Segunda temporada de Locke & Key (Netflix/Divulgação)

Créditos da imagem: Segunda temporada de Locke & Key (Netflix/Divulgação)

Séries e TV

Crítica

Com vilão complexo, 2ª temporada de Locke and Key aposta em público mais maduro

Série humaniza vilão e traz tom mais maduro em segundo ano mais evoluído

Omelete
3 min de leitura
08.11.2021, às 16H27.

Locke and Key, adaptação para a TV da HQ escrita por Joe Hill e com desenhos de Gabriel Rodriguez, foi uma das grandes apostas da Netflix entre suas produções de fantasia dos últimos anos, ao lado de The Witcher e Umbrella Academy. Retornando para o seu segundo ano, o roteiro evolui, com personagens mais complexos em uma trama mais profunda, mirando um público mais velho que talvez não tenha dado atenção à primeira temporada.

O primeiro acerto da nova temporada começa com a explicação sobre o mistério envolvendo os Locke e as chaves mágicas. Com flashbacks bem feitos durante os episódios — e um bom trabalho em conectar pontas soltas do primeiro ano — a série finalmente fala sobre a criação da primeira chave e a relação da família com a magia. A resolução desse mistério se torna fundamental para o público que tem contato apenas com a trama da Netflix e desconhece toda a dimensão do universo, que ainda tem muito a ser aproveitado. Para além de um papel contextualizador, essas cenas também servem para definir os próximos passos da série, que terá um novo antagonismo em seu terceiro ano.

A trama mostra uma clara evolução quando retorna com um vilão mais complexo, intenso e, dessa vez, com objetivos claros. Na primeira temporada, Dodge (interpretada principalmente pela brasileira Laysla de Oliveira) é responsável por diversas maldades contra os Locke e os guardiões das chaves, mas a série falha em aprofundar suas motivações. Já no segundo ano, permanecendo com a aparência de Gabe (Griffin Gluck), o personagem finalmente explica seus planos e o que deseja com a família. Nesse processo de descoberta e autoconhecimento, o interessante é mostrar que, apesar de ser um demônio, Gabe ainda é capaz de se envolver nos mesmos dilemas de qualquer um. Essa humanização serve como um movimento delicado para aumentar a vilania do antagonista.

A temporada aposta ainda em uma linguagem mais adulta, sem se esquivar de palavrões e cenas de luta mais agressivas, o que dá à história um ar mais maduro, possivelmente para acertar um novo público. Enquanto o começo seguia um tom mais infantil, como no início de Stranger Things, Locke and Key se mostrou um bom entretenimento familiar, mas desfalcada de elementos necessários para abraçar o público teen. Nos novos episódios, no entanto, Tyler (Connor Jessup) e Kinsey (Emilia Jones) ganham mais voz ativa no universo mágico ao lado de Bode (Jackson Robert Scott). Os eventos que envolvem os coadjuvantes, ao redor dos personagens adolescentes, carregam o romance e as problemáticas necessárias para a série dar um passo adiante no seu amadurecimento.

Pelo lado estético, a produção também avança nos efeitos especiais e traz momentos mais ousados envolvendo as novas chaves mágicas que surgem na temporada — além das já conhecidas pelo público. A qualidade das cenas é louvável e merece destaque dentre as demais produções de fantasia da Netflix. Sem pecar pelo excesso, o CGI é inserido em momentos pontuais e precisos, apostando no simples e acertando em cheio.

Em contrapartida, a nova temporada falha em corrigir um erro antigo de Locke and Key, ainda apostando em desfechos fracos para os clímax dos episódios e cenas de ação, uma marca negativa que parece acompanhar a série até o final. Os episódios apresentam suas tramas com coesão e sugerem soluções racionais, mas para que a história não seja resolvida tão rapidamente, uma sequência de acontecimentos improváveis e infantis acaba por atrapalhar o desenvolvimento. Como uma série de fantasia, a carência de explicações poderia ser deixada de lado, mas se a trama se propõe a continuar inserindo sequências como essas, esperava-se, no mínimo, uma manutenção de qualidade.

Locke and Key caminha a passos largos para se tornar uma das séries de fantasia mais relevantes da Netflix, tendo repertório para produzir novas temporadas sem se prender a nenhuma fórmula ou clichê. Mesmo que a trama tenha uma duração já definida, as chances de fechar a história com qualidade são grandes. Com um vilão desumano do passado de volta na vida dos Locke, as possibilidades são muitas.

Nota do Crítico
Ótimo
Locke & Key
Encerrada (2020-2022)
Locke & Key
Encerrada (2020-2022)

Criado por: Carlton Cuse, Meredith Averill e Aron Eli Coleite

Duração: 3 temporadas

Onde assistir:
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