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HQ/Livros
Entrevista

Omelete Entrevista: Rafael Grampá

O quadrinista gaúcho, ganhador do Eisner Awards, é a mais nova revelação da HQ nacional

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04.09.2008, às 01H00.
Atualizada em 02.11.2016, ÀS 04H10

O cara abre a porta da caçamba de um caminhão cargueiro, estacionado em frente a um bar/lanchonete de beira de estrada. O clima é tenso. Do fundo da caçamba alguma coisa salta e de repente a cabeça do sujeito, decepada, quica no chão até chegar aos pés de outras três pessoas. Que diabo é isso?, exclama um vagabundo, o outro só olha petrificado, e a prostituta mija nas calças.

Numa verdadeira demonstração de habilidade e sanguinolência, "a coisa" se revela um homem com olhar aterrador. Ele cruza o espaço, dando cambalhotas e executando movimentos ágeis, enquanto esfaqueia e dilacera magistralmente pedaços de suas vítimas. Parece a cena de um dos filmes de Quentin Tarantino, mas a seqüência faz parte de Mesmo Delivery, primeiro álbum solo de Rafael Grampá, que foi publicado lá fora em inglês de forma independente e chega ao Brasil no início de setembro, pela editora Desiderata. E o melhor, sai aqui logo depois de ter faturado a importante premiação do Eisner Awards na Comic Con 2008 (Melhor Antologia, ao lado de Gabriel Bá & Fábio Moon, Becky Cloonan e Vasilis Lolos, pela obra 5).

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O Dobro de Cinco

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Aos 30 anos, o quadrinista gaúcho faz HQs com acento cinematográfico, arte que vem dando bons frutos no Brasil e no mundo. A conseqüência desse trabalho é que ele vai estrear no cinema como desenhista de produção de O Dobro de Cinco, adaptação de uma HQ de Lourenço Mutarelli. Além disso, o próprio Mesmo Delivery, também deve pintar em breve nas telonas - a história teve seus direitos vendidos ao produtor Rodrigo Teixeira, de O Cheiro do Ralo. Claramente inspirado em seriados dos anos 70 e seguindo a mesma escola do cineasta Sam Peckinpah, o álbum tem todos os ingredientes para resultar num instigante longa-metragem. A trajetória de um caminhoneiro transportando uma carga misteriosa que não pode ser aberta é narrada com vigor, suspense e ação na medida ideal.

Rafael Grampá é novo, mas persegue a consolidação desde os 12, quando começou estampando camisetas. Aos 14 estava ilustrando livros de auto-ajuda e logotipos para lojas. Trabalhou em produtora de cinema fazendo animação, foi diretor de arte do canal RBS e ganhou indicação da MTV ao VMB pela direção do clipe "As Cores Bonitas", do Bidê ou Balde. A conseqüência disso foi um convite para vir a São Paulo trabalhar no Studio Lobo como designer de animação.

Atualmente, Grampá está focado somente na arte seqüencial. Para ele, o mercado é promissor e, ao lado dos gêmeos Bá & Moon, o gaúcho encabeça uma lista de novos criadores brasileiros, talentosos, que aos poucos começam a despontar. Outros que fazem parte da lista são Rafael Coutinho, filho do Laerte, o paraibano Shiko e o brasiliense Gabriel Góes.

Numa terça-feira chuvosa, fui recebido primeiro pelo cachorro Nanook, pela gata Magrela, e só então por Grampá, em sua casa na Zona Oeste de São Paulo. Acomodado no sofá, observei algumas das HQs ali deixadas: Gus & His Gang (Chris Blain) e I Killed Hitler (Jason). Muito bom! O futuro entrevistado grita lá da cozinha: "Quer beber alguma coisa?". "Água", falei de volta. "Água não tem", replicou ele, "só pros bichos. Mas tem cerveja". Diante da aprazível hospitalidade, só restou apertar o REC do meu gravador e deixar fluir o papo. Sem pergunta de bloquinho nem nada.

E aí, quer dizer então que depois que você ganhou o Eisner Awards a imprensa veio pra cima? (risos)

Ah, cara, é que é um lance inédito, então não tem como não virem atrás.

