Quadrinhos como Arte! E como fica na Internet

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Falando em expansão, como as Hqs não podiam ficar paradas no bonde da modernidade, agora elas enfrentam um problema conceitual similar a outras manifestações artísticas: o computador. A informática agilizou e muito o processo de produção de quadrinhos. Trouxe novidades no campo da colorização e praticamente extinguiu a profissão de letrista.

De qualquer forma, a coisa como um todo deixou de ser o processo quase artesanal que era até então. Hoje, passada a euforia das cores berrantes e excessos de filtros e efeitos na colorização das páginas, a tecnologia impõe um novo desafio, na forma de uma nova mídia que compete com a revista impressa. Talvez, por isso mesmo, a internet seja ponto de discórdia quando o assunto é HQ. Uns a aceitam como a redentora que trará novos horizontes e leitores aos quadrinhos, outros que desvirtua a essência dos mesmos pois, ler uma HQ na tela nunca será o mesmo que ter uma revista nas mãos.

Os defensores dessa nova mídia apostam na possilbilidade de qualquer umagora poder veicular seus trabalhos, criar seu próprio site de quadrinhos e propagá-los por todo o mundo. Virtudes impensáveis até pouco tempo atrás. Hoje, praticamente só fica com seus quadrinhos empoeirando no fundo da gaveta quem quiser. Os mais entusiastas pregam que os quadrinhos de papel estão fadados à extinção. Alguns acreditam que até mesmo o desenho deve ser retrito ao mouse ou às canetas digitalizadoras. Que agora leitores podem trocar informação com um número cada vez maior de pessoas. Que a coisa tende a se popularizar cada vez mais. Que é possível aplicar recursos de animação, criar histórias interativas ou o que mais a rede permitir. Enfim, para eles o único limite é o tecnológico.

Aqueles que ainda olham com desconfiança para a "mídia do momento" lembram que conceitos como diagramação e composição são praticamente abolidos nesse meio. Afinal, há por que o desenhista se preocupar com a página que faz "espelho" com a atual&qt;& Se há equilíbrio na disposição das páginas&qt;& Ou se o "peso" visual é agradável&qt;& E com os "ganchos" que deixam a surpresa do que acontece a cada página virada&qt;& Só para citar alguns "macetes" da arte de criar uma HQ que ficam deslocados ou mesmo obsoletos na tela de um micro. Isso aliado ao fato de que nem todos tem a paciência de ler algo muito extenso diante do monitor. Sagas como Cérebus, Príncipe Valente ou mesmo qualquer Mangá promoveriam tarefas assombrosas... não um prazer.

A maior parte dos recursos interativos disponíveis (hoje em dia) para incrementar os quadrinhos virtuais (efeitos sonoros, balões que somem e aparecem, animação de cenários, música...) na verdade só fazem distanciar os quadrinhos de sua forma e de sua linguagem. Esses "efeitos especiais" nada mais são que um "desenho animado mais tosco". Algo que os antigos desenhos animados com os personagens Marvel faziam com maior maestria e muito menos tecnologia nos anos 60.

Talvez esse tipo de discussão seja puritanismo demasiado, talvez o futuro das HQs esteja mesmo na rede mundial. Talvez não. O fato é que os quadrinhos ainda não acharam sua forma definitiva nesse meio. Até lá muitos experimentos deverão ser feitos e, provavelmente, o resultado venha a ser completamente diferente do hoje imaginado. Mas essas são apenas conjecturas.

De qualquer forma, para que os quadrinhos não queimem ainda mais a sua já tão desgastada imagem, é necessário sempre que (seja no papel ou no monitor) tenha-se em mente o equilíbrio sincero entre texto e imagem. Que se contem boas histórias, bem escritas e ilustradas e, acima de tudo, criativas. Se esses elementos fluírem em harmonia, não há leitor (esporádico ou não) que duvide que quadrinhos sejam arte. Sem falar que teremos sempre bons argumentos para convencer os descrentes.