Anna Torv em The Newsreader (Reprodução)

Créditos da imagem: Anna Torv em The Newsreader (Reprodução)

Séries e TV

Entrevista

The Newsreader é “a antítese de Mindhunter”, diz Anna Torv

Série australiana premiada chegou completa ao Brasil pelo Universal+

Omelete
7 min de leitura
19.07.2025, às 06H00.

Quando Anna Torv assinou o contrato para viver Helen Norville, âncora de telejornal em uma emissora fictícia da Austrália dos anos 1980 na série The Newsreader, ela achou que não seria um trabalho muito difícil - afinal, poucos anos antes, ela já tinha vivido uma jornalista em Secret City, outra série australiana de sucesso. Mas essa impressão passou logo no primeiro dia no set, de acordo com a estrela de Mindhunter e Fringe em entrevista exclusiva ao Omelete.

The Newsreader foi o primeiro trabalho que fiz depois de Mindhunter. Naquela série, a minha personagem Wendy era tão disciplinada, tão estruturada, tão ponderada, que sinto que a Helen se tornou a antítese disso”, brincou Torv. “Quando começamos, na primeira temporada, as primeiras cenas que filmamos foram todas na bancada do jornal, e aquilo era muito intenso. Como atriz, você não tem frequentemente a oportunidade de ser tão exagerada, e isso foi divertido para mim”.

The Newsreader, que venceu uma bagatela de prêmios na Austrália natal e ainda foi indicada ao Emmy Internacional de Melhor Série Dramática, terminou este ano, em sua terceira temporada. Com a chegada da série completa ao Brasil, pelo Universal+, Torv nos conta tudo sobre os bastidores do final em uma entrevista completa, que você pode conferir abaixo!

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OMELETE: Olá, Anna! Sou o Caio, do Omelete, no Brasil. É um prazer conhecê-la.

TORV: Olá! Igualmente.

OMELETE: Estrelar The Newsreader, claro, foi uma jornada de cinco anos para você. Eu me pergunto: a série mudou a forma como você aborda a atuação? E mudou sua percepção sobre o jornalismo?

TORV: Ambas as coisas, para ser justa. As duas. Na frente jornalística, eu fiz uma série há um tempo chamada Secret City [disponível no Brasil pela Netflix], aqui na Austrália, onde interpretei uma jornalista política, mas da mídia impressa. Mas fiz muita pesquisa na época, conversei com várias pessoas diferentes, então achei que não precisaria pesquisar muito de novo para The Newsreader. Quando assinei o contrato para essa série, pensei: ‘Ela é a âncora do jornal, uma apresentadora’. Não a via como uma ‘jornalista de verdade’. Eu sei que isso é estranho, e notei o quão errada eu estava quando me sentei diante do teletrompter - notei como aquilo era difícil. E eles contrataram uma consultora que tinha sido jornalista nos anos 1980, em frente às câmeras. Ela começou a falar sobre o que era preciso para chegar à bancada, ganhar aquele respeito dos colegas e a confiança do público. É muito trabalho duro, você tem que ter integridade jornalística, ter que ter coragem para colocar o microfone na cara de alguém, encontrar as histórias que estão escondidas. Então eu me senti boba, é claro que ela é uma jornalista de verdade. Foi uma grande adaptação para mim, eu achava algo antes de começar, e tudo mudou durante as filmagens da primeira temporada.

Quanto ao meu trabalho de atriz, Helen mudou tudo. Primeiro, The Newsreader foi o primeiro trabalho que fiz depois de Mindhunter. Naquela série, a minha personagem Wendy era tão disciplinada, tão estruturada, tão ponderada, que sinto que a Helen se tornou a antítese disso - um pouco porque eu realmente queria surtar um pouco, mas também porque funcionou para a personagem. Quando começamos, na primeira temporada, as primeiras cenas que filmamos foram todas na bancada do jornal, e aquilo era muito intenso. Acho que começar por ali nos deu um tipo de teto, um nível que sabíamos que poderíamos alcançar, tudo se tornou muito grande. Como atriz, você não tem frequentemente a oportunidade de ser tão exagerada, e isso foi divertido para mim. Não que não seja realista, ou conectado com a realidade - você vê as pessoas em reality shows, por exemplo, e elas são completamente fora de controle na maior parte do tempo. Não sei porque nos contemos tanto quando estamos interpretando.

Enfim, acho que havia uma alegria e uma liberdade na forma como nos permitimos explodir, deixar rolar, confiar que tínhamos construído personagens autênticas internamente, emocionalmente verdadeiras, então tudo que viesse de lá seria autêntico e verdadeiro. Essa foi uma lição realmente linda que a série me ensinou. Acho que eu tinha feito algo assim no teatro, quando era muito jovem, mas não desde então.

