Séries e TV

Crítica

Você se despede de forma criativa ao colocar o dedo na própria ferida

Série da Netflix encerra história de Joe Goldberg expondo dilemas que ela mesma criou

Omelete
3 min de leitura
24.04.2025, às 18H24.

Joe Goldberg sempre foi um vilão. Desde a estreia de sua primeira temporada, lá em 2018, o protagonista de Você sempre expôs o seu lado mais sombrio, deixando claro que, apesar da voz sedutora do ator Penn Badgley, o personagem era um claro retrato de um homem misógino, inseguro e narcisista. O verdadeiro charme da série, no entanto, era inverter totalmente a impressão do espectador, assim como em títulos como Família Soprano e Breaking Bad, onde a graça é torcer pelo protagonista falho, corrupto, e vê-lo se safar de encarar a justiça. Mas o sucesso de Você fez não só Joe cair nas graças do público, como também fez parte dos fãs abraçarem a suspensão da descrença e o afastando do rótulo de vilão.

Na época, o movimento pró-Joe se tornou tão grande que até Badgley veio a público reforçar o quão contraditória - e absurda - era a romantização do público para com o personagem. Joe sempre foi um serial killer implacável que justificava seus atos macabros com o amor por sua paixão da vez, um homem que se imaginava como um cavaleiro com a missão de proteger a pessoa amada. É notório então que, em sua quinta e última temporada, a série explore esta exata analogia, criada a partir da mente doentia de Joe, para colocar o dedo em sua própria ferida e apontar o dedo para o espectador que ousou defendê-lo.

Ciente da controvérsia existente em cima de sua figura principal, a série usa seus últimos dez episódios para desmistificar a imagem de Joe. Na trama, três anos se passaram desde que ele retornou à Nova Iorque como o marido perfeito de Kate (Charlotte Ritchie). Livre das suspeitas dos assassinatos cometidos em Londres, ele recuperou sua identidade - e seu filho, Henry, que havia sido abandonado com pais adotivos no fim do terceiro ano. Mas uma disputa de poder para assumir o comando da empresa da família Lockwood faz com que Joe retome o seu velho hábito de matar.

Para escancarar a face verdadeira de Joe, a série retorna às origens do “romance” entre público e protagonista. O verdadeiro motor da narrativa de sua última temporada é a justiça por Guinevere Beck (Elizabeth Lail), a primeira musa de Joe e grande vítima da temporada de estreia. A novata Bronte (Madeline Brewer), ex-aluna de Beck e que se torna o novo objeto de desejo do vilão, assume o papel de vingadora para enganá-lo e, com sorte, arrancar uma confissão.

Há uma criatividade interessante na forma que os roteiristas encontraram de amarrar as pontas soltas deixadas por Joe em seu rastro de sangue. Com a formação de seu próprio Vingadores, a série reúne algumas das principais vítimas sobreviventes do assassino para encurralá-lo. Com o cerco se fechando, Joe comete erros que nunca cometeu antes, erros esses que escancaram a sua verdadeira face e expõe todo o seu lado sombrio para o público, da ficção ou não. Algumas das referências são ainda mais claras, como o grupo de homens red pill que o defendem publicamente quando algumas das acusações contra Joe chegam à imprensa.

O final, embora previsível, é competente na forma de desvencilhar a série dos dilemas que ela mesma criou ao romantizar demais Joe Goldberg. Há um claro alinhamento entre toda a equipe criativa de Você de fechar a história de seu protagonista sem deixar margem para qualquer outro tipo de interpretação: Joe nunca mereceu qualquer amor ou empatia. E se ainda existe qualquer resquício disso, talvez o problema esteja em você.

Nota do Crítico
Bom

You (Série)

Criado por: Greg Berlanti e Sera Gamble

Onde assistir:
Oferecido por

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