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Uma Curta História do Mercado de Vendas Diretas de HQs nos EUA

Uma Curta História do Mercado de Vendas Diretas de HQs nos EUA

PH
24.01.2001, às 00H00.
Atualizada em 21.09.2014, ÀS 13H11


O sistema de distribuição direta surgiu nos EUA no início nos anos 80 como resposta à crise que atingiu o mercado americano de HQs durante os anos 70. Naquela altura começaram a surgir as primeiras lojas dedicadas à venda de HQs (as famosas Comic Shops). De início, estas apenas distribuiam o mesmo material que era vendido nas bancas e mantinham um estoque de edições antigas para os colecionadores completarem suas coleções. Mas logo as pequenas editoras notaram que elas poderiam servir como pontos de venda exclusivos para o material de menor receptividade (que costumava fracassar rapidamente quando distribuído nas bancas) e passaram a fazer revistas que seriam vendidas exclusivamente nesses lugares (um exemplo clássico é a duradoura série Cerebus de David Sim). Os executivos das grandes editoras (em especial o ambicioso editor-chefe da Marvel Comics na época, Jim Shooter) perceberam que as lojas também poderiam ser os escoadouros do material de menor receptividade das grandes editoras e rapidamente começaram a colocá-los nesses pontos de venda (como a série Cavaleiro da Lua, da Marvel, que falhou nas bancas mas conseguiu uma sobrevida razoável ao ser vendida apenas nas lojas), além de criarem novas séries, com personagens ainda não testados, que seriam distribuídas exclusivamente nas lojas desde o início (a primeira série de uma grande editora publicada dessa forma foi Cristal, outra série da Marvel). Distribuidoras especializadas surgiram, inclusive gigantes como a Diamond e a Capital City.

Ao contrário do sistema de consignação usado nas bancas (tanto as dos EUA como também nas do Brasil), o sistema de venda direta implica, como diz o nome, na venda das HQs diretamente para o lojista. Este, se não conseguir revender o material para os leitores, terá de arcar com o prejuízo dos exemplares não-vendidos (que antes recaía sobre as editoras). Assim, o sistema de venda direta, embora fosse muito mais custo-efetivo para as editoras, poderia onerar seriamente os lojistas. Outro problema deste sistema é que ele é voltado diretamente para aqueles que JÁ SÃO fãs de HQs (as únicas pessoas com coragem o bastante para entrar numa comic shop...). Os leitores ocasionais e potenciais não faziam parte da equação, o que, a longo prazo, impediu a renovação dos leitores de HQs norte-americanos.

A crise do Mercado Direto começou, ironicamente, no momento de maior sucesso deste. No início dos anos 90, impulsionado pelo primeiro filme do Batman e toda a exposição de mídia resultante, o mercado direto chegou ao auge. Infelizmente foi uma euforia de curta duração, pois muitos dos exemplares vendidos na época foram parar nas mãos de especuladores, que pretendiam apenas esperar qe as revistas se valorizassem para depois vendê-las por valores inflacionados como números raros.

Mas quão raro pode ser um exemplar de X-Men (nova série) 1, que vendeu *5 milhões* de cópias nos EUA&qt;& Não muito. E a maior parte das HQs produzidas nessa época (incluindo as primeiras edições das revistas da recém-criada editora Image Comics) nunca chegaram a valorizar muito. Resultado óbvio: Milhares de HQs nas mãos de especuladores que queriam vendê-las de qualquer jeito mas não eram capazes de fazê-lo SEQUER PELO PREÇO EM QUE HAVIAM SIDO COMPRADAS!

Quando os especuladores chegaram então à conclusão (óbvia!) de que é impossível ficar milionário dessa forma, abandonaram rapidamente o mercado de quadrinhos. Restando apenas os leitores habituais. Estes, decepcionados pelos inúmeros eventos do período que haviam mutilado muitos de seus personagens preferidos (lembram da Morte do Super-Homem&qt;& E do Clone do Homem-Aranha&qt;&) e ofendidos pelo desprezo que as grandes editoras estavam dando à qualidade de seus trabalhos (a principal culpada foi a mencionada Image, cujas publicações foram, durante anos, sinônimo de argumentos ruins) já estavam abandonando o hobby. Inúmeras lojas de HQs fecharam e, graças a uma infeliz manobra da Marvel Comics para dominar o que restava do Mercado Direto (e que acabou sendo uma das causas da concordata da, até então, milionária editora), quando a poeira baixou restava apenas a Diamond como única distribuidora do Mercado Direto. Posto que ocupa até hoje.

 

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