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Entrevista

Bhelchi sobre eliminação do Drag Race: "Não levaram minha trajetória em conta"

Drag queen fala ao Omelete sobre ser "abraçada pelo público" após passagem no programa

Omelete
13 min de leitura
11.09.2025, às 07H00.
Bhelchi (Reprodução/Instagram)

Créditos da imagem: Bhelchi (Reprodução/Instagram)

A visão de Bhelchi sobre sua passagem pela segunda temporada do Drag Race Brasil se transformou completamente após assistir aos episódios do reality show ao lado do público.

"[No fim das contas], não é sobre como aconteceu na competição, sobre o que foi mostrado ou cortado - é sobre como o público recebeu, que foi de uma forma muito positiva", comenta ela em entrevista ao Omelete.

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A eliminação da drag queen paulistana veio no 9º e penúltimo episódio da temporada, exibido na última quinta-feira (4), mas ela se encaminha para a semana da final como a franca favorita do público. Uma virada e tanto para a competidora que entrou no programa como a menos seguida no Instagram - "conhecida por ser desconhecida", como ela mesma brinca.

Abaixo, Bhelchi fala ao Omelete sobre os pormenores de sua passagem pelo Drag Race Brasil, e o que futuro guarda para essa relação simbiótica que ela estabeleceu com os espectadores do programa.

OMELETE: Oi, Bhelchi! Sou o Caio, do Omelete. Quero dizer, primeiro, que me tornei um grande fã seu durante essa temporada!

BHELCHI: Ah, que legal, muito obrigada, Caio!

OMELETE: É claro que quero falar com você sobre a expectativa para a final, que já é quinta-feira. Sei que você vai assistir com os fãs, e com as suas colegas de temporada, num evento aqui em São Paulo. Queria saber como que está a ansiedade, e como você acha que o pessoal vai reagir à final?

BHELCHI: Antes de qualquer coisa: esse é o primeiro episódio em que eu não estou, né? Então vai ser engraçado... ou talvez não seja "engraçado" a palavra, mas estou ansiosa, com toda uma mistura de sentimentos, por ter chegado tão perto da final, e por ser o único episódio da temporada que eu não participei das gravações. Eu não sei o que vai acontecer, quais looks as meninas apresentaram. Por mais que a gente converse entre a gente, eu estou com a mesma ansiedade do público, de assistir, de acompanhar tudo junto. Sem contar que a gente também está preparando todo um evento maravilhoso para a quinta-feira, né? Preparando look,  preparando performance. Então, eu estou à mil. A gente está num ritmo exaustivo, todas as semanas de exibição da temporada teve evento, teve show, mas também é um momento de muita gratidão. Chegar no fim da temporada sabendo que a gente deu o nosso melhor é o mais importante, então estou super empolgada para a quinta-feira.

OMELETE: Bom, nessas semanas de exibição da temporada, e também nos dias desde que foi ao ar o seu episódio de eliminação, deu para sentir muito bem quanta gente estava torcendo por você, né? Eu queria saber: você ficou surpresa com esse amor todo? Como foi sentir esse apoio?

BHELCHI: Com certeza! Eu acho, que por ter entrado no programa como sendo a drag menos conhecida - a conhecida por ser desconhecida, como era dito, a com menos seguidores... A gente sabe que isso influencia muito as pessoas, né? Geralmente, o público vai ali por quem ele já viu, não tem no geral essa coisa de descoberta, de pesquisa, de entender o que cada uma tem a oferecer. Muitas vezes, acaba se criando ali uma certa imagem, imediatista. Então eu não esperava que as pessoas fossem me receber da forma como têm me recebido, durante toda a temporada. As pessoas me abraçaram e aceitaram o trabalho de uma forma diferente, e isso foi muito surpreendente para mim. Depois da minha eliminação, então, não tem nem que falar. A quantidade de amor e de carinho que eu tenho recebido tem sido muita loucura, eu acho que ainda nem sei lidar. Às vezes estou lá, vivendo minha vida, e abro uma mensagem de alguém falando que me ama... é muito gratificante. Eu não tenho, realmente, como expressar minha gratidão.

