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Rock in Rio | As origens de um festival improvável

Como surgiu o evento que colocou o Brasil no mapa do entretenimento mundial

Omelete
3 min de leitura
30.08.2017, às 17H32.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H45

O Rock in Rio que a gente conhece hoje é muito diferente da primeira edição realizada em 1985.  Embora o evento não contasse com palcos dedicados a gêneros musicais diversos e atrações como uma roda gigante e montanha-russa, o tamanho atual do festival não é surpreendente: desde a concepção, o projeto visava ser o maior evento de música do planeta.

No início dos anos 80, nada indicaria que o Brasil seria capaz de suportar algo daquele porte. O país vivia incertezas políticas, transitando da ditadura militar para a democracia, e tinha má fama no exterior por ser um investimento ruim pras bandas gringas; além de histórico de devedor, o Brasil possuía reputação de perder equipamentos de artistas estrangeiros.

Concebido pelo empresário Roberto Medina, o projeto era inegavelmente megalomaníaco, mas a ambição do carioca tinha fundamento: em 1980, o show, também idealizado por ele, do Frank Sinatra no Maracanã entrou para o livro dos recordes por reunir a maior plateia pagante para um evento de um artista musical até então. Mais de 170 mil pessoas foram ao estádio.

Por outro lado, o currículo de Medina não bastava para convencer os artistas de que a ideia daria certo. Com o projeto do Rock in Rio em mãos, Medina azucrinou dezenas de bandas internacionais e recebeu rejeições de todos os lados. No último passo antes de desistir completamente, o empresário resgatou a amizade com Frank Sinatra e contou com a ajuda do agente do cantor, Lee Solters. Foi graças a Lee, que organizou uma coletiva de imprensa em Los Angeles, que o projeto saiu do papel. No dia seguinte à conferência, bandas fizeram fila para participar do festival tão comentado nos jornais.

Ozzy Osbourne foi o primeiro a aceitar a proposta. O seu contrato, aliás, traz uma das cláusulas mais engraçadas para um festival: Ozzy assinou o compromisso de não morder nenhum animal vivo no palco, em referência à famosa história de que o príncipe das trevas mordeu a cabeça de um morcego. Com Ozzy Osbourne confirmado, Medina conseguiu o Queen. Na época, trazer a banda para o Rio de Janeiro era um feitio por si só. Alguns anos antes, em 81, o Queen foi impedido de tocar no Maracanã, que segundo o governador Chagas Freitas era local para eventos de “relevância esportiva, religiosa e cultural”.

Ao fim das negociações, Medina havia angariado as maiores bandas de rock dos anos 80. Além de Ozzy Osbourne e Queen o festival contou com AC/DC, Iron Maiden, Yes, James Taylor, Rod Stewart, e outros. Das nacionais, marcaram presença nomes de todos os estilos: Ney Matogrosso, Ivan Lins, Gilberto Gil, Paralamas do Sucesso, Kid Abelha e por aí vai.  

Com 10 dias de duração e um público de mais de 1.2 milhão (triplo do Woodstock), o RiR de 1985 abriu as portas do Brasil para a música internacional e fez do país uma passagem obrigatória para os maiores artistas. Um dos destaques, o show do Queen, ficou marcado como um dos momentos mais emocionantes, não só para o festival, como também para a banda. Aquele mesmo conjunto proibido na cidade há poucos anos, agora regia um público de quase 200 mil pessoas que tomava conta do vocal de “Love Of My Life” e emocionava Freddie Mercury.

O primeiro a subir no palco no Rock In Rio no dia 11 de Janeiro de 1985 foi Ney Matogrosso, que abriu o histórico evento com a canção “América do Sul”. O hino de despertar é perfeito para embalar o que acontecia ali: a concretização de uma ideia absurda que resultou em uma revolução na indústria musical do Brasil e se mantém em crescimento até hoje fazendo jus ao projeto inicial.

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