
Tendo passado mais da metade de sua vida trabalhando com quadrinhos, desde a cena alternativa de Londres até os convites da Dark Horse e Vertigo, o inglês de Wigan, Lancashire, ainda defende histórias experimentais, principalmente as underground, e mantém uma perspectiva bastante pessoal da nona arte.
Às vésperas do lançamento do primeiro volume de As Aventuras de Luther Arkwright, pela editora Via Lettera (veja em breve nossa matéria especial), a obra que o alçou à categoria dos grandes nomes dos quadrinhos, o Omelete conversa com este escritor, desenhista e criador não só sobre suas obras, mas também sobre política, arte, Alan Moore, censura e todo assunto que passa por sua cabeça privilegiada.
:: Senhoras e senhores: Sir Bryan Talbot! :: |
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Há quanto tempo você está nos quadrinhos&qt;&
Vinte e cinco anos. Nos primeiros cinco, trabalhei nos quadrinhos underground ingleses. E sempre é bom lembrar: de graça!
E o que (ou quem) o inspirou a começar&qt;&
Eu estava sempre lendo quadrinhos enquanto crescia, e vinha desenhando-os só de farra desde os oito anos. Depois que acabei a universidade, estava desempregado. Eu era um grande fã dos quadrinhos underground. Então, comecei a escrever e desenhar os meus. Já havia conhecido Lee Harris, dono de uma comics shop e editor ocasional, em Londres. Ele gostou dos meus desenhos e disse que estaria interessado em publicar uma revista minha, o que acabou fazendo. Foi a primeira edição da Brainstorm Comix. Produzimos seis edições. No ano passado, aniversário de 25 anos da revista, ele publicou uma coletânea destas histórias, intitulada Brainstorm!
No que você tem trabalhado&qt;&
Recentemente, eu terminei as anotações para o CD-ROM de Heart of Empire (mais de 60.000 palavras). Estou acabando uma história de quatro páginas sobre vampiros para um álbum de antologias francês e, nesta semana [última semana de setembro], começo a trabalhar numa mini-série em três partes para a DC/Vertigo. Chama-se The Dead Boy Detectives and the Secret of Immortality. É escrita por Ed Brubaker e arte-finalizada por Steve Leialoha. É a primeira história no título spin-off de Sandman que vai substituir The Dreaming [a linha Sandman Presents].
Também estou aprendendo a usar o computador para criar meus trabalhos. Recentