Jennifer Love-Hewitt em 9-1-1/ Divulgação/ FOX

Créditos da imagem: Jennifer Love-Hewitt em 9-1-1/ Divulgação/ FOX

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9-1-1 retorna cheia de ritmo, mas com fortes mudanças de elenco

Ausência de Connie Britton é compensada com alto valor de produção

26.09.2018, às 12H28.
Atualizada em 26.09.2018, ÀS 13H02

O lançamento da primeira temporada de 9-1-1 não foi cercado de tanta atenção midiática, mas seus números de audiência rapidamente deixaram claro que se tratava de um formato vindouro. Criada por Ryan Murphy, Brad Falchuk e Tim Minnear, a série pseudo-procedural tinha tudo que o americano regular mais ama dentro da própria rotina: histórias sobre outros americanos aparentemente comuns, mas que são heróicos. Casos da semana, salvamentos, correrias, explosões, tudo que dá certo na receita; com o bônus de ter a marca Murphy no planejamento, o que ajudou a série a sair das típicas obviedades do gênero. Uma segunda temporada era certa.

Tão certa que aconteceu no mesmo ano em que estreou. Agora, 9-1-1 pertence ao grupo de lançamentos da fall season e tem a chance de perpetuar seu nome no seleto grupo de produções tutoriadas por Murphy. Seu primeiro ano foi muito bem calculado, com uma apresentação de personagens segura e a boa e velha habilidade do criador de conseguir fazer o público torcer por seus personagens. O elenco de 9-1-1 deu tão certo que a produção da série se viu numa cilada: Connie Britton entrou na série com contrato para apenas um ano (a pedido de Murphy) e seus compromissos não lhe permitiriam um retorno para a segunda temporada. Isso, para uma série estreante que precisa cativar seu público, pode ser bastante arriscado.

Connie viveu aquela que seria o elo de ligação de 9-1-1, uma atendente do serviço de emergência extremamente carismática, devotada à mãe com Alzheimer, hesitante em se apaixonar por um jovem bombeiro viciado em sexo muito mais novo que ela. Abby tinha uma humanidade sedutora para os fãs desse tipo de dramaturgia. Então, ainda que a produção fosse impecável em muitos sentidos, o buraco deixado pela ausência de Abby seria notório. Por todos os dois episódios que foram exibidos seguidamente na estreia do segundo ano, a sensação foi de que algo estava faltando, algo que por mais que muitos esforços fossem feitos, se mostrou necessário para o fortalecimento da relação do espectador com a trama.

New Calls

Para manter o interesse em pauta, mudanças significativas no elenco foram feitas. Jennifer Love-Hewitt foi chamada para ocupar o espaço deixado por Connie. Ela é irmã de Buck (Oliver Stark), está fugindo do marido violento e numa manobra bem forçada do roteiro, se torna iniciante como atendente do serviço de emergência. Há muito pouco dela na estreia, o que é uma boa saída para não chocar a audiência. É bem possível que a personagem conquiste o público no futuro. Por hora, a ideia o episódio passou foi a de que tudo foi feito como se não houvesse outra saída. Abby pode retornar mais tarde (como o próprio Murphy disse), mas, até lá, Jennifer tem um desafio complicado de tornar sua chegada a mais orgânica possível.

Outra adição no elenco é a de Ryan Guzman, que chega vivendo o bonitão Eddie. Num primeiro momento ele rivaliza com Buck, mas depois as coisas se organizam. Seu diferencial é o filho com necessidades especiais, algo que segue a proposta de diversidade típica das obras de Murphy. Eddie começa de maneira discreta e parece haver sobre ele muito mais do que já vimos, algo que pode mudar um pouco a dinâmica do batalhão, que está um pouco estagnada, mesmo depois da ótima iniciativa de juntar Bobby (Peter Krause) e Athena (Angela Basset). Inesperadamente, os casais da série funcionam muito bem.

O mais importante sobre 9-1-1, contudo, é seu ritmo. Assim como aconteceu na primeira temporada, as ações de salvamento são sempre muito enérgicas e priorizam a paisagem de Los Angeles. O valor de produção da série parece ter tido um upgrade e o retorno no novo ano conta até mesmo um terremoto na cidade. Os efeitos são bastante dignos, a edição não fica tentando fugir das limitações e a ideia de vários salvamentos – grandes e pequenos – no mesmo episódio permanece intacta. O que parece ser uma novidade é justamente a tentativa de deixar ganchos abertos para o episódio seguinte. Nos dois já exibidos, grandes ganchos encerraram os episódios, o que funciona muito e ajuda a perpetuar essa ideia de ritmo alucinante pelo qual a série ficou conhecida. Texto, surpresa e ação são as palavras-chave de 9-1-1. São as palavras que impedem que ela caia no lugar comum.

Com mais episódios que na primeira temporada (16 ao todo), 9-1-1 terá os primeiros oito exibidos esse ano e as expectativas são as melhores. Em dado momento do resgate no meio do terremoto, os bombeiros descobrem um assediador de mulheres prestes a cair do prédio. O desfecho da cena deixa claro que essa não será só uma série sobre resgates. Como em tudo que Murphy toca, a ficção é uma desculpa para os extremos da vida. No final das contas, salvar e resgatar são conceitos que transcendem os desastres.

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