13H13

Mulder e Scully

Pôster do escritório de Mulder

Os Pistoleiros Solitários

Frank Black (Millennium)

Frank Black e Fox Mulder no episódio "Millennium" da sétima temporada de Arquixo X

Dana Scully e o novo parceiro,
o agente Doggett


Arquivo X, o filme (1998)

Omelete Recomenda

Encerra-se, de forma nada honrosa, um dos ciclos mais criativos da TV.

Arquivo X, antes um marco, hoje, é uma caricatura. Nas últimas temporadas, tornou-se vítima dos clichês que criou, da voracidade dos índices de audiência e dos próprios fãs. Analisando-a como um todo, é fácil chegar à conclusão de que, de fato, havia terminado anos atrás.

Quando surgiu em 1993, o seriado nadava na contramão das diretrizes do sucesso fácil. Os protagonistas passavam longe do biótipo que a TV convencionou ser o ideal. Fox Mulder (David Duchovny) era magrelo, narigudo e abobalhado. Sua parceira, Dana Scully (Gillian Anderson) era baixinha, acima do peso e vestia-se de maneira cafona. Nada atraente. Antítese total, era bem-dotada intelectualmente.

Além de seu elenco de ilustres desconhecidos, os assuntos do programa eram o sobrenatural e a ficção científica. Seu charme era o contra-senso. Sem descambar para o desrespeito, trabalhava temas que cairiam facilmente no ridículo, optando sempre por fugir do óbvio e esquivar-se da solução definitiva dos casos. Usando da mais pura e simples insinuação, a série não só emplacou, como inovou. Em vez de se preocupar com os por quês, apresentava os fatos e pedia nossa imaginação. O lema da série: A verdade está lá fora insinuava que o espectador era quem a detinha. Cada um a sua. Isso tornava o episódios instigantes.

OS FILHOS DO ARQUIVO

O sucesso de Arquivos X engendrou dois filhotes. Pistoleiros Solitários, a primeira destas séries resultantes trata de três nerds amigos de Mulder. Personagens regulares do programa-matriz, os tais Pistoleiros editam um jornal sensacionalista, especializado em desmascarar as conspirações governamentais. No Arquivo, o trio fluía como alívio cômico. Em seu próprio seriado, a piada não colou. Até incluíram no grupo um casal mais bonitinho. O resultado foram treze episódios, no máximo, divertidos para os iniciados.

Melhor foi o seriado Millennium. Protagonizada pelo excelente Lance Henriksen, a série era um capricho de Chris Carter (criador de Arquivo X) que só se manteve no ar por três anos como agrado a ele.

De baixa audiência, era qualitativamente igual, senão superior a série-mãe. O herói novamente era antipático - o agente aposentado do FBI, Frank Black - e feio. Lidava com um estranho dom que, a princípio, lhe permitia entrar na mente dos criminosos e depois evoluiu, atraindo a atenção da sociedade secreta que intitulava a série. Os males que enfrentava e os riscos que corriam sua mulher e filha eram o ponto alto.

Até clímax marcado a série tinha: o ano 2000. Mas não chegou lá. Na verdade, teve dois finais. Um pessimista, no qual o mundo acaba no caos encerrando a segunda temporada (os produtores não acreditavam que a série fosse render mais um ano); e outro, aberto e negativo na última.

O golpe de misericórdia deu-se no encontro de Frank com a série-mãe. Além de descaracterizada, a personagem ganhou um final feliz indigno, num episódio onde os fãs estavam mais interessados no primeiro beijo de Mulder e Scully. Triste fim para uma das mais interessantes (e injustiçadas) séries dos últimos anos.

É BOM SABER QUANDO PARAR

Diante de tantas peculiaridades, muitos supunham que Arquivos X seria um fracasso retumbante. Como sabemos, não foi o que aconteceu. De série cult, com o passar dos anos, foi encontrando público cada vez maior até se tornar um fenômeno. Foi então que as coisas começaram a degringolar. Se, no início, o elenco vestia-se mal, passou a contar com figurino de primeira, maquiagem decente, veículos caros e outros privilégios advindos dos patrocinadores. No entanto, o banho de loja, que transformou a inusitada dupla em símbolos sexuais, trouxe também cobranças. Boa parte do público não entendia um casal que não vivia um relacionamento amoroso e pressionou os produtores nesse sentido. Daí para o bebê, foram alguns passos tortuosos que contribuíram para a decadência.

Depois que o programa ganhou um longa nos cinemas em 1998, iniciaram-se as tentativas de responder as indagações abertas pelas conspirações e aliens do imaginário X. Lentamente, este novo direcionamento sepultou o fascínio inicial. A cada revelação bombástica, as respostas eram menos interessantes, pouco criativas e contraditórias. O pano de fundo (o governo sabe, mas nega tudo) perdeu-se para o novelão platônico Mulder/Scully: Beija ou não beija? Vão para a cama? O filho é mesmo dele?

Nos bastidores, Duchovny, prevendo os rumos que a série tomava (e temendo ficar estigmatizado), exigiu aparecer cada vez menos, forçando os roteiristas a medidas desesperadas como sua abdução e substituição pelo agente Doggett (Robert Patrick). Até tentaram introduzir uma nova agente (Monica Reyes) para que o casal central fosse substituído numa possível nova temporada. Não deu certo.

TRISTE FIM

Adeus, Arquivo... ou até o próximo longa para o cinema. Afinal, alguém aqui achava que deixariam a galinha-dos-ovos-de-ouro descansar? Espera-se para 2004 uma novo filme, provável e sabiamente ignorando boa parte do que aconteceu nos últimos anos do seriado. No entanto, dificilmente uma nova produção X será capaz de recuperar a empolgação a cada novo e surpreendente episódio. A série acaba deixando saudades de suas primeiras temporadas, onde ainda era possível acreditar que havia vida inteligente. Não no espaço, mas na televisão.

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