Cena de Coração de Ferro (Reprodução)

Créditos da imagem: Cena de Coração de Ferro (Reprodução)

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Direção dinâmica não compensa história errante de Coração de Ferro

Primeira metade da nova produção do MCU é série a procura de si mesma

Omelete
4 min de leitura
24.06.2025, às 22H00.
Atualizada em 27.06.2025, ÀS 14H39

Coração de Ferro sabe muito bem o que não quer ser. A primeiríssima cena da nova série da Marvel Television, que lançou os seus três capítulos iniciais no Disney+ na noite de hoje (24), mostra a menina-prodígio RiRi Williams (Dominique Thorne) em uma reunião conflituosa com os diretores da MIT, prestigiosa universidade dos EUA onde a jovem tem estudado nos últimos anos através de um programa de bolsas batizado em homenagem a Tony Stark (Robert Downey Jr.), o Homem de Ferro. Em certo ponto do diálogo, um prelúdio à expulsão de RiRi da escola e seu retorno à Chicago natal, o diretor vivido por Jim Rash declara irritadamente que a protagonista de Coração de Ferro é uma péssima estandarte para o legado de Stark.

A diretora Sam Bailey (Cara Gente Branca) não dá grande importância para a fala, preferindo manter o pé no acelerador conforme vai tirando da frente as burocracias típicas de uma produção do MCU, mas a roteirista Chinaka Hodge (Expresso do Amanhã) sabe o que está fazendo aqui. Coração de Ferro não quer que sua RiRi Williams seja o novo Peter Parker (Tom Holland) do Marvel Studios, aprendiz e tutelado de Tony Stark mesmo após a morte do herói em Vingadores: Ultimato. A história dela, nas mãos de Hodge, não será definida pela sombra do Homem de Ferro, tão onipresente no MCU que não é só Peter que parece enclausurado embaixo dela, mas sim a franquia toda.

Daí também vem outro recado, é claro. Se Coração de Ferro - a personagem - não quer ser definida por Tony Stark, então Coração de Ferro - a série - não quer se encaixar em um universo cinematográfico Marvel que cada vez mais aposta em um retorno ao passado para recuperar a glória perdida. Como escrita por Hodge, dirigida por Bailey e produzida por Ryan Coogler (Pantera Negra), a série de RiRi Williams busca explorar novos territórios para a franquia. Faz isso literalmente ao nos apresentar, pela primeira vez, à Chicago (EUA) do MCU, uma cidade retratada com vividez cultural e fotografada em tons de marrom calorosos, inteiramente diversa de Nova York ou qualquer outro cenário da franquia até hoje; e tenta fazer isso figurativamente ao buscar uma nova abordagem para a desgastada história “de origem” de um super-herói.

É aí, infelizmente, que Coração de Ferro começa a vacilar. Ao menos nesses três primeiros episódios, é difícil entender o que Hodge e sua equipe querem ser, em oposição ao que não querem ser. De volta a Chicago, RiRi se vê de volta também a uma dinâmica familiar quebrada, escondendo da mãe (Anji White) o luto por um trauma do passado: a morte do seu padrasto e de sua melhor amiga, Natalie (Lyric Ross), em um incidente de violência urbana. Em busca de financiamento para seus projetos científicos, a protagonista se junta também à gangue do criminoso Capuz (Anthony Ramos), que tem poderes místicos e um plano para assumir controle de várias startups bem-sucedidas, mas de alguma maneira antiéticas, estabelecidas na cidade.

O discurso do vilão para RiRi, sobre como é impossível ser reconhecido pelo seu brilhantismo quando se vêm dos setores marginalizados da sociedade, rima com outros elementos da vida da protagonista que insistem na necessidade aparente de “diminuir” a ela e aos seus sonhos. Coração de Ferro monta assim a história de uma heroína tentando criar a si mesma independente de quais legados precisa ou quer carregar, e se provar como indivíduo para o mundo ao seu redor… mas em um contexto que leva em conta as complexidades de poder do mundo contemporâneo. 

Porque essa é a Marvel, e porque a Marvel é da Disney, não há dúvidas que RiRi vai acabar aprendendo a confiar novamente nas instituições que definem esse poder - e a desconfiar de indivíduos como o Capuz, que buscam subvertê-lo. Ambos os filmes do Pantera Negra, assim como Falcão e o Soldado Invernal e Capitão América: Admirável Mundo Novo, já contaram essa história. O que Coração de Ferro faz é tentar atualizá-la para uma heroína mais jovem, que ainda está à procura de si mesma, e portanto parece mais passível a equívocos de julgamento idealistas ou à sensação estúpida de invencibilidade que define a adolescência.

Mas é difícil engolir essa repetição de chavões quando a série também se mostra tão vociferante em seu desapego ao passado. Afinal, o que veio antes de nós define ou não quem podemos ser? A frustração com Coração de Ferro advém da ambivalência com a qual ela responde (ou evita responder) essa pergunta.

*Os três primeiros episódios de Coração de Ferro já estão disponíveis para streaming no Disney+. Os três episódios finais da série chegam à plataforma na próxima terça-feira (1º), às 22h (horário de Brasília).

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