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Rock in Rio | Alice Cooper brilha em noite que casou emo e metal com farofa

Scalene estreia bonito no palco Mundo e Fall Out Boy não se estranha com o Def Leppard

Omelete
3 min de leitura
22.09.2017, às 04H59.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H45

O Rock in Rio não teve Lady Gaga, mas no quesito teatro de horror show a edição 2017 do festival ficou muito bem com Alice Cooper no lugar dela. O roqueiro de 69 anos trouxe sua banda, recebeu uma palhinha de Joe Perry (que mais tarde tocaria com o Aerosmith) e fez uma intensa apresentação de Arthur Brown, uma de suas principais referências musicais, em meio a sangue falso, filme B, burlesco e até um pouco de ilusionismo.

Cooper não se destaca hoje pelo alcance vocal, e em "No More Mr. Nice Guy" a parede de guitarras se sobrepõe bastante ao microfone do vocalista, enquanto um coro modesto presente ao menor palco Sunset começava a entender o que Cooper veio fazer no Rock in Rio. A apresentação foi num crescendo, e de repente a previsibilidade de solos de guitarra cheios de marra deu lugar a uma sequência matadora de rock pesado e jogo de cena. Cooper sabe que não pode dar descanso, inclusive se troca uma vez em pleno palco, toca só uma balada em todo o show, e ao emendar hits a partir de "Feed my Frankenstein", culminando numa apoteótica versão de "School's Out", enquanto trazia seus bonecos de circo entre um e outro, o veterano mostrou como se conquista uma audiência.

O show todo de Cooper transcorreu sem populismo, não teve bandeira do Brasil nem declaração de amor, e quando o músico interagiu com o público foi para apresentar sua banda. Cooper apostou que seu teatro pesado daria conta de estabelecer uma conexão com quem esteve presente, e a prova de que ele estava certo foi o encerramento, e o clímax com "School's Out" já é um dos grandes momentos deste Rock in Rio.

No geral, esta quinta-feira foi o dia mais consistente até agora no festival. Antes do Aerosmith, o Def Leppard fez seu metal com dignidade. Mais cedo, depois da energética apresentação do The Kills, o Scalene nao se intimidou e abriu o palco Mundo com segurança. Os brasilienses são uns dos vencedores deste Rock in Rio, tocando material de seu disco recém-lançado e apostando na divulgação. Da mesma forma, o Fall Out Boy veio em seguida disposto a testar suas inéditas, na esperança de que elas pegassem. O baixista Pete Wentz inclusive ressaltou que o disco sai no começo do ano que vem, e a banda tocou três faixas novas em um setlist mais pesado, que de resto passeou bem pelos álbuns anteriores da banda (mas curiosamente não deu tanto espaço ao rock de Save Rock and Roll).

Foi bastante temerário, da parte do festival, colocar os emos para abrir a metaleiros, mas assim como o Scalene, o Fall Out Boy não se acuou. Emendou músicas com rapidez, resgatou faixas mais acessíveis como o cover de "Beat It", e deixou de lado a sofrência para apostar numa apresentação mais enérgica. No fim, foi uma noite de Rock in Rio que teve um pouco de tudo em matéria de rock, do farofa teatral de Alice Cooper e do som de garagem do Kills ao hard rock raiz do Aerosmith. Valeu pelo ecletismo (e por "School's Out", que nem precisava daquele medley com "The Wall" para ser uma coisa de outro mundo).

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