OMELETE: Bom, a gente sabe que vocês gravam a temporada vários meses antes da exibição, então eu queria saber: quando você saiu da competição, depois da gravação do episódio 9, qual era o seu sentimento sobre a sua trajetória no programa? E esse sentimento mudou depois que você assistiu todos os episódios?

BHELCHI: Mudou totalmente, a forma como eu terminei as gravações e a forma como eu estou hoje... é outra pessoa. Eu acho ótimo a gente ter esse tempo para absorver tudo que acontece lá dentro antes de compartilhar com o público, mas no meu caso a maior felicidade foi ver como os fãs receberam o meu trabalho. Não é sobre como aconteceu na competição, sobre o que foi mostrado ou cortado - é sobre como o público recebeu, que foi de uma forma muito positiva. Críticas a gente sempre vai ter, coisas para melhorar a gente sempre vai ter, mas para mim foi uma mudança enorme [da reação dos jurados vs. a reação dos fãs]. Eu acho que a gente sai de lá muito focada nas frustrações, nas coisas que a gente esperava que acontecesse e não aconteceram. O próprio programa mostra isso. Mas tudo mudou quando estabeleci essa relação com o público. O que a gente faz é para o público, e o público tem me abraçado, então não tem como eu pensar que não fui bem. Estou muito feliz com o que fiz.

OMELETE: Legal! E eu acho que não vai ser surpresa para você se eu disser que Bhelchi ficou conhecida como a chorona da temporada... então, queria que você falasse um pouco das emoções que você viveu lá no set. Você tem isso mesmo de viver as coisas à flor da pele, de não esconder seus sentimentos?

BHELCHI: Não, não! Até falei disso quando a gente voltou das gravações, quando conversei com as meninas e apresentei ao meu marido, elas diziam: "Lá no set, ela só chorava". E o meu marido não acreditava! Ele dizia que era mentira, que eu não era de chorar. Mas acho que foi uma consequência de tudo, né? Da preparação que eu fiz para estar lá, do fato de estar no fim da minha faculdade quando fui gravar, era o fim de muita coisa na minha vida pessoal também. E o programa é muito cansativo, cláro, todos os looks que eu levei, eu fiz em casa - costurar tudo aquilo foi uma demanda muito grande. Porém eu estava ali fazendo algo por mim, f fazia muito tempo que eu não tinha isso.

Eu vivia naquela função de cuidar de aluno, de estar sempre sendo suporte para outras pessoas. E também é uma coisa de vida adulta, né? A gente brinca que adulto não tem tempo para chorar, mas no fundo é verdade. A gente está sempre correndo com tanta coisa, tendo que lidar com tanta coisa, e vai deixando para trás essa coisa de demonstrar as emoções. No programa, eu me permiti viver tudo. Eu sou uma pessoa muito focada, e estava muito focada em entregar o meu melhor, mas eu não ia disfarçar minha emoção. As saídas das meninas semana a semana, por exemplo - todas doeram muito. Eu não me importei em demonstrar. Tanto que nos últimos episódios eu choro menos, e daí falei pro meu marido: "Tá vendo? Parei de chorar".

Mas assim, tem sido do mesmo jeito nas watchparties, no dia que a Adora saiu eu já cheguei chorando no evento! Mas eu acho que faz parte do processo também, ir sentindo e eliminando certas coisas, até para não ficar co mágoa de nada, de estar bem com todo mundo. Se você tem que chorar, se você tem que se emocionar, se tem que ficar alegre, fica! Não tem por que esconder.

OMELETE: Tá certo, tá certo. Bom, você falou de algumas dificuldades que enfrentou durante a temporada, e eu queria falar sobre a semana do Lalaparuza, que você foi salva da eliminação pelas suas companheiras de programa, e foi aludido ali ao fato de que você estava doente durante a competição. Voc~ê podia contar para a gente melhor o que rolou, e como foi aquele momento?

BHELCHI: É, a Desi[rée Beck] já chegou a falar numa entrevista sobre o quanto eu estava gripada. Na verdade, no episódio anterior a esse eu já estava doente, se você assistir bem dá para ver meu nariz vermelho, como eu estava falando fanha... engim, eu estava muito mal mesmo nesses episódios, né? Então, o que aconteceu ali foi isso, eu trabalhei a vida inteira com o corpo, com a dança, e eu sei dos meus limites. Claro que muitas vezes eu não respeitei esses limites, e sei as consequências de fazer isso também. Eu sabia que, naquele episódio, não estava no meu melhor, e era um desafio que eu não ia conseguir lutar de verdade pela classificação. E o mais frustrante é isso? Se teve um desafio que eu não fui bem, mas entreguei o meu melhor, está tudo bem. Eu fiz o que eu podia fazer, e estou tranquila com isso.

