"Boop". Foi esta onomatopeia - e um empurrão penhasco abaixo - que terminou a primeira temporada da série de comédia-dramática Falando a Real (Shrinking), disponível no AppleTV+. Agora, a história de Jimmy (Jason Segel), o terapeuta que afrouxa o filtro da ética e fala para seus pacientes o que acha que eles deveriam fazer com suas vidas, está de volta. E tanto Jimmy como seus pacientes vão ter de lidar com consequências do boop e outras ideias saídas da sua conturbada vida.
Se a primeira temporada tinha como principal tema o luto, o novo ano da série veio para falar de perdão. Jimmy, que estava completamente perdido no início da história, começa a retomar sua vida pessoal após a perda de sua esposa, até que o seu passado literalmente aparece em seu consultório de forma inesperada e chocante (SPOILER), principalmente para os fãs de Ted Lasso. Chocante para alguns, mas sem surpresa para muitos outros, pois dois dos três criadores de Falando a Real eram roteiristas da série sobre o time de futebol de Richmond.
Com a vantagem de ter apresentado todos os personagens principais na primeira temporada, os roteiros dos episódios do segundo ano conseguem não apenas se aprofundar, mas dar mais importância e espaço para seus desenvolvimentos. Quem mais se beneficia disso é o público, que vai se divertir e se emocionar mais com os personagens secundários, que vão ganhando espaço e importância.
Sean (Luke Tennie), o veterano com Transtorno de estresse pós-traumático, é um dos que cresce com uma trama mais elaborada. Além de trocar o terapeuta, ele vai tentar enfrentar alguns fantasmas de seu passado. Tudo isso enquanto começa a trabalhar em um food-truck com Liz (Christa Miller), a vizinha enxerida de Jimmy e sua filha, Alice (Lukita Maxwell). Aliás, é da adolescente um dos momentos mais emocionantes da temporada, no sexto episódio, quando ela relembra de sua mãe e coloca em prática o que aprendeu com ela. Impossível não chorar.
E assim, um a um, os personagens vão empilhando problemas, dilemas e buscando soluções, que nem sempre têm os efeitos necessários. Salpicando humor e drama, o roteiro vai somando ótimas situações e diálogos que discretamente vão apresentando ideias até que você está sentado no sofá rindo com uma citação ao Pernalonga ou o apelido de um vibrador ou segurando uma lágrima que tenta escapar.
O ritmo acelerado com que a série troca locais e personagens pode causar uma certa estranheza em alguém que esteja chegando agora, mas isso não importa e logo é superado. Seja pelo jeito rabugento com que Harrison Ford faz seu Paul, um terapeuta em fim de carreira e enfrentando Parkinson, seja pelo amontado de emoções que a série causa em quem assiste de coração aberto. E estamos falando de muitas emoções. Muito além do Boop que encerrou a primeira temporada.
Criado por: Bill Lawrence, Brett Goldstein e Jason Segel