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Artigo

<i>Angels in America</i>

<i>Angels in America</i>

10.05.2004, às 00H00.
Atualizada em 08.11.2016, ÀS 09H01

Polainas, cores berrantes, yuppies, dúvidas, AZT, topetes, depressão, Regan... Assim eram os anos 80 nos Estados Unidos e, por conseqüência, em boa parte do mundo capitalista. E exatamente essa década (chamada por muitos como os anos perdidos) que pode ser vista em Angels in America, a badalada telessérie da HBO que ganhou todos os cinco prêmios a que concorria no Emmy deste ano.

Não era difícil prever essa avalanche de estatuetas. A fórmula era infalível, já que reunia nomes famosos tanto no elenco, como por trás das câmeras. Entre as estrelas, Al Pacino vive um poderosíssimo advogado que se diz heterossexual mas sai com homens (Homossexuais são pessoas que não têm poder. Se eu discar 15 números sabe com quem eu falo?). Meryl Streep interpreta três papéis: uma mãe mórmon, um rabino e um fantasma. Emma Thompson é outra estrela do cinema que também está na série. Além disso, o diretor é Mike Nichols, responsável por nada menos que o clássico A Primeira noite de um homem (The Graduate, 1967), e o roteiro foi adaptado por Tony Kushner, autor da premiada peça que inspirou o filme. A trilha sonora, ficou por conta do compositor Thomas Newman, de Procurando Nemo, Estrada para Perdição e também do tema de abertura de outra série da HBO, Six Feet Under.

Mas o que mais chama a atenção mesmo é o tema: a AIDS - a doença mais temível do planeta, que já vitimou 20 milhões ao redor do mundo e, na época, estava em sua fase inicial. Em meados da década de 80, a síndrome já tinha um nome, modos de contágio identificados e alguns remédios sendo desenvolvidos. Porém, ela ainda era ligada somente ao homossexualismo. Era a praga gay.

Com diálogos densos e muito espiritualismo, Angels in America mostra como a AIDS era tratada e encarada, tanto pelos doentes como por seus companheiros, e retrata a realidade em que viviam os gays. O que fazer? Se afastar do amigo/namorado doente, ou ficar ao seu lado até o momento derradeiro, que estava bastante próximo? Como dar a notícia a um paciente ou parceiro? Como encarar a morte ainda mais certa do que antes?

Entretanto, imprevistos acontecem. E da mesma forma que a sua mãe - que sempre foi a melhor cozinheira do mundo - pode fazer um arroz papa, alguém errou na mão com a receita de Angels, ou melhor, nos dois primeiros capítulos, aos quais pude conferir até agora.

Isso porque diferente das falas profundas, as cenas escuras e longuíssimas não funcionam. Talvez fossem coerentes no teatro, mas cansam na telinha. Porém, do mesmo jeito que vale a pena comer o arroz papa da mãe, creio que devamos continuar a ver o desenrolar da série, seja para checar se ela vai desandar, se fará jus aos prêmios ou mesmo para perceber como nossa sociedade evolui nada ou quase nada em relação ao preconceito contra os gays e/ou os portares do HIV.

Angels in America - EUA, 2003. Diretor: Mike Nichols. Elenco: Al Pacino, Meryl Streep, Emma Thompson, Mary-Louise Parker, Jeffrey Wright, Patrick Wilson, Justin Kirk, Ben Shenkman, James Cromwell, Michael Gambon, Simon Callow, Brian Markinson, Robin Weigert. Duração: 6 capítulos de uma hora cada.



HBO - Episódio 1 ao 3 - de 11 a 13/5 às 21h. Episódio 4 ao 6 (final) - de 18 a 20/5 às 21h.

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