Quase perfeita, Paradise faz do apocalipse um problema de família

Créditos da imagem: Disney+/Divulgação

Séries e TV

Crítica

Quase perfeita, Paradise faz do apocalipse um problema de família

Nova série do criador de This Is Us é um thriller político recheado com sentimento

Omelete
3 min de leitura
06.03.2025, às 20H46.

Se existe alguém capaz de criar uma história apocalíptica onde o tema mais importante é a família, esse alguém é Dan Fogelman. O criador de This Is Us já provou em mais de uma oportunidade a sua habilidade para contar histórias sobre amor paternal/maternal/fraternal — e como estas relações ajudam a pavimentar nossos caminhos — sem deixar de lado as grandes reviravoltas que uma boa ficção merece ter. Paradise, nova série de Fogelman no Disney, representa o ápice desse talento.

Na trama de Paradise, o assassinato do presidente norte-americano Cal Bradford (James Marsden) é o estopim para a revelação de que uma catástrofe de proporções globais obrigou uma minúscula parcela da população dos EUA a fugir e se esconder no interior de uma caverna para sobreviver. Este cenário de um mundo pós-apocalíptico poderia ser apenas o plano de fundo para uma história de teorias e conspirações, mas Fogelman não se abstém de trabalhar o drama de seus personagens baseado em laços emocionais.

Essa fórmula pouco ortodoxa foi usada com sucesso em This Is Us, e quem acompanhou a saga da família Pearson facilmente reconhece seus traços em Paradise. Do certinho e honrado agente Xavier Collins (Sterling K. Brown) à pragmática e misteriosa Sinatra (Julianne Nicholson), não importa quais sejam suas ambições ou caráter, suas escolhas são baseadas no emocional, e o que dá mais peso a isso vem do legado familiar — a exemplo do próprio presidente Bradford, que aprendeu sobre ter empatia devido ao péssimo relacionamento com o pai.

Com tanto “sentimento”, Paradise é um thriller político que raramente parece um drama de ficção científica, mesmo que tecnicamente seja. O resultado é um híbrido estranho, embora bastante eficaz. Fogelman une seus dois principais elementos maestria, o que resulta em episódios dignos de Emmy, como o quinto e o sétimo. Não será uma surpresa se o trio Brown, Nicholson e Marsden também receberem indicações, com destaque para o último, que faz Bradford ser amado e odiado na mesma proporção.

Além disso, a força das performances de seus protagonistas contribui muito para vender essa ênfase no íntimo — o luto pela esposa falecida, o trauma pela infância difícil, o medo de perder um filho. Fogelman não se limita a isso e investe no aumento da tensão e urgência, mas a necessidade de acelerar a trama para chegar “logo” às reviravoltas tira um pouco da força de seus impactos, e nem todo núcleo acaba se encaixando nesse trajeto de forma orgânica, principalmente quando envolve os personagens mais jovens.

As pontas soltas deixadas no final abrem uma série de possibilidades para que Paradise abrace ainda mais seu lado científico. Com uma renovação para a segunda temporada já assegurada, fica a dúvida (e a torcida) se Fogelman conseguirá manter o ótimo equilíbrio entre drama familiar e thriller político que fez da produção uma das melhores surpresas de 2025.

Nota do Crítico
Ótimo
Paradise
Paradise
Onde assistir:
Oferecido por

Ao continuar navegando, declaro que estou ciente e concordo com a nossa Política de Privacidade bem como manifesto o consentimento quanto ao fornecimento e tratamento dos dados e cookies para as finalidades ali constantes.