Filhas de Eva chega à Globoplay no dia 8 de março com uma proposta que deve gerar muits expectativas nos fãs de séries de TV: a nova produção buscou inspiração em Big Little Lies e This is Us, duas das séries mais premiadas e populares do mundo. "Tivemos algumas referências de obras interessantes, como as séries internacionais Big Little Lies, This is Us e Parenthood, além do filme Colcha de Retalhos. São produções que falam de mulheres e também de famílias, de relações humanas. O cotidiano e a realidade são nossas inspirações”, contou Nelito Fernandes, um dos autores da série, durante conversa com jornalistas.
Para quem tem uma Big Little Lies nas mãos, a Globoplay esperou bastante para levá-la ao catálogo. Escrita também por Martha Mendonça, Jô Abdu e Adriana Falcão, FIlhas de Eva foi toda filmada antes da pandemia, há mais de um ano, mas sua exibição foi adiada diversas vezes. Embora o motivo da longa espera nunca tenha sido esclarecido (e soe como uma hesitação em apresentar o resultado final), o diretor Leonardo Nogueira estabeleceu suas metas: “Buscamos uma linguagem contemporânea e muitas vezes contemplativa, para acompanhar o tom da série”.
A história de Filhas de Eva nos leva realmente para esse lugar de contemplação. Sua sinopse não revela nenhum grande gancho, já que o importante para a produção é o desenvolvimento dos personagens de forma minimalista. A trama começa quando Stella (Renata Sorrah) decide, no meio das próprias bodas de ouro, anunciar o divórcio. Segundo Renata, a personagem tem uma espécie de epifania e decide fazer a grande mudança que vinha adiando há muitos anos. Nessa mesma festa, a responsável pelo bolo, Cléo (Vanessa Giácomo) - uma mulher que leva a vida na batalha diária - conhece a filha de Stella, Lívia (Giovanna Antonelli), que será profundamente afetada por esse encontro.
Filhas de Eva?
Na entrevista coletiva de lançamento da série, o discurso das protagonistas reforçou o marketing da produção: é uma história sobre a quebra de padrões. “Eu odeio quem diz que não vai mudar, que é assim pronto e acabou. Não, eu quero mudar”, disse Renata, enquanto descrevia Stella. Para a atriz, tanto Stella quanto as outras duas chegam naquele ponto da vida em que alguns olham para si e se perguntam “Quem sou eu depois de tantos anos?”. Apoiada nisso, a narrativa tem a pretensão de mostrar como essas mulheres fugirão de realidades pré-concebidas sobre elas, construindo um caminho novo e cheio de liberdade.
Talvez, então, o título da série pudesse agregar um ponto de interrogação ao final. Deste ponto histórico em que estamos vivendo em diante, espera-se que nunca mais as mulheres possam ser culpadas pelos “erros” de uma figura mítica que está constantemente ligada à ideia de pecado, traição e dependência. Questionadas sobre isso, foi de Renata Sorrah que veio a resposta mais contundente: “Somos filhas de Eva, mas fazendo de tudo pra deixar de ser”.
Vanessa Giácomo fez a ponte mais direta: “Isso na verdade é a cara da série, porque todas vão sofrendo muito durante essa transformação”. Quando as respostas começaram a reforçar todo o progresso alcançado no campo dos direitos femininos, Giovanna Antonelli finalizou fazendo uma citação anônima da internet: “Metade do mundo são mulheres e a outra metade os filhos delas”. A atriz, animadíssima, encerrou fazendo pedidos para uma segunda temporada e concluindo: “Eu tenho muito orgulho de ser mulher. Nós somos sinistras”.
Será interessante avaliar até que ponto a história vai justificar ou refutar essa “maternidade mitológica”, já que sua estreia, num dia tão emblemático, Dia Internacional da Mulher, coloca sobre ela ainda mais responsabilidades.