Resenha - Zenith
Resenha - Zenith
Ed. Pandora Books – formato americano
Mini-série em 2 edições – 48 páginas P&B; cada
Quem me conhece sabe que minha opinião sobre o escritor britânico Grant Morrison não é das melhores. Quando suas primeiras histórias na série Homem-Animal foram publicadas no Brasil (na extinta revista DC 2000), elas representavam uma nova e interessante visão dos super-heróis dos quadrinhos e foram merecidos sucessos de crítica e público.
Lamentavelmente, o ego de Morrison parece ter tomado o controle e sua escrita tornou-se pedante a ponto de nenhum de seus trabalhos desde então serem minimamente interessantes. Suas histórias viraram um desfile de personagens egoístas e megalômanos, fazendo citações obscuras e desnecessárias e envolvidos em tramas incoerentes e pouco inspiradas. Vide Kid Eternity, Skrull Kill Krew, Sebastian O, Patrulha do Destino, Os Invisíveis, etc.
OK, eu definitivamente não gosto dos trabalhos recentes de Grant Morrison.
Mas Zenith é um trabalho antigo, feito para a 2000 AD inglesa, um dos primeiros do autor. Feito antes do sucesso subir-lhe à cabeça. Como tal, é uma história despretensiosa (há anos, não se utiliza esta palavra para descrever roteiros de Morrison) e bem feita.
O personagem principal, Zenith, é o único descendente de uma geração de superseres criados pelo governo britânico após a 2ª Guerra. Ele usa o fato de ser o único “super-herói” em atividade para seguir uma carreira de pop star (quão altruísta...). Até que é envolvido em um confronto com um ser de outra dimensão, que possui o corpo de um velho metahumano nazista (!), que pretende invadir a nossa dimensão.
Embora não muito diferente dos trabalhos posteriores de Morrison, a serie mostra qualidade nos detalhes. Ainda que o personagem principal seja tão egomaníaco e escamoso quanto qualquer criação de Morrison (Explica-se. Na introdução, é mencionado que Morrison baseara o personagem em si mesmo...), os coadjuvantes são interessantes e bem desenvolvidos. A trama se desenrola fluída e é de fácil compreensão sem ser óbvia. A arte é a melhor da carreira de Steve Yeowell, que parece estar mais confortável trabalhando na ausência de cores. No geral, um trabalho de alta qualidade que merece atenção.
Um comentário sobre a edição nacional. É o primeiro trabalho da nova Pandora Books (que possui no seu staff nomes como o antigo editor de quadrinhos da Editora Globo Leandro Luigi del Manto), que pretende publicar no Brasil os trabalhos da famosa revista inglesa 2000 AD (já era hora!). Apesar da 2000 AD contar com séries excelentes como Juiz Dredd, Rogue Trooper e Slaine em seu inventário, a Pandora preferiu iniciar suas publicações com este trabalho claramente inferior. Compreendo que existe uma crença de que HQ de super-heróis vende mais que as outras (vide Tex, que faz sucesso no Brasil há mais tempo que qualquer HQ de super-herói...) e que o nome de Grant Morrison possa atrair leitores, mas iniciar a publicação por Juiz Dredd (carro-chefe da 2000 AD) teria sido muito mais interessante.
Outro detalhe da edição nacional são as capas, feitas por artistas nacionais. Nenhuma das duas é particularmente impressionante. Isso pode afastar leitores que vejam a revista à venda na banca mas desistam de comprá-la por conta da arte da capa.
No entanto, NENHUM leitor vai vê-la na banca, pois a revista (e todas as outras futuras publicações da editora, aparentemente) serão vendidas APENAS em lojas especializadas e poucas – muito poucas – bancas de grande porte, tornando efetivamente impossível encontrá-la fora do eixo Rio-São Paulo (e, experiência própria, é dificílimo achá-la na própria cidade do Rio de Janeiro). A única vantagem desse tipo de distribuição é que reduz o encalhe e, conseqüentemente, o prejuízo da editora, mas, por outro lado, faz com que a série passe ao largo de 90% dos leitores em potencial. Há mais de 15 anos, esse método é utilizado nos EUA. E lá ele ajudou a destruir o mercado de HQs. Agora chega ao Brasil!
Última queixa, quer dizer, dúvida. Na página 8 da primeira edição ocorre uma seqüência datada de 23 de junho de 1987, considerando que ela se resolve em outra seqüência (páginas 14-17) datada de 30 de abril de 1987 e a própria história termina na data de 23 de junho de 1987, fica óbvio que algum erro foi cometido. No original ou na edição nacional&qt;& Difícil dizer.
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