Better Call Saul

Créditos da imagem: AMC/Divulgação

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Better Call Saul se encaminha para uma das despedidas mais chocantes da TV

Derivado tem entregado uma sequência de surpresas em sua temporada final

Omelete
3 min de leitura
25.05.2022, às 13H47.
Atualizada em 26.05.2022, ÀS 13H57

[Texto contém spoilers da sexta temporada de Better Call Saul]

Better Call Saul é, talvez, uma das melhores séries dramáticas em exibição na TV norte-americana. Acompanhando a transformação de Jimmy McGill (Bob Odenkirk) no advogado trambiqueiro Saul Goodman, o derivado de Breaking Bad fez de uma narrativa aparentemente simples um verdadeiro espetáculo de reviravoltas, surpreendendo e emocionando a cada novo episódio. Embora já se soubesse desde a estreia que quase toda a vida que Saul teve antes de conhecer Walter White (Bryan Cranston) seria “apagada” até o final do seriado, a forma como seus personagens e histórias se desenvolveram até a sexta temporada tem estabelecido a produção como uma das mais chocantes da história.

Sabe-se, desde a primeira temporada, que poucos dos personagens apresentados em Better Call Saul chegariam ao final da série, afinal, eles nunca deram as caras em Breaking Bad. Essa tragédia anunciada, por si só, já cria no público a expectativa sobre quem morrerá e quando. Sabendo dessa tensão crescente, Vince Gilligan e sua equipe transformaram a antecipação do espectador em sua principal arma, de modo que, desde a morte de Chuck (Michael McKean), na terceira temporada, há um alívio agridoce sempre que personagens como Kim (Rhea Seehorn), Nacho (Michael Mando) ou Howard (Patrick Fabian) terminavam um episódio vivos.

O característico ritmo lento de Better Call Saul também engana com maestria quem arrisca adivinhar o final de suas tramas. Quem assistiu ao sétimo episódio do sexto ano, por exemplo, jamais poderia imaginar que o dia frustrante vivido por Howard acabaria com o advogado sendo assassinado a sangue frio por Lalo (Tony Dalton). Construído como se fosse culminar em Howard confrontando Jimmy e Kim, o capítulo se encerra de forma abrupta e chocante, sem proporcionar a grande discussão que vinha prometendo desde o começo da temporada. Este é apenas o exemplo mais recente de como Better Call Saul tem puxado o tapete do público. A série vem, desde 2015, desafiando convenções narrativas ao inserir suas reviravoltas em momentos aparentemente arbitrários, mas que, quando acontecem, atingem o espectador como um soco.

Outra forma da série brincar com a antecipação do público está em como constrói seus momentos mais cômicos. Ao contrário de outras produções dramáticas, que usam piadas esporádicas para aliviar a tensão, Better Call Saul insere uma urgência em cada tirada e golpe, de modo que até a hilária cena da sexta temporada em que Saul aparece com bronzeamento artificial e peruca branca se transforma em uma sequência de suspense.

Nada disso, aliás, é raridade para Better Call Saul. Assim como Breaking Bad, a série esconde reviravoltas - trágicas ou não - em seus momentos mais mundanos, fazendo com que seja impossível imaginar que a produção se despeça de forma tranquila. Ao mesmo tempo, Gilligan e sua equipe já nos ensinaram a nunca confiar em nossas expectativas. É capaz de, prevendo a ansiedade do público por um final trágico, os roteiristas deem a Jimmy, Kim e companhia um desfecho otimista, algo que com certeza chocaria até mais do que qualquer morte de personagem.

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