Freddie Highmore: “Não conseguiria fazer o que faço no cinema”
Com The Assassin, ator completa 13 temporadas seguidas no ar em séries de TV
Créditos da imagem: Freddie Highmore em The Assassin (Reprodução)
The Assassin vive e morre pela química entre Freddie Highmore e Keeley Hawes, interpretando mãe (assassina de aluguel aposentada) e filho (jornalista determinado a descobrir seu segredo) às voltas com uma conspiração complexa que os coloca em fuga nas paisagens paradisíacas da Grécia. A mistura de comédia, ação e drama familiar, comandada pelos showrunners Harry e Jack Williams (The Missing) só funciona mesmo porque o ex-astro mirim de A Fantástica Fábrica de Chocolate e a venerável atriz britânica de Segurança em Jogo fazem uma bela dança de ressentimentos, afeições e segredos um com o outro.
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O Omelete teve a oportunidade de participar de uma coletiva de imprensa com a dupla - a seguir, você confere a conversa, que tocou em maternidade, televisão vs. cinema, a participação criativa dos atores na produção, e muito mais. A minissérie The Assassin, com todos os seus seis episódios, chega na próxima terça-feira (26) ao catálogo do Universal+.
REPÓRTER: Freddie, juntando o seu trabalho em Bates Motel, The Good Doctor e agora The Assassin, você aparece na TV há 13 temporadas ininterruptas. Então, o que a televisão tem que te atrai tanto? É uma questão dos papéis serem melhores, ou de ter mais tempo para explorar o personagem?
HIGHMORE: Acho que, antes de qualquer uma dessas coisas, é só sobre ter sorte. Sabe, são apenas três projetos, então tive sorte de encontrá-los rapidamente, e vê-los durar por um tempo. Mas eu amo a TV - e, mesmo em uma minissérie de seis episódios, como The Assassin, amo como a TV me dá a oportunidade de mergulhar fundo nos personagens, mais do que se consegue fazer nos 90 minutos de um filme. Não consigo imaginar The Assassin, por exemplo, como um filme, dada a natureza complexa dessa relação mãe e filho. Mesmo ao final dos seis episódios, espero que as pessoas pensem: ‘Ah, ainda há um pouco mais que quero descobrir sobre essa dupla’.
Então sim, acho que tive sorte, mas também gosto muito das profundezas que você consegue explorar com os personagens na televisão.
REPÓRTER: Freddie, você mencionou essa complexa relação de mãe e filho que é a pedra fundadora de The Assassin. Minha pergunta é para ambos: como foi construir essa relação no set? E como exatamente vocês a descreveriam?
HAWES: Eu sinto que tivemos uma sorte incrível. Desde o início, quando nos conhecemos pelo Zoom, tivemos uma conversa adorável, e depois um dia inteiro de ensaio, lendo o roteiro. Para mim, ficou claro muito rapidamente que não teríamos que trabalhar muito para construir essa relação, porque parecia que nos conhecíamos há séculos. Foi um pouco estranho, na verdade. [Risos] Foi simplesmente um prazer trabalhar com Freddie, sinto que o conheço há muito mais tempo do que realmente conheço. Nós trabalhamos de maneiras bastante semelhantes, como atores, então não houve nada para de fato resolver ali, e eu me senti incrivelmente sortuda desde o primeiro dia, porque podíamos simplesmente seguir em frente com as filmagens.Acho que criamos uma relação adorável, uma química ótima, e nos tornamos grandes amigos.
HIGHMORE: Sim, eu sinto que o tom da série é tão específico, e acho que foi incrível conhecer a Keeley pela primeira vez e perceber que nós dois, instintivamente, sentimos aquele tom exatamente da mesma maneira. Nesta série, o humor subjacente está sempre lá, há algumas piadas sombrias, mas não é exagerado demais e não tira o foco das emoções maiores, dos riscos altos e das reviravoltas - ele existe para adicionar nuances e textura. Quando se trata desses personagens, você precisa gostar deles como uma dupla, mesmo que eles estejam em oposição na trama, ou um tanto distanciados e guardando segredos um do outro. Nós dois queríamos que eles fossem uma dupla cativante, pessoas que você gostasse de passar o tempo assistindo. Se não, seria apenas uma série sobre duas pessoas brigando o tempo todo, e isso pode ser realmente chato.
REPÓRTER: Bom, além de estrelar a série, vocês dois também são produtores executivos. O que aprenderam um sobre o outro nessa colaboração? E quais foram as principais decisões que tomaram juntos, de ambos os lados do processo?
HAWES: Sabe, cada série é diferente. Em algumas você entra cedo e ajuda a criar os personagens e a história nessa capacidade de produtor, em outras você entra quando os roteiros já existem e a temporada já está encaminhada - como nós fizemos nesse caso. Mas acho que chegamos em um momento interessante, quando as principais decisões já haviam sido tomadas, mas pudemos avançar junto com o projeto, acompanhar a pós-produção e dar notas sobre a edição dos episódios, por exemplo. bordo em um momento adorável, quando já havia uma encomenda e muitas das principais decisões já haviam sido tomadas. Freddie é tão brilhante, e tem mais experiência nisso do que eu; eu fui produtora executiva em algumas séries, co produzi algumas, mas ele tem muito mais experiência nessa área. Então, para mim, foi maravilhoso vê-lo nessa capacidade. E, sinceramente, acho que pode ser muito, muito útil ter atores no papel de produtor.
