Stargirl chega ao fim em 3ª temporada que fala de redenção e pertencimento
Série da CW se despede com ano inconstante, mas muito divertido
Créditos da imagem: CW/Divulgação
Uma das séries mais otimistas e leves da DC produzidas pela CW, Stargirl se despede do público após três temporadas. Mantendo a inocência colorida da Era de Ouro dos Quadrinhos desde sua estreia, a produção encerra a trajetória de amadurecimento de seus heróis ao mesmo tempo em que narra a redenção de seus principais antagonistas.
Diferentemente dos anos anteriores, Stargirl infelizmente se vê vítima da forma padrão como a CW toca praticamente todas as suas produções. Mesmo com apenas 13 episódios, a terceira e última temporada se arrasta em alguns dramas pessoais desnecessários similares aos que já assombraram Smallville, Supernatural e The Flash. Ao mesmo tempo, arcos inteiros são resolvidos repentinamente, de modo que é impossível dizer com honestidade que os finais felizes de alguns personagens foram merecidos.
Enquanto a personagem titular, vivida por Brec Bassinger, encerra diante dos nossos olhos a jornada que a transformou em uma heroína respeitável, nem todos os seus coadjuvantes têm a mesma sorte. Yolanda (Yvette Monreal) e Rick (Cameron Gellman), por exemplo, passam quase o ano inteiro atrapalhando seus companheiros e, embora aparentem ter crescido entre o primeiro e o último episódio da temporada, essa sensação de evolução só acontece porque os roteiristas ignoram o desenvolvimento que eles tiveram em anos anteriores.
Por outro lado, Mike (Trae Romano) e Jakeem (Alkoya Brunson) enfim deixam de servir apenas como alívios cômicos para ganharem vidas próprias dentro do universo de Stargirl. Ao lado de Cindy (Meg DeLacy), a dupla juvenil amadurece e conquista um espaço próprio na série, que se beneficia com a química entre os dois. A própria relação de Mike com Pat (Luke Wilson) é explorada de forma mais completa na temporada, em uma das poucas tramas secundárias do ano a realmente funcionar.
Se os protagonistas não encantam como em anos anteriores, os (ex-)vilões de Stargirl comandam os melhores momentos da série desde sua estreia. Ao longo da temporada, Tigresa (Joy Osmanski) e Mestre dos Esportes (Neil Hopkins) vão de vizinhos suspeitos a aliados importantes, protagonizando momentos tão bem humorados quanto intensos, de modo que suas cenas finais na série têm um peso emocional gigantesco, especialmente se comparado ao impacto de outros antagonistas como Geada (Neil Jackson) e Jogador (Eric Goins).
Apesar dos altos e baixos do roteiro, Stargirl segue visualmente tão empolgante quanto em anos anteriores. Evocando o cartunesco característico da Era de Ouro, quando a Sociedade da Justiça ainda era o principal supergrupo da DC, a série se mantém clara e colorida mesmo quando isso evidencia seus efeitos visuais de qualidade questionável.
A ação também está mais criativa neste ano de despedida. Usando cenários diversos, que vão dos corredores de um supermercado a instalações de um hospício, Stargirl traz algumas das coreografias mais inventivas que o gênero já levou para a TV. Compreendendo as individualidades de cada herói e vilão ao seu dispôr, a série entrega lutas alucinantes e, às vezes, brutais que recriam toda a empolgação presente nos quadrinhos de super-herói.
Agridoce, a despedida de Stargirl poderia ter sido bem melhor se suas empresas-mãe, Warner e CW, passassem por momentos menos conturbados. Inconstante, esta última temporada pelo menos entrega o entretenimento colorido esperado de boas produções do gênero.