É certo dizer que Invencível já se consolidou como uma das melhores séries de super-heróis dos últimos anos. Poucas produções do gênero sabem trabalhar o crescimento e a evolução de seus personagens com tanto cuidado e densidade como ela, e isso tudo sem abrir mão das lutinhas que tanto agradam os fãs mais tradicionais. Em sua terceira temporada, a produção criada por Robert Kirkman - que também assina a HQ - segue o amadurecimento de Mark Grayson (Steven Yeun) como o principal herói da Terra enquanto ele ainda tenta equilibrar a sua nova realidade como jovem adulto.
Se o segundo ano foi responsável por expandir o universo de Invencível para todos os lados (aventuras cósmicas, viagens no tempo e realidades paralelas), os novos episódios tratam de continuar estabelecendo essa nova escala. No entanto, o que difere a terceira temporada de sua antecessora é a mesma aposta que faz ser ainda melhor.
Indo direto ao ponto desde o primeiro episódio, Kirkman investe no drama de Mark sobre lidar com suas inseguranças após a traição de Nolan (J.K. Simmons). Com a chegada de Oliver (Christian Covery), que por ser de outra espécie alienígena envelhece mais rápido do que os humanos e ressurge já como uma criança perto dos 10 anos, seu senso de responsabilidade se fortalece ainda mais. Isso faz com ele entre em conflito direto com Cecil (Walton Goggins), que até então era o seu principal ponto de auxílio na vida de super-herói e teme que o garoto siga os passos de Nolan quando adquirir seus poderes.
É através da presença de Oliver que Kirkman explora como o legado e a memória de Nolan ainda se mantêm presentes na mente de Mark. No papel de irmão mais velho e referência do garoto, ele tenta garantir que o jovem não siga o mesmo caminho tortuoso da raça alienígena de seu pai, que abusa de seus superpoderes para subjugar outros povos. Essas questões morais circulam vivamente na relação entre os irmãos, e a série evita explorá-las sob um olhar maniqueísta.
Se com grandes poderes vêm grandes responsabilidades, a terceira temporada faz Mark passar por novas provações com foco em seu amadurecimento. Além da criação de Oliver, o protagonista engata uma nova relação com Eve (Gillian Jacobs) e dá início à transição da adolescência para a vida adulta. Por ser um herói falho, o protagonista encara esses desafios com toda a sua humanidade, o que o torna um personagem mais acessível para quem não é tão fã do gênero ou só não engaja em produções como as da Marvel ou DC.
Outro grande mérito do terceiro ano é seguir com a expansão de seu universo sem esquecer do que já foi estabelecido. Coadjuvantes como Rex (Jason Mantzoukas) e Allen (Seth Rogen) voltam a ganhar destaque, e antigas ameaças encaradas por Mark retornam para mostrar que o grande perigo não reside apenas fora da órbita da Terra. Um mestre da narrativa como Robert Kirkman não dá ponto sem nó, e Invencível deixa isso claro a cada novo episódio.
Com material de sobra para continuar a série por muitos anos, Kirkman tem em mãos o poder de estabelecer Invencível como uma das principais séries do gênero da história em meio a um mercado dominado por produções de super-heróis. Se a qualidade do produto continuar em ascensão, o caminho de Mark rumo ao panteão dos ícones do gênero parece estar trilhado.
Criado por: Robert Kirkman