Vikings - 5ª Temporada

Créditos da imagem: Vikings/History Channel/Divulgação

Séries e TV

Crítica

Vikings - 5ª Temporada

Apesar das boas batalhas, seriado enrola e tenta relembrar do ápice por não saber como continuar sem Ragnar

01.02.2019, às 12H44.
Atualizada em 01.02.2019, ÀS 13H05

Vikings mudou muito desde seus primeiros momentos na televisão. O programa começou com produção simples, dado ao baixo orçamento liberado pelo History Channel, mas sempre cativando o público com boas histórias, personagens interessantes e o embasamento histórico de um povo que nunca teve representações fiéis na mídia. Agora, cinco temporadas depois, o seriado caminha para o fim - e deixa a entender que os pontos mais altos da jornada ficaram no passado.

Com a morte do protagonista Ragnar (Travis Fimmel) vingada, os descendentes do guerreiro retornam para a cidade-portuária de Kattegat para continuar o desenvolvimento de sua civilização nórdica. Cada irmão tem uma abordagem política e estratégica contrária e quando as diferenças começam a falar mais alto, o clã fragmenta-se e entra em guerra. A quinta temporada dedica-se inteiramente ao conflito entre os grupos de Lagertha (Katheryn Winnick) e Ivar, O Desossado (Alex Hogh Andersen) e, fica estagnada nisso.

Por mais que, historicamente, os filhos de Ragnar sejam tão conhecidos quanto ele, o seriado nunca conseguiu desenvolvê-los propriamente: Bjorn (Alexander Ludwig) é o que tem mais personalidade, mas o ritmo da narrativa impede com que ele se consagre como líder, conquistador ou explorador. Um exemplo disso é todo a sua jornada pela África, que toma muitos capítulos da primeira metade mas, efetivamente, não chega a lugar algum.

Isso se repete por toda a temporada: praticamente tudo termina exatamente onde começou, mesmo que a série brinque com a ideia de que fará grandes mudanças. A guerra entre Lagertha e Ivar não ganha resolução, Ubbe (Jordan Patrick Smith) - assim como o bispo Heahmund (Jonathan Rhyes Meyers) - passa por uma crise de fé mas eventualmente retorna para sua religião inicial, Hvitserk (Marco Ilso) troca brevemente de lados na disputa, mas volta para o lado de seus demais irmãos contra o Desossado.

Se a falta de resoluções já não fosse ruim o suficiente, o que torna o quinto ano irritante é justamente o quão lentamente tudo acontece. Enquanto a guerra principal é adiada para a metade e o fim, o seriado dá foco para subtramas desinteressantes, como o romance de Lagertha e Heahmund, Ivar acreditando ser um deus, ou então o culto liderado por Floki (Gustaf Skarsgard), a representação máxima do ritmo engasgado ao mostrar - por 18 dos 20 capítulos - os micro-conflitos da tentativa de aldeia.

Muitos dos problemas desta temporada vêm justamente da péssima caracterização de Ivar. Agora colocado como o antagonista, o personagem sofre por nunca demonstrar sua maldade em larga escala. O jovem é um excelente estrategista de batalhas, mas não vai muito além: ele até ganha o posto de governador tirano, mas a extensão das suas ameaças colocada em contraste com o tão pouco que faz (além de forjar a morte de Lagertha) traz um ar cômico e triste para o vilão. É uma pena pois a atuação de Hogh Andersen é precisa, combinando uma postura ameaçadora com trauma e cinismo, mas as poucas oportunidades de demonstrar essa marra na prática fazem com que Ivar seja só um cão que late muito, mas não morde.

Fazendo Falta

Apesar de sinalizar a intenção muitas vezes, o roteiro do quinto ano não supera a figura de Ragnar Lothbrok. O explorador nórdico ainda serve como motivo das guerras, alianças, acordos e decisões dos personagens. É óbvio que seus feitos trariam consequências que a série deve sim retratar e incorporar ao texto, mas o problema é insistir nos mesmos arcos narrativos que seguiram sua morte, sem criar nada novo. Ter a trama em função de Ragnar mas não tê-lo no programa dá a sensação de sequência não-autorizada, o que por sua vez enfraquece a própria decisão da produção de ter assassinado seu protagonista: se antes parecia uma escolha ousada, agora apenas soa gratuito e apelativo.

Michael Hirst, o criador e roteirista de Vikings, sempre foi um crítico ferrenho da escrita de Game of Thrones. Mesmo com fan services, insistência em núcleos engasgados (como Dorne) e cenas apelativas, é impossível negar que a série da HBO conquistou o mundo por crescer ao longo dos anos, levando os fãs por uma jornada da evolução de Westeros e de seu vasto elenco de personagens em meio à guerra. Durante um tempo, Vikings estava no mesmo caminho - mas, agora, parece que a série caminha para trás: se um dia Ragnar Lothbrok sonhou em conquistar o mundo, e depois unificar os nórdicos com o restante da civilização, agora seus descendentes voltam para as mesmas picuinhas internas, de quem sentará no trono de Kattegat ou qual será o alvo da próxima pilhagem.

É especialmente triste que essa seja a investida final do seriado, já que toda a produção melhorou bastante na construção de batalhas épicas, cenas de luta e estética. Nesse retorno indesejado - tanto das situações como das motivações dos personagens -, o programa tenta induzir o espectador em uma falsa nostalgia que, no fim das contas, só deixa claro como Vikings já teve dias melhores, e relembra que a série tem só mais uma chance (ou 20 episódios inéditos) para surpreender novamente antes de dizer adeus.

Nota do Crítico
Regular
Vikings
Encerrada (2013-2020)
Vikings
Encerrada (2013-2020)

Criado por: Michael Hirst

Duração: 6 temporadas

Onde assistir:
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