Claro que foi muito difícil para mim, para a Adora [Black] e para a Ruby [Nox] ali, eu não queria que nenhuma de nós saísse. Quando as outras meninas me perguntaram, eu falei a verdade: "Olha, a minha única questão é essa: eu não estou bem hoje, eu sei que eu não estou pronta para dar o meu melhor". Eu queria sair de cabeça erguida, dando o meu máximo, me divertindo, dublando. Inclusive, aquela batalha com a Melina [Blley] é completamente diferente na minha cabeça do que na tela, as pessoas falaram que eu mandei bem, mas no dia eu tinha uma imagem muito ruim da performance. Eu sabia que aquilo não era o que eu entregaria numa semana normal.

OMELETE: Bom, aí eu acho que essa questão dos lip-syncs também tem sido pauta da comunidade em torno dessa temporada, né? Os diferentes estilos de lip-sync que tem na competição, e as escolhas que o programa faz. Quem vence, quem perde. Como você vê essa questão? Acha que tem um estilo de lip-sync que é mais preferido dos jurados, alguma coisa assim?

BHELCHI: Ai, gente, que polêmico! Olha, eu acho que, no geral, a competição tem réguas. Não acho que a régua seja a mesma para todas. E acho que vai do gosto pessoal [dos jurados ou dos produtores] a régua que é usada para julgar cada uma. Então, para responder sua pergunta, sim - acho que tem uma questão de gosto ali no meio, do que cada um quer ver, do que cada um espera. E enfim, né, gosto é pessoal. Às vezes todo mundo vai concordar, às vezes não.

OMELETE: Perfeito! Eu queria falar com você dos seus desafios de comédia, porque eu adoro todos - o talk show, o roast da Bruna [Braga], enfim. Na edição dos episódios, isso foi apresentado muito como uma surpresa, uma coisa que nem você apostava tanto. É por aí mesmo? Como foi descobrir essa força sua lá no programa?

BHELCHI: Sim! Eu sou uma pessoa muito imbecil com os meus amigos, quando a gente está junto vão sair piadas, a gente vai falar de besteira e vai dar risada. Mas a apresentação no programa foi para mim uma surpresa enorme. Falando do talk show: eu estava com a Melina e a Mercedez [Vulcão], que são duas pessoas extremamente carismáticas. A Melina é uma comunicadora nata, e até por ela ser muito expressiva e eu estava com muito medo, achando que eu ia sumir no desafio. Eu que falo pouco... ia ser um disparate. Mas a gente se apoiou muito, e foi por isso que o episódio foi tão bom, por conta do apoio que a gente deu uma ali para outra.

Agora, falaando do roast... Eu sempre tive uma certa aversão a essa coisa do shade, sabe? Não é uma coisa que eu gosto de fazer, não é uma coisa eu me sinta confortável fazendo. E isso acontece por conta da construção dentro da comunidade, por conta de como as pessoas usam essas brincadeiras, muitas delas de mau gosto, para destilar o veneno, para se sobressair. Eu não concordo com isso. Quando eu estava começando, tinha algumas coisas que as pessoas falavam para mim que eram chatas, então hoje em dia eu me coloco muito no lugar de ser cautelosa. Eu acho que é uma linha muito fácil de se cruzar, na qual você pode magoar alguém, então eu tenho muito receio.

Mas na série, durante a preparação, a Bruna foi muito gentil com a gente, conversou muito sobre como fazer, como ia aparecer no episódio, deu todas as dicas possíveis. E foi isso, como eu tinha acabado de voltar daquela semana difícil do Lalaparuza, queria muito me validar, fazer uma coisa boa, mostrar mais de mim mesma. Tanto que, enquanto todo mundo estava lá com o papel, na hora eu joguei tudo fora e falei do coração, porque estava muito afim de fazer. Eu gostei sim do resultado, era um episódio que eu estava bem empolgada para assistir - por mais que eu não tenha ganho o desafio, eu estava empolgada para ver. Mas é isso, não digo que seja uma coisa que vocês vão ver a Bhelchi fazendo sempre, porque não acho que seja da minha personalidade, não é algo que eu me sinta 100% confortável fazendo... mas também não digo nunca.