Em 20 edições, vocês foram os primeiro brasileiros a levar o título...

É. Os Gêmeos já foram indicados antes. Não me lembro se já teve algum outro brasileiro antes deles. Mas acho que é a primeira vez, sim. E é a primeira vez que o título ganhador foi quase um fanzine. Porque é isso de que 5 se trata, quase um zine. E ganhou numa categoria que... Sei lá, a gente fez como amigos. Foi pensando em fazer alguma coisa juntos porque gostávamos de trabalhar um com o outro e não tinha pretensão nenhuma. Não era nada sério, era pra ter alguma coisa pra lançar lá. Porque, a princípio, eu ia lançar a Mesmo, mas daí me convidaram pra fazer O Dobro de Cinco, o filme, e tive que dar um stop na HQ e fiz só a 5 com eles. Por isso que em 2007, no lançamento, não pude ir, tive que ficar aqui. A gente fez pra isso, a gente curte quadrinhos e a publicação é toda em cima disso, nós somos os personagens, a história somos nós fazendo quadrinhos...

Qual o ponto de partida do roteiro?

A gente inventou um dia imaginário em nossas vidas. Começou com os Gêmeos que já tinham combinado com a Becky de fazer alguma coisa juntos. Quando eu decidi que iria lançar algo lá, eles me chamaram: "E aí meu, vamos fazer a parceria?". A gente começou a bolar o lance, fizemos um blog fechado só pra fazermos update e tal, trocar idéias. Seria legal até, agora que ganhamos, liberar o link pra molecada acompanhar o processo. Mas pra isso tenho que falar com todo mundo ainda. Seria legal pra mostrar que as idéias saem mais ou menos assim, pra não ficarem pensando que nos achamos geniais também. Foram muitas idéias, várias coisas ficaram de lado, e não lembro, mas acho que foi a Becky que teve essa idéia do dia imaginário, e de cada um desenhar a vida do outro. E foi fluindo..

Bacana vocês terem ganhado com uma obra que traça, de certa forma, o perfil de cada um...

É, teve um monte de gente que não gostou, que não entendeu. Mas acho que quem pegou a 5 e curtiu foi porque se ligou que foi um trabalho despretensioso. Não tem balão justamente pra que pudéssemos lançar aqui no Brasil, EUA e Grécia. Não queríamos trombar na barreira da língua, ter de fazer um monte de prints, aquela coisa toda. Não tem conceito, fizemos pelo amor aos quadrinhos, quem nos deu o prêmio certamente percebeu isto. Pouco importava no que ia dar e quem ia publicar, entendeu? O que importa em quadrinhos é isso, produzir e botar na rua.

Sim, HQ é um trabalho pra apaixonados mesmo. Porque exige uma entrega muito grande para produzir algo realmente diferente e criativo.

É uma imersão total e é muito solitário. Apesar de a gente ter um monte de amigos que faz, eu passo meses sem ver o Fábio, o Rafa Coutinho, sem ver o Bá. Muito tempo, às vezes, porque ficamos mergulhados no nosso próprio lance. E o legal da premiação é que você encontra todo mundo na Comic-Con e ninguém tá fazendo quadrinho lá na hora! (risos). É muito bom, uma oportunidade pra se encontrar, trocar idéia... Não posso falar muito dos outros porque não conheço tanto artista assim, é pouca gente. Esse lance de se entregar é porque se você quer fazer algo com a sua cara, autoral, vai ter que entrar mesmo na página, na idéia e se dedicar pra caralho. Não sei como é fazer quadrinho de super-herói, que é quase uma indústria. Os caras ralam também, claro, mas não tenho idéia de como deve ser. Só sei que HQ autoral só vira se mergulhar de cabeça. Pra finalizar a Mesmo eu fiquei alguns meses aqui, isolado dentro de casa, o Rafa veio me dar uma mão pra acabar os balões, e era assim, o tempo inteiro, eu não tinha tempo nem pra minha mulher...

Qual a diferença entre produzir literatura e quadrinho?

