Assim como The Office, The Paper requer paciência para te conquistar
Sequência é adorável o bastante para se sustentar com os próprios pés
É válido começar este texto lembrando que nem The Office agradou a todos no começo. Melhor dizendo, quase ninguém. Antes de se tornar um fenômeno, a série protagonizada por Steve Carell, uma releitura do hit britânico criado por Ricky Gervais, quase foi cancelada após a exibição dos seis episódios de sua primeira temporada. O sucesso só começou a surgir a partir do segundo ano, quando Carell havia se tornado astro de comédias como O Virgem de 40 Anos e o público decidiu dar uma chance para o dia a dia dos funcionários da Dunder Mifflin. É desta mesma paciência que The Paper, sequência direta de The Office, precisa de você.
Isso posto, não serão necessárias duas temporadas para que The Paper conquiste o seu espaço. A estranheza no início é normal, afinal, os primeiros minutos nos levam de volta a Scranton, no mesmo prédio onde a Dunder Mifflin funcionava, apenas para nos situar novamente naquele universo antes de nos apresentar ao Toleto Truth Teller, jornal histórico da pequena cidade de Toledo, nos EUA, que se torna o novo objeto de estudo da equipe de documentário que perseguiu Michael Scott e seus colegas por quase uma década.
Na nova história, a equipe do documentário começa a registrar os dias do jornal quando o novo editor-chefe, Ned Sampson (Domhnall Gleeson), assume seu posto com o objetivo de revitalizar o veículo. É quase impossível imaginar que um jornal impresso de uma cidade minúscula consiga recuperar os dias de glória, mas Ned tem o otimismo necessário para incentivar (um pouco) seu staff, que de jornalistas “de verdade” restam poucos.
Para além da presença de Oscar (Oscar Nuñez), único do elenco de The Office que retorna para nova série, The Paper se limita a apenas alguns acenos à antecessora, como a menção a alguns personagens ou pequenas referências. Para uma produção que sonha em sobreviver com os próprios pés, isso se prova um acerto, já que Ned e seus colegas vão, com o tempo, conquistando o seu espaço dentro deste universo.
A comparação, claro, é inevitável. Seja por coincidência ou inspiração, conseguimos ver um pouco de Michael, Jim (John Krasinski), Pam (Jenna Fischer), Dwight (Rainn Wilson) e até Stanley (Leslie David Baker) nos novos personagens. É como se Greg Daniels, criador de ambas as séries, pegasse um pedacinho dos originais e distribuísse entre os novos rostos. Ned tem a inocência de Michael, mas é a extravagante Esmeralda (Sabrina Impacciatore) quem carrega a sua esquisitice. O inconveniente e puxa saco Ken (Tim Key) poderia ser o Dwight da vez, mas também tem um pouco de Andy (Ed Helm). E obviamente a dinâmica entre Ned e Mare (Chelsea Frei) nos lembra (e muito!) a de Jim e Pam no início de The Office.
Mas de The Paper tem bastante a oferecer além das semelhanças. Ao longo dos 10 episódios, Daniels e seu parceiro Michael Koman (Nathan for You) provam ter consciência de que o tipo de humor de The Office precisa ser atualizado para os novos tempos, e é por esse amadurecimento que a nova série consegue ser tão adorável. Os constrangimentos ainda estão ali, mesmo que mais brandos. E quando notamos, já estamos envolvidos com as histórias de Ned, Mare, Esmeralda, Detrick (Melvin Gregg), Nicole (Ramona Young), Adelola (Gbemisola Ikumelo) e companhia.
Entre erros e acertos, The Paper sobrevive à ingrata missão de ressuscitar e continuar o universo de uma das séries mais amadas da história. Com uma segunda temporada já confirmada, resta saber se a nova empreitada da equipe documental terá fôlego o bastante para garantir seu lugar no panteão ao lado de The Office.
The Paper
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