OMELETE: Perfeito! Para fechar aqui, eu quero fazer um bate bola-jogo rápido com alguns termos e momentos marcantes da temporada, também te pedir algumas impressões para a final. Você topa?

BHELCHI: Claro, vamos sim.

OMELETE: Vou começar com uma palavra simples que deve despertar memórias em você: "Shot".

BHELCHI: Ai, eu acho que foi um desafio lindo. Fiquei emocionada aqui, foi lindo como a gente desenvolveu naquele dia. Depois do primeiro episódio, que eu me f*di por não ter tempo na performance, a gente teve muita conversa sobre respeitar o tempo da outra, e ali sim eu mostrei o meu lado professora, de conseguir organizar tudo junto com as outras meninas, de cada uma ser ouvida e conseguir mostrar o seu melhor. Por mais que naquele dia tenham tido as vencedoras, eu acho que todas apresentaram um trabalho muito bom.

OMELETE: E Pirituba, look injustiçado?

BHELCHI: Com certeza, absoluta. Quem respondeu isso foi o povo, não foi nem eu, não foi ninguém. Eu era a menos seguida, e aquela foi a foto mais curtida de todas. Eu amo.

OMELETE: Maya Massafara - por que você escolheu ela [para o Snatch Game]?

BHELCHI: Por conta do consumismo! Eu acho que muita gente não entendeu, mas eu fiz a Maya logo quando o primeiro vídeo dela saiu. É um vídeo em que ela apareceu muito Patrícia, com as compras, com as unhas... não tinha todos esses memes que tem hoje na época que a gente fez o programa. Então, eu foquei muito no primeiro vídeo dela, e muita gente não entendeu... mas foi muito legal fazer.

OMELETE: Vitória Régia foi seu maior triunfo?

BHELCHI: Olha, não é meu look favorito da passarela, e eu acho que até justifica o que eu sempre falo sobre os julgamentos: não é porque a passarela foi ruim que essa ou aquela queen não vai ganhar o episódio. Na minha opinião, aquele não era o melhor look da noite, por mais que ele seja para mim, para a minha trajetória, para a minha história e por tudo que o balé me deu.

OMELETE: Certo. E o sapatinho, hein? Conta pra gente o que aconteceu.

BHELCHI: Esse sapatinho é polêmico! Eu não posso falar tudo, sobre esse sapato, mas ó: que eu tentei mudar, tentei!

OMELETE: Olha só, vamos aguardar. Um dia vai sair essa história completa, hein?

BHELCHI: Um dia sai, um dia vem aí.

OMELETE: Agora, para você, quem foi a Miss Simpatia da temporada?

BHELCHI: Olha, está todo mundo falando que sou eu, então eu vou junto nesse bonde e f*da-se, dessa vez eu não vou dar para ninguém não. [Risos]

OMELETE: E agora uma pergunta difícil, para finalizar. Se você não quiser responder tudo bem, mas eu queria a sua sua opinião honesta. Quem merece vencer o Drag Race Brasil?

BHELCHI: Eu acho que o Drag Race Brasil, como a gente fala, é uma corrida, e é uma corrida em vários aspectos. É sobre quem entrega mais vitórias, mais desafios. A gente não está falando de uma coisa só, a gente está falando de apresentar vários talentos diferentes. No geral, é um elenco de 10 meninas que são todas f*das. Se a gente for parar para falar de todas, aqui, eu vou falar muito bem de cada uma, porque sou fã das, acho que são todas incríveis.  Por outro lado, sa gente for levar em conta um programa em que você tem que mostrar de tudo um pouco, a gente tem que ser justa com isso. No meu caso, não levaram meu track record em conta, né? Fui chutada. Mas eu prefiro levar.

OMELETE: Certo... Obrigado, viu, Bhelchi, foi um prazer conversar com você e parabéns por toda a sua arte e sua trajetória no programa.

BHELCHI: Prazer é todo meu, Caio! Obrigada, obrigada mesmo. Tchau, tchau.

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