Santô e os pais da aviação

30.01.2006, às 00H00.

Atualizada em 02.11.2016, ÀS 10H03

*Santô e os pais da aviação* Spacca (Cia. das Letras)
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Reverenciado por muitos como o Pai da Aviação, o inventor e aeronauta mineiro Alberto Santos-Dumont (1873 - 1932) ganhou sua mais divertida biografia no traço do cartunista Spacca. Dando forma a um antigo projeto, Spacca narra a vida e obra do famoso "Santô" (como era conhecido em Paris), que se tornou uma celebridade em seu tempo.

Com uma juventude de riqueza que lhe proporcionou grandes vantagens e a influência de um pai com forte sentimento empreendedor, Santos-Dumont desenvolveu um espírito destemido. Vivendo grande parte de sua vida em Paris, o brasileiro encontrou uma sociedade em transformação, em que a mais sedutora das fronteiras era o espaço aéreo. Em paralelo às inquietações e esforços do brasileiro em se aventurar pelos céus, diversas passagens mostram outras iniciativas similares, especialmente dos irmãos Wright, considerados os precursores da aviação nos EUA. As competições de vôo, a vida social, as esquisitices, as angústias, as badalações e a fama de Santô são retratados pelo traço dinâmico de Spacca.

Um coadjuvante simpático e importante da história de Santô é o cartunista e caricaturista Sem, cujo trabalho editorial retratava as celebridades da época e era um verdadeiro termômetro social dos ricos e famosos. Fascinado pela excêntrica figura de Santos-Dumont, Sem tornou-se seu amigo e o desenhou diversas vezes, fazendo dele uma figura ainda mais conhecida.

Spacca recorreu a muitas referências históricas e bibliográficas, algumas inéditas, conferindo ao trabalho uma enorme credibilidade. Sábio, o autor mostra que a história pode ter diferentes versões e interpretações. Por isso, o título evoca que há outros pais da aviação, além de Santos-Dumont.

Todo ilustrado com técnicas de desenho clássicas, como o traço feito com bico-de-pena e colorido em tons de cinza com nanquim aguado, o trabalho é um primor de simplicidade e, ao mesmo tempo, sofisticação. A seqüência final, com o último vôo de Santô, é repleta de poesia e simbolismo, fechando um trabalho primoroso. Completam o livro um texto sobre Sem, um mapa ilustrado de Paris, bibliografia, dicas de sites relacionados, cronologia dos inventores e alguns estudos do álbum.

Tradicional colaborador das várias encarnações da revista Níquel Náusea e dos álbuns da série Front, entre outros títulos, Spacca assinou charges na Folha de São Paulo por anos e também possui várias passagens pelo mercado publicitário. Com a caprichada edição de Santô e os Pais da Aviação, o artista levanta vôo com seu melhor trabalho já publicado.