OMELETE: Bom, você falou sobre como a Helen é a antítese da Wendy, em alguns aspectos. Mas eu também acho que elas, e outras de suas personagens - a Olivia em Fringe, por exemplo -, compartilham um tipo de impulso profissional muito forte dentro delas, mas também uma turbulência emocional… é uma mistura que as torna muito fáceis de se assistir. Você acha que há um fio conectando essas mulheres?

TORV: Obrigada! Eu acho que muitas protagonistas femininas são escritas desse jeito, mas também há a semelhança entre essas séries - todas elas são dramas de local de trabalho. Você tem o BSU [Unidade de Ciência Comportamental, na sigla em inglês] para Mindhunter, a redação para The Newsreader, e o laboratório para Fringe. Fundamentalmente, essa é a premissa das séries. Você precisa colocar a história em primeiro lugar, acima da personagem. Então eu tento viver naqueles mundos, e também acho que as pessoas querem ver a jornada do herói, querem ver essas mulheres superando algo. Isso torna as coisas universais, porque todo mundo tem suas lutas internas.

Mas sabe, eu acabei de interpretar a minha primeira mãe! Eu sempre era escalada como a mulher solteira, independente, por algum motivo. Recentemente, fui colocada como a mãe de uma pessoa de 20 anos de idade, e foi muito interessante.

Anna Torv e Sam Reid em The Newsreader (Reprodução)
Anna Torv e Sam Reid em The Newsreader (Reprodução)

OMELETE: Perfeito. De volta a The Newsreader, eu me pergunto: quando você soube que a terceira temporada seria o fim? E o que você sentiu quando soube como a história da Helen terminava?

TORV: Todos nós - e eu quero dizer eu, Sam Reid [coprotagonista da série, como o repórter Dale], Michael Lucas [criador da série], Emma Freeman [diretora de todos os episódios], nossos produtores - conversamos sobre isso no final da segunda temporada, e decidimos que tínhamos mais uma dentro de nós. Mas sabíamos que ia ser a última, porque queríamos terminar a série de forma planejada, sem um final em cliffhanger ou algo assim. Sem contar que, para mim, narrativas em formato longo na TV costumam começar a se repetir demais depois da terceira temporada. Tendo decidido isso, ficamos pensando no que fazer com esses personagens, como queríamos mandá-los para o mundo,  o que queríamos dizer. Fomos discutindo cada detalhe.

E quando se trata da jornada de Helen, para mim… desde o início nós sabíamos quais seriam os problemas dela, mas queríamos mergulhar nisso perto do final. Nas duas primeiras temporadas, era curioso ver como descreviam ela como a mulher histérica, difícil de se lidar, uma mala sem alça. Ninguém nunca falava sobre como, talvez, ela estivesse doente. Ninguém falava sobre o dever de cuidar, como isso é jogado para cima dela e varrido para debaixo do tapete. Acho fascinante, porque sei que essa é uma luta que muitos enfrentam na vida real - as pessoas acham que você é difícil de lidar, mas você está doente. No caso de Helen, queria que ela encontrasse uma espécie de paz, e acho que conseguimos fazer isso, certo?

As cenas de terapia nessa terceira temporada foram as minhas preferidas, eu amei desenhar esse arco. Acho que mostramos duas coisas. Primeiro, que para se curar você precisa tomar uma atitude, precisa mudar a si mesmo, e isso pode ser realmente simples, no fim as contas. A terapia comportamental dialética, que Helen faz nessa temporada, é literalmente sobre saber parar e respirar antes de reagir. Ser mais saudável, se exercitar, cortar a bebida. Coisas práticas que você pode fazer. A segunda coisa a entender para quem está no meio desse turbilhão da saúde mental é que, no fim das contas, não importa o que as pessoas pensam. A não ser as pessoas ao seu redor, o seu círculo mais próximo - se eles te entendem, se importam com você e te apoiam, o que o resto interessa? Só as pessoas que estão no seu mundo. 

Eu amo aquela cena final na sala de reuniões, quando todos os homens estão sentados e conversando, e você pensa: o que Helen faria nessa situação, se estivéssemos na primeira temporada? Ela ia reagir, ter aquele grande colapso dramático, ir embora furiosa daquela sala. A Helen da terceira temporada, uma mulher transformada, só respira fundo. Ela simplesmente respira fundo. Ela conhece os seus limites, está confortável na própria pele, e decide que aquilo não é para ela. Ela sabe dizer não. Todo mundo ao redor dela surta, mas ela não. Foi realmente importante para mim ter aquele momento, mostrar para o público que ela vai ficar bem. Como artista, você quer colocar coisas no mundo que possam dar esperança para as pessoas. Há esperança. É simples.

OMELETE: Essa foi uma resposta muito linda, Anna. Obrigado e parabéns pela série!

TORV: Muito, muito obrigada! Tchau, tchau.

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