A cara que Wilson Fisk (Vincent D’Onofrio) faz ao ouvir que o Demolidor voltou é impagável. O novo prefeito de Nova York parece, acima de tudo, furioso com o que ele sem dúvida irá considerar como a quebra de uma trégua com Matt Murdock (Charlie Cox), mas há também uma dose de adrenalina.
Não que Fisk estivesse, em qualquer momento, 100% livre dos caminhos violentos. Como vimos semana passada, ele sequestrou Adam (Lou Taylor Pucci) e dá ao amante de sua mulher pequenas brechas para fugir que, na verdade, só servem para ele espancá-lo de volta na cela. Mas há uma liberdade em saber que seu rival voltou. Wilson Fisk é um poço de ira e frustração, e não tem ninguém em quem ele goste de descontar isso quanto Matthew Murdock.
Diz muito sobre a teimosia desse menino-adulto que até Buck (Arty Froushan), seu braço direito, questiona se é sábio ir atrás do Homem Sem Medo. Se ele está indo atrás de Muso, um psicopata cuja existência Fisk está desesperado para esconder da cidade, não é mais fácil só deixá-lo resolver esse problema para a prefeitura? A ideia é corretíssima, mas Fisk não quer saber. Ele parece até se convencer de suas mentiras quando diz que o Demolidor arruinou 10 anos de negócios legítimos que ajudavam a classe média e machucou inocentes.
São essas insistências que fazem o cerco se fechar não só em volta dele, mas também com Matt. Cherry (Clark Johnson), o ex-policial que o descobriu no telhado do Josie’s lá trás no primeiro episódio, o confronta nos escritórios da Murdock & McDuffie, e é interessante notar como ele parece, além de frustrado com a promessa quebrada pelo seu colega, preocupado que esse retorno – Matt tem uma boa vida agora. Entendemos perfeitamente por que ele vestiu os chifres e entrou em ação, mas se tem um personagem cujas boas ações são sempre punidas, é Matt.
E, bom, pelo menos Cherry não está tentando matar Matt. A revolta do lado de Fisk leva Luka (Patrick Murney) a planejar a execução do prefeito. O primeiro passo é convencer Vanessa (Ayelet Zurer) a ir contra seu marido, e isso parece funcionar, já que vemos a Rainha do Crime enviando o endereço onde Fisk está jantando sozinho para que Luka cometa o crime. Chegando lá, ele é assassinado por Buck. Era uma armadilha? Vanessa o traiu? A série não comunica muito bem a realidade, mas meu chute é que Vanessa jogou os braços pra cima e deixou as coisas acontecerem. Se Fisk morresse, ela resolvia o drama entre seus capangas. Se Luka morresse, a rebelião acabava. Ainda assim, faltou clareza na direção.
Eventualmente, o capítulo volta para Muso. Não que seja um choque, mas ele é realmente o jovem interpretado por Hunter Doohan perturbado que virou um dos pacientes de Heather (Margarita Levieva). Os dois começaram as consultas, e apesar de Heather acreditar que ele está progredindo, de alguma forma as conversas estão o deixando mais “criativo” com suas mortes e seus murais feitos de sangue, e agora a terapeuta é seu próximo alvo.
Sejamos honestos, isso é um passo a mais do que o necessário. Não só a nova namorada de Matt Murdock é a terapeuta de casal de Wilson e Vanessa Fisk, como também atende, sem saber, o serial killer que ambos Demolidor e Rei do Crime estão caçando? Só falta alguém revelar que ele é o filho perdido de Wilson. Felizmente, isso não acontece. Muso é descoberto como Bastion Cooper, um expert em artes marciais que sofreu a vida toda de distúrbios violentos. Enquanto Fisk é informado disso, Matt retorna ao esconderijo dele.
Investigando a cena, ele não consegue notar que há inúmeros desenhos de Heather porque, bom, ele é cego. Eventualmente, logo antes de ser descoberto e fugir da força-tarefa, Matt encontra um desenho em relevo e reconhece as feições de sua namorada. O Demolidor parte para ação, e o vemos numa situação inusitada: em plena luz do dia. Quando ele chega no consultório de Heather, ela já está em apuros. Muso quer fazer mais uma de suas obras de arte com o sangue da pessoa que, segundo ele, despertou um novo patamar criativo dentro dele.
A luta é ok, mas seu final é genuinamente chocante. Heather mata Muso com a arma que seria usada contra ela, interrompendo a troca de socos dos dois e desmaiando devido ao choque. Matt a estabiliza, e escapa antes da turma de Fisk chegar na cena. Mais tarde, o prefeito convence os policiais a ignorarem a presença do Demolidor na cena e vender para a população a mentira de que foram eles mesmos que pararam Muso, não o vigilante que tantos querem ver voltar.
E assim acaba o arco de Muso na história. Não fazia sentido a série colocá-lo como vilão principal quando há figuras como Fisk ou Benjamin Poindexter estabelecidos na narrativa, mas se a série iria seguir essa direção, ou precisávamos ter visto mais do relacionamento de Bastion e Heather, ou era necessário trabalhar melhor a investigação e busca pelo criminosos. Ele foi descoberto por uma adolescente e morto porque estava se consultando com a namorada do Demolidor. Conveniente é pouco.
Entramos de vez na reta final, agora. Heather está no hospital, e o retorno do Demolidor não é um segredo. É questão de tempo até Fisk e Matt se reencontrarem, e apostamos que não será um momento tão agradável quanto a conversa naquele diner.
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