HIGHMORE: Sim, foi muito divertido assistir ao processo de edição com a Keeley. Quando você tem showrunners como Jack e Harry Williams mandando nas coisas, claro que o seu papel é apoiá-los e apoiar a visão deles, ajudar a fazer a série que eles imaginaram da melhor forma possível. Mas às vezes também é bom ter uma filmagem como a nossa, que foi na Grécia, muito longe da sala de roteiristas - porque você ganha a liberdade de dizer: ‘Ah, nós tentamos isso aqui no set aquele dia, acho que ficou bem divertido, dê uma olhada’. Especialmente porque acertar o tom entre nossos dois personagens e performances era tão importante, acho que pudemos ajudar muito na edição. Sabíamos o que estávamos buscando.
REPÓRTER: Keeley, no primeiro episódio, Julie diz a Edward: ‘Eu sou sua mãe, e é por isso que não vou te contar o que quer seja que você acha que precisa saber’. Eu amei essa fala!
HAWES: Também amo essa fala! Já usei isso algumas vezes na minha vida real.
REPÓRTER: Quando você leu o roteiro de The Assassin pela primeira vez, o que você sentiu que a série tinha a dizer sobre a maternidade? Esse tema foi parte do que te atraiu?
HAWES: Sim, realmente foi. Julie é meio que a antimãe, não é? A única outra vez que trabalhei na Grécia foi em uma série chamada The Durrells, interpretando uma mãe muito diferente. Louisa Durrell era uma mãe realmente dedicada e brilhante, mas a Julie é um pouco o oposto disso. Ela não é uma mãe nata, e acho que é um trabalho muito mais difícil para ela. O que não está em questão é o quanto ela ama Edward - mas ela não é uma pessoa maternal por natureza. E, claro, isso é extremamente divertido de interpretar.
Acho que Julie provavelmente sempre tratou o filho como um adulto, e é assim que a relação deles tem sido. Então, quando ela fala com ele, soa muito abrupta e ríspida, e ela tem uma honestidade inesperada sobre as coisas. Acho que pode ser bastante chocante, mas sabe, eu tenho três filhos, e posso te dizer que ser mãe não é sempre doçura e luz. Às vezes, com seus filhos - e eles com você! - é possível ser mais honesta, ser mais de você mesmo do que com qualquer outra pessoa no mundo. Então, sim, sinto que isso é contado de forma muito verdadeira no roteiro de The Assassin.
HIGHMORE: Só quero dizer que eu também adoro aquele momento no episódio. Na verdade, quando eu estava assistindo à série pela primeira vez, eu estava com outras pessoas - e, naquela cena, elas aplaudiram ruidosamente. Foi tipo: ‘É isso mesmo! Coloque-o no lugar dele!’.
REPÓRTER: Keeley, você falou sobre o roteiro. Como descreveria o trabalho de Harry e Jack, e o humor que eles trazem para suas histórias - mesmo as que não parecem ser comédias naturais?
HAWES: Eu sempre fico impressionada que eles são as mesmas pessoas que criaram The Missing. As séries deles são tão ecléticas, tonalmente, e eles têm um alcance enorme. Por outro lado, como pessoas, eles são tão colaborativos e relaxados, respeitosos com os atores - eles realmente confiam em nós com os personagens que criaram. Para mim, esse é o melhor cenário possível, porque você se sente relaxado com o texto e as cenas, e que você pode se apropriar daquele personagem, o que é muito importante. Sabe, você está interpretando o papel… uma vez que é escrito e entregue a você, ele deveria se tornar seu, de certa forma. Mas nem sempre é o caso, não é como alguns roteiristas trabalham.
HIGHMORE: Eu concordo com tudo que Keeley disse sobre eles. Acho que o que eles fazem de forma excelente, também, é criar tramas propulsivas, com muitas reviravoltas e cliffhangers - mas nada disso parece estar lá apenas por estar, ou apenas para avançar o enredo. Tudo o que eles fazem é enraizado nos personagens, em decisões verdadeiras, realistas e honestas que esses personagens tomam. E acho que, ao contrário de alguns suspenses, esta série sempre parece bastante pé no chão, bastante real. Nossos personagens não são super-heróis, eles podem errar e erram bastante! Eles cometem erros em seus relacionamentos um com o outro, erros na forma como estão lidando com o perigo, erros em guardar segredos que não deveriam ter guardado… eles simplesmente continuam se afundando em todos esses erros. Acho que há uma identificação nisso, para o público.
REPÓRTER: Como vocês mencionaram, esta série foi filmada na Grécia. Que tipo de desafios vocês enfrentaram naquele lugar? A localização mudou a maneira como vocês se conectaram com a história, ou mesmo com os personagens?
HAWES: Nós passamos cinco meses em Atenas, que serviu como dublê de todas as locações, o que acima de tudo foi simplesmente encantador. Eu não ia a Atenas há muito tempo, então fiquei muito animada para voltar. E, sabe, quando você está em um lugar por tanto tempo, você consegue explorá-lo e vê-lo de uma maneira que normalmente nunca faria. Tivemos muita sorte de ir a locações que, mesmo que você visite a Grécia, muitas vezes não visitaria como turista. Então foi simplesmente maravilhoso estar lá. Na série, eu acho que a ilha é quase um personagem por si só, e tem uma influência grande no visual de todas as cenas. Acho The Assassin uma série muito estilosa, e muito disso se deve às locações incríveis.
HIGHMORE: Eu diria que os momentos que mais sentimos o isolamento foram nas cenas em barcos. Temos um iate bem no início da série, e depois há um barco que aparece mais adiante… Naqueles dias, saíamos para o mar com uma equipe muito, muito pequena, o mínimo absoluto, e ficávamos acenando para o resto da equipe na praia. Nós íamos trabalhar o dia inteiro! [Risos] Mas eu sempre gosto desses momentos em que tudo parece mais íntimo, menor… é uma lembrança adorável.
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