Na literatura o escritor, quando ele abre, descreve uma cena, deixa muito livre pro leitor as nuances daquele panorama, por mais descritivo que seja. Por isso que você pega versões de diretores baseadas em livro e vê a adaptação e fala, "Nossa, não era nada disso que eu imaginava". No quadrinho tá pronto ali, aquela é a cena. É pontual, não abre precedentes pra imaginação do leitor sobre a ambientação. Então a gente pensa em todos os detalhes. O quadrinho é quase que um filme.

Pra fazer a Mesmo Delivery você trouxe influências de quais cinemas?

Eu gosto muito do Sérgio Leone, quem conhece vai notar. Bebo nas fontes do design, motion graphics, essas coisas me influenciam muito mais do que quadrinho em si. Tem gente que pra criar pega um monte de HQ e sai fazendo. Eu não olhei quadrinho nenhum pra fazer isso aí. Eu defini o traço e fui assistindo filme, lendo um monte de livro, gosto de imaginar o que o cara tá propondo ali na literatura. Para os cenários, catei um monte de imagem do Flickr, Google. Tudo que absorvi trampando desde o início da carreira está aí, uma mistura de estéticas nesse road thriller.

O álbum vai sair agora, logo na esteira da premiação no Eisner Awards, ou seja, uma boa divulgação garantida, sem querer...

Foi um presente! Primeiro quadrinho, já sai com esse pedigree aí... (risos).

Já disseram que os anos 90 foram um borrão para os quadrinhos nacionais. Qual era sua relação com as HQs nesse período?

Nessa época eu abandonei os quadrinhos. Quer dizer, eu lia muito, consumia, mas não criava porra nenhuma. Eu até desenhava, muito. Mas era... Posso até te mostrar uns desenhos... Mas cada desenho tinha um estilo. Eu sempre tive esse problema de encontrar o meu estilo pra fazer quadrinho. Idéia eu sempre tive, referência também, sempre tive uma linha que eu achava que poderia ser desenvolvida, mas nunca estava contente com o meu traço porque sempre acabava parecido com alguma coisa. Não quer dizer que atualmente não se pareça com nada. As pessoas vão olhar e comparar. Mas nunca pensei em misturar influências pra me achar. Saiu naturalmente. E, quando trabalhava na Lobo, eu, junto com um amigo meu que assina Cisma, ficávamos até altas da madruga desenhando e dando o caderno pro outro. Quando vim pra São Paulo fiquei um tempo na casa dele, e aproveitávamos a deixa pra explorar o freestyle, fazíamos uns desenhos... Cheios de elementos, coisas rolando... E foi aí que comecei a descobrir meu próprio traço. Fazendo esses exercícios de freestyle.

Você nunca fez curso de desenho, nada?

Não, nunca. Do freestyle começou a sair um estilo ao qual eu fui me habituando. Descobri um jeito de desenhar personagens do qual eu gostava.

Você percebeu uma inclinação natural e se ligou que aquela era a sua estética, então?

Não sei se foi bem isso, mas acho que foi, talvez, uma certeza na mão de confiar no seu primeiro lampejo de idéia e desenhar com o que você tem ali, entendeu? Antes partia de referências, ali não, era o que saía, não tinha que pensar muito... E isso me ajudou a achar meu estilo. Quando eu chamei o Fábio e o Gabriel pra fazer um trampo na Lobo, ficamos amigos na hora e eles me convidaram pra fazer a Bang-Bang. Quando isso me aconteceu, já estava preparado. E essa foi a minha primeira assinatura em HQ. Foram só quatro páginas, mas aquilo ali pra mim serviu como um... um... "descabaçator", assim (risos).

Nunca pensou em enveredar para a indústria dos super heróis?

Eu gosto pra caralho de super-herói. Tem muita gente que fica dizendo, depois que saiu uma matéria no Globo... Isso eu vi em alguns fóruns e tal, o pessoal acha que a gente não olha... Falando que a gente tinha uma postura "pau no cool". (risos). Porque diziam que a gente odiava super-herói e tal. Isso é mentira. Nós apenas somos uma geração que quer fazer o negócio com suas próprias idéias. E pra entrar nesses esquemões editoriais o cara tem que ter o traço perto de alguma coisa muito padronizada. Pra mim, não dá tesão de fazer.

É muito mais prestigioso quando o artista se sobressai pela sua própria criação, não é? Assim como aconteceu com o Laerte, que atualmente é muito admirado, mas já foi tido por underground.

O Laerte abriu muitos caminhos, ele foi o melhor contador de histórias daquela geração. É um mestre sem igual. A obra dele é inspiradora para o tipo de trabalho que desenvolvemos. E a gente quer divulgar lá fora mesmo, queremos publicar aqui e no resto do mundo. Porque o mercado aqui não te aceita direito. Ou te infantiliza, ou tenta te engrupir de alguma forma, te explorar. Tentando te pagar muito abaixo da média. E tem o outro mercado, onde você pode fazer o que curte, ter suas idéias e ganhar bem, publicar bem e viver a vida. Não é que a gente é estrela, vamos tentar fazer coisa onde tiver espaço, EUA, França, e no Brasil também, do jeito que for possível, desde que haja suporte para o artista.

Qual o papel da Internet nessa história?

Internet é legal, ajuda, mas não tem nada igual a você pegar um tomo de papel na mão e folhear. É um caminho. Tudo pra mim começou a rolar... Tipo, consegui distribuição nos EUA, consegui várias coisas através do blog. Coloquei no ar e começou a acontecer de verdade. A Internet tem esse poder.

Os quadrinhos são o novo rock'n'roll?

Não consigo achar liga nessa idéia. Eu acredito que seja uma visão meio glamurizada, de achar que... Cara, fazer HQ não tem nada a ver com rock'n'roll. Você senta a bunda na cadeira até ficar quadrada, desenha que nem um cachorro pra botar suas idéias no papel e vai fazer o que depois?! Vai numa festa onde terá um milhão de loiras, uma limusine na porta?! Acho que dizem isso porque nos anos 80 todo mundo queria montar banda, hoje tem um monte de gente querendo desenhar. Nesses termos pode até ser, entendeu?! O fato é que as editoras têm lançado muitas publicações de qualidade por aqui, existe demanda pra isso, o mercado tá aí. E muita gente legal, influente, formadora de opinião, entre aspas, tá lendo quadrinho e falando do assunto. O fã de HQ não é mais o nerd babão que fica olhando mulher gostosa nas revistas. Isso porque a produção no mundo inteiro está com um nível muito alto nesse momento. É um lance de geração, a coisa está se renovando. O público adulto hoje tem acesso a uma sorte maior de coisas bacanas. Antigamente no Brasil o negócio era super herói ou humor. Agora temos lá o Fábio Lyra, que tá fazendo Menina Infinito, é outra pegada, um lance meio Nick Hornby, no Rio... Legal pra caramba.

Pois é, um dos primeiros que despontaram foi o Kitagawa...

É verdade, até fico triste que ele não está produzindo mais, cara. Porque ele é um excelente artista, uma referência fodida que tem aqui no Brasil.

Atualmente você só faz HQ, né? Dá pra viver tranqüilo disso no Brasil?

No Brasil, não. Aqui ninguém vai te pagar bem pra isso. Talvez te paguem uma grana legal, mas, até vir outro álbum você não vai conseguir viver só daquele cachê. O que ando fazendo é um lance bem diferente, que, enfim, fechei uns projetos, cobrei bem, e tô conseguindo viver de quadrinhos. Mas não tem nada a ver com editora, tive um pouco de sorte, já nesse meu primeiro álbum vendi os direitos pro cinema, o próximo já tem coisas envolvidas com isso também, tô em negociações. Acho que o quadrinista precisa buscar uma forma de ganhar dinheiro que não seja só ir numa editora, tentar colocar seu projeto lá, pegar o adiantamento e ficar esperando o lucro das vendas. Se for assim, não rola. Vai virar um reclamão. Tem que tentar achar outros contatos. Vai à Internet, vê quem curte, quem quer adaptar pra cinema, ou quem aposta em outras coisas a partir da sua idéia, tem muitas formas de vender sua idéia. E HQ virou uma mina de ouro. Se você faz o negócio bem feito, vai ter muita gente querendo te pagar por isso. É meio por aí.

Existe uma referência-chave para suas narrativas?

Não existe. Meu trabalho é nada senão um liquidificador de referências, um filtro que nem eu sei como funciona. Em tudo que a gente consome existe algo inspirador, por mais que eu não faça coisas parecidas com aquilo que leio. Todos os trabalhos que fiz até hoje culminaram nos quadrinhos. Quando o sujeito ler a Mesmo, vai perceber várias influências de design, coisa de enquadramento de motion graphics. É um background meu, de coisas vividas, foi daí que saiu a originalidade do meu trabalho. Meu traço veio da experimentação. Já fiz desenho de super-herói, já copiei o Laerte quando moleque, várias coisas. O melhor conselho que eu posso dar pra quem tá começando é pegar um papel e uma caneta nanquim, um pincel, e sair desenhando. Desenhar muito. Só assim que sai o próprio traço. O cara vai descobrir coisas ali que não se parecem com nada, e vai exclamar: "É meu!".

Uma coisa curiosa é que muitas vezes o quadrinista autoral cria personagens parecidos com ele. Exemplos são o próprio Laerte, o Angeli, o Marcatti...

Bem, os personagens aí da Mesmo são todos eu. De uma forma distorcida, claro. O caminhoneiro, por exemplo, ele espelha minha insegurança de tentar realizar algo que não sei se vai dar certo. Já o outro sou eu também, um lado mais "dane-se" que tenho... Isso tudo eu percebi só depois. Minha namorada falava, "Pô, tem uma frase aqui que é muito sua!". Minha personalidade está multifacetada ali no meio.

A história veio de onde?

No meu processo criativo eu acumulo muitas idéias. Peguei esse bloco de quando eu era criança, de quando meu pai era gerente de uma transportadora e eu ficava brincando com meu irmão nos caminhões, de espaçonave. Naquela época assisti O Comboio, do Sam Peckinpah. A partir desse dia os caminhões não eram mais espaçonaves, e nós imaginávamos que éramos caminhoneiros. Vivíamos aventuras na estrada e tal. Assistíamos também Além da Imaginação. E eu achava que os comerciais faziam parte do filme. Peguei tudo isso e fiz a Mesmo. Tem páginas aí que remetem à abertura de filme, tem comercial no meio, e ela acaba como se fosse um episódio de Além da Imaginação - que termina, mas dá a deixa pra continuação. É isso. O álbum é o primeiro ato de um filme. Vou continuar o roteiro, com algum parceiro, talvez. Ou não. E o filme do Rodrigo Teixeira vai iniciar com a história do livro. Depois se desenvolve. E na história eu nunca mostro o que tem dentro do container, eu mostro lá dentro, mas a carga não se revela. Só no filme. Esse longa provavelmente não vai ser rodado aqui. A história nem se passa no Brasil, na verdade, o ambiente é uma mistura de Arizona com Cubatão. O papel aceita tudo. As idéias tão saindo muito legais.

Por que se chama Mesmo?

Por causa do elevador. Aqueles dizeres: "Ao entrar, certifique-se de que o mesmo esteja parado neste andar". (risos). Eu vejo aquilo e me pergunto: "Porra, mesmo? Quem será o mesmo?!". (risos). Muito misterioso! Eu queria nome de mistério, por causa da carga misteriosa...

É, realmente, não há nada mais misterioso do que isso (risos)...

E funcionou bem graficamente, daí ficou.

Qual foi o primeiro desenho que você fez na vida?

Foi com três anos de idade, um desenho de palitinho. Eu desenhei um Batman com orelhas gigantes, mostrei pra minha mãe e ela disse: "Olha que bonitinho, um burrinho!". (risos). Nunca mais parei.

Tem algo a acrescentar?

Uma dica pra quem tá querendo trilhar carreira de quadrinista: não trampre só com quadrinhos! Faça ilustração, mexa com barro, design gráfico, animação, tudo que for relacionado com criação gráfica, com arte. Isso tudo vai te influenciar e ajudar a criar algo com a sua cara. Não caia no risco de copiar outros autores. Você pode se tornar um cara frustrado.

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