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Séries e TV
Crítica

Empenho de Bruno Gagliasso e Raúl Arévalo não salvam Santo da confusão

Série da Netflix une Brasil e Espanha em trama bem produzida, mas afundada em confusão de gêneros

Omelete
4 min de leitura
HH
20.09.2022, às 10H04.
Atualizada em 25.09.2022, ÀS 11H35
Empenho de Bruno Gagliasso e Raúl Arévalo não salvam Santo da confusão

Créditos da imagem: Manolo Pavon (Divulgação/Netflix)

Quando o fiel espectador que acompanhou Santo chega aos minutos finais do último episódio, ele espera de seu criador Carlos López uma entrega do que foi prometido desde que a trajetória dos protagonistas começou. O enredo da série gira em torno de um segredo primordial: quem é esse homem, esse traficante temido e adorado, dono de uma reputação mística, cujo rosto é desconhecido por absolutamente todos os que estão em sua órbita?

Essa busca pela identidade de um personagem é uma das ferramentas mais eficientes da dramaturgia. Chefes de organizações criminosas são campeões do gênero; e geralmente a revelação tende a priorizar a surpresa e não a coerência. É quase o mesmo que acontece quando acessamos o tão antigo “quem matou”. Nesse tipo de produção, o mistério pode acabar sendo a cilada que rege todo o enredo ou o pano de fundo que justifica a narrativa.

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Curiosamente, distinguir coisas sobre Santo é difícil em todos os setores. Além de ser uma trama que transita entre horror e investigação de uma maneira desorganizada, em muitos momentos é complicado estabelecer se os roteiros nos querem especulando sobre quem é Santo ou se os roteiros nos querem apenas acompanhando de camarote as mazelas de seus protagonistas. Com mistério ou não, uma coisa é certa: a série está interessadíssima em mostrar Bruno Gagliasso e Raúl Arévalo no auge da exploração dramática.

De certa forma, esse não é um objetivo ilegítimo. De fato, boa parte do apelo de Santo está na forma como ela se propaga como uma trama de dor, sofrimento e morte. A linguagem da série é sombria, escura, tensa, cheia de enfoque nos ângulos mais tortuosos da própria história... O que faz com que tudo isso passe a ser problemático é a falta de escopo, de embasamento humano, que nos faça envolver com aquelas pessoas antes que o sofrimento delas nos atinja minimamente. Santo é uma série bem produzida, mas é difícil se importar com ela.

Santo de duas casas...

A ideia de unir Espanha e Brasil numa mesma produção é muito boa. O diretor Vicente Amorim resolve muito a convergência entre as duas línguas; uma vantagem de seu trabalho que deveria se estender até a resolução do enredo, o que, infelizmente, não acontece. As vidas de Ernesto Cardona (Gagliasso) e de Miguel Millan (Arévalo) se cruzam no ponto em que Santo, o misterioso traficante, se torna a única coisa que move ambos para qualquer direção. Pouco importa tudo que eles foram ou são, desde que o passado e o presente envolvam a caça. 

Por trás disso está a evidência maior em torno da série: Cardona e Millan são personagens que já começam a série a 150 quilômetros por hora. Gagliasso e Arévalo estão decididos a lançar mão de todas as ferramentas para fazer desse um trabalho que exale verdade. Contudo, a forma está contra eles. Um dos grandes problemas desse tipo de abordagem é a despreocupação em fazer o drama ser construído calculadamente.

A narrativa é entrecortada. Na Espanha, Millan investiga um crime; no Brasil, é Cardona quem precisa lidar com a morte de um menino, mutilado em circunstâncias estranhas. As duas coisas têm algo em comum: Santo. O espectador não teria problemas em acompanhar essas duas linhas, mas a edição descuidada vai levando a história para várias bifurcações que esvaziam ao invés de substanciar os fatos. A partir do momento que as os protagonistas aparecem péssimos, destruídos, em qualquer linha temporal, o drama real perde seu impacto, e os atores não têm para onde crescer.

Mesmo assim, os episódios são muito bem produzidos. Há um bom uso de luz e maquiagem, uma valorização das sequências de ação, ainda com um toque de brasilidade nas pitadas bem-vindas de Bahia que enriquecem os episódios. Do meio para o final, as perseguições que dão para o produto um rótulo de “série de ação” se transformam em quadros de horror, com muito sangue, vísceras e traços de cunho sobrenatural. Essa transição não deveria ser abrupta (até há elementos onde ela pode se apoiar), mas os problemas de edição são tão fortes que a sensação de desajuste acaba sobressaindo.

No fim das contas, Santo te diz o que você quer saber e ainda prepara ganchos para um segundo ano. O bom gosto de algumas sequências perdoa a falta de apuro em algumas ideias. Santo não merece canonização, mas tampouco está condenada ao inferno. Com uma boa reza, quem sabe ela não encontra salvação? 

Nota do Crítico

Santo

Em andamento (2022- )

Criado por: Carlos López García
Duração: 1 temporada
Onde assistir:
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