Black Mirror: Metalhead - 4ª temporada | Crítica
Uma agitada perseguição pós-apocalíptica que não chega muito longe
Por tratar-se de uma antologia, Black Mirror consegue explorar a condição humana em meio à tecnologia sob várias abordagens diferentes. “Metalhead”, o quinto capítulo do quarto ano, aplica esse conceito de forma literal ao mostrar a luta de uma mulher contra máquinas em um mundo pós-apocalíptico.
O episódio começa com três saqueadores parando em um depósito para recolher um pacote de vital importância. Eles então são atacados por uma espécie de cachorro metálico e apenas Bella (Maxine Peake) sobrevive, dando início à uma intensa perseguição. A trama esconde ao máximo seus detalhes, com o espectador descobrindo aos poucos as motivações dos saqueadores e o conteúdo da caixa que lhes causou tanta desgraça.
Com estética preto-e-branco, a forma como a narrativa é conduzida lembra a de filmes de terror e ficção científica das décadas de 1950 onde há um monstro central e um único objetivo: sobreviver. Dessa forma, o foco não fica em tentar tecer um comentário à sociedade moderna, e sim entreter com uma frenética caçada. Considerando o histórico da antologia, isso torna “Metalhead” o capítulo mais simples de Black Mirror - e também esquecível, infelizmente.
Nada no episódio é realmente desenvolvido: Bella não é uma personagem interessante, o visual do cão metálico é genérico e até a revelação do que estava na caixa não causa o choque das perturbadoras reviravoltas de capítulos como “The Entire History of You” ou “Shut Up and Dance”. Talvez até seja possível ver um subtexto que tenta questionar os extremos que os adultos vão para satisfazer e oferecer conforto à crianças, mas a forma como é apresentado mal dá espaço para uma reflexão e, francamente, não tem importância para o aproveitamento da história.
Apesar de apresentar boas cenas, não pegar leve na violência gráfica e ocasionalmente deixar o espectador suando frio, é um episódio pouco memorável. “Metalhead” é uma agitada perseguição pós-apocalíptica que não chega muito longe.