Cavaleiro da Lua

Créditos da imagem: Marvel Studios/Divulgação

Séries e TV

Crítica

Doideira de Cavaleiro da Lua diverte, mas série peca em ritmo inconstante

Atuações de Oscar Isaac e companhia não conseguem salvar produção da mediocridade

Omelete
4 min de leitura
04.05.2022, às 13H15.

Estrelada por um dos heróis mais desequilibrados e menos conhecidos da Marvel, Cavaleiro da Lua foi anunciada com a promessa de ser a mais louca produção do MCU. De certa forma, a minissérie até cumpriu seu papel, mas não evitou as mesmas armadilhas que já vitimaram outros programas da franquia que chegaram ao Disney+. Assim como WandaVision, Loki e Gavião Arqueiro, a nova sériefoi prejudicada pelo conceito “filme de seis horas” que permeia todas as séries produzidas pelo Marvel Studios para o streaming. Embora, no papel, essa fórmula faça sentido, ela leva a introduções arrastadas e repetitivas, seguidas de conclusões apressadas e problemáticas, cujo sucesso depende mais do carisma do elenco do que da qualidade questionável do roteiro.

A série apresenta o público a Steven (Oscar Isaac), um aparentemente frágil funcionário do British Museum que começa a questionar a realidade à sua volta ao ser envolvido em um confronto entre divindades egípcias e os cultos que as seguem. Perseguido por Arthur Harrow (Ethan Hawke), seguidor da deusa Ammit, ele descobre que sofre com transtorno dissociativo de personalidade e que uma de suas personas, Marc, é um ex-mercenário que aceitou se tornar o avatar do Deus da Lua, Khonshu (F. Murray Abraham). Deste ponto em diante, a minissérie joga o personagem, acompanhado de sua ex-esposa Layla (May Calamawy), em uma aventura à la Indiana Jones que tem como objetivo impedir que Ammit se liberte da prisão imposta a ela por outros deuses e mate milhões de inocentes.

Embora tenha momentos de ação emocionantes, a primeira metade de Cavaleiro da Lua é dominada por uma exposição arrastada que testa a paciência do público. Por mais que uma contextualização seja necessária ao introduzir um novo personagem a uma franquia com mais de uma década de existência, há na série uma racionalização cansativa, que tenta, em vão, transformar os conceitos fantasiosos e místicos da história em algo realista. Os três episódios iniciais são especialmente prejudicados pela obsessão do showrunner Jeremy Slater e sua equipe de explicar cada uma de suas escolhas criativas.

Cavaleiro da Lua peca também no uso de seu principal conceito - o questionamento do que é ou não real na trama. O arco, inspirado na celebrada fase das HQs comandada por Jeff Lemire e Greg Smallwood, é, sem dúvida, a parte mais insana e divertida da série, mas é resolvido de forma apressada em um último episódio anticlimático. A trama, aliás, poderia ter tido um final bem mais coeso e satisfatório se a minissérie se estendesse por um ou dois capítulos.

Não ajuda também o fato de os efeitos visuais da minissérie serem, talvez, os piores da história do MCU. Além de personagens digitais borrachudos, que se encaixariam perfeitamente em séries como The Flash, Cavaleiro da Lua também faz um uso quase amador da tela verde, criando ambientes tão visivelmente falsos que qualquer princípio de imersão criado no público é jogado por água abaixo. A única exceção acontece no terceiro episódio, quando Khonshu e Steven “rebobinam” o céu em alguns milênios, em uma sequência belíssima, mas que faz o público questionar se os outros efeitos da série foram resultado de incompetência ou descaso.

A grande salvação da produção está em seu elenco. Oscar Isaac, por exemplo, vive dois personagens completamente diferentes e consegue criar peculiaridades e personalidades únicas para ambos, de forma que é possível diferenciá-los só pela linguagem corporal usada pelo ator. Ao mesmo tempo, May Calamawy dá a Layla uma sobriedade que, por mais que não compense o ritmo desequilibrado, cria uma dinâmica divertida com os protagonistas interpretados por Isaac.

Elevando o trabalho dos colegas, Ethan Hawke faz de Arthur Harrow um vilão ao mesmo tempo simpático e assustador. Exalando charme, o ator se diverte ao incorporar o cultista, cuja personalidade manipuladora faz dele uma adição bem-vinda à galeria de antagonistas predominantemente sem graça do MCU.

Salva do esquecimento pelo bom trabalho de seu elenco, Cavaleiro da Lua prova que, apesar de boas ideias, o Marvel Studios ainda precisa trabalhar muito sua forma de produzir para a televisão. Alternando lentidão e pressa, a série pelo menos diverte o espectador, mas dificilmente se firmará em sua memória como outros grandes trabalhos do MCU.

Nota do Crítico
Regular
Cavaleiro da Lua
Encerrada (2022-2022)
Cavaleiro da Lua
Encerrada (2022-2022)

Criado por: Jeremy Slater

Duração: 1 temporada

Onde assistir:
Oferecido por

Omelete no Youtube

Confira os destaques desta última semana

Omelete no Youtube

Confira os destaques desta última semana

Ao continuar navegando, declaro que estou ciente e concordo com a nossa Política de Privacidade bem como manifesto o consentimento quanto ao fornecimento e tratamento dos dados e cookies para as finalidades ali constantes.