DMZ

Créditos da imagem: HBO Max/Divulgação

Séries e TV

Crítica

DMZ desperdiça ótima premissa com trama clichê e crítica superficial

Elenco talentoso e direção inspirada não compensam inconsistência do roteiro

Omelete
3 min de leitura
13.05.2022, às 15H52.

Inspirada na elogiada HQ de Brian Wood e Riccardo Burchielli, DMZ chegou muito discretamente à HBO Max em março. Por mais estranha que seja, essa indiferença do público - e da própria plataforma - com a minissérie é mais do que justificada logo em seu primeiro episódio. Lento, inchado e raso demais em suas críticas, o capítulo de estreia serve como prenúncio para a totalidade da série, cujas quatro horas parecem uma eternidade até para os maiores fãs do título da extinta Vertigo.

A série mostra um futuro próximo em que os Estados Unidos passaram por uma segunda guerra civil, dividindo-se em três territórios, os EUA, os ELA (Estados Livres da América) e a ZDM, Zona Desmilitarizada localizada em Manhattan, Nova York, e que serve de divisa entre os dois governos. Oito anos depois de se perder do filho ao deixar a ZDM, Zee (Rosario Dawson) decide retornar à ilha e reconstruir sua vida ao lado do garoto. Lá, ela se vê no meio de um conflito político encabeçado por seu ex, Parco (Benjamin Bratt), e um amigo de infância, Wilson (Hoon Lee), líderes das principais facções que tomaram o poder desse território e que, agora, tentam solidificar seu poder com uma eleição para governador.

A ótima premissa criada por Wood e Burchielli nas páginas segue intrigante nas telas, mas a forma como DMZ a desenvolve é extremamente frustrante. Risivelmente raso em seus argumentos, o roteiro de Roberto Patino ensaia uma crítica social que, apesar de importante, perde qualquer apelo pelas mudanças repentinas de seus principais personagens, cujas personalidades mudam de uma cena para outra sem a menor razão. Em um piscar de olhos, personagens vão de rivais mortais a melhores amigos e assassinos frios passam a se importar com o bem estar de desconhecidos após duas ou três linhas de diálogo.

Outro grande problema de DMZ é o número exagerado de tramas paralelas que nunca são resolvidas. Ao longo de suas quatro horas, a série apresenta personagens demais e se livra deles repentinamente justo quando suas histórias começam a ficar interessantes. Marcel (Keith Douglas), por exemplo, expõe sua origem e suas motivações em uma das cenas mais bonitas da produção, mas desaparece completamente logo depois sem que suas palavras tenham qualquer impacto real na narrativa.

DMZ poderia, aliás, ser resumida à palavra “desperdício”. Mais do que apenas o título e o conceito do gibi, a série desperdiça também o talento de seu elenco principal, responsável por tornar a produção minimamente assistível, e o trabalho competente da direção de Ava DuVernay e Ernest R. Dickerson. Embora elevem de forma considerável o material do roteiro, a equipe fica refém dos diálogos piegas e da falta de foco de Patino, que faz com que os quatro episódios da minissérie se arrastem de forma sofrível.

Paradoxalmente apressada e lenta, DMZ falha tanto como crítica social quanto como produto de entretenimento. Mesmo em seus melhores momentos, a minissérie nunca justifica sua duração exagerada e, dada a oferta incomensurável de conteúdo nos muitos streamings em 2022, tende a cair rapidamente no esquecimento dentro do catálogo da HBO Max.

Nota do Crítico
Ruim
DMZ
Encerrada (2022-2022)
DMZ
Encerrada (2022-2022)

Criado por: Roberto Patino

Duração: 1 temporada

Onde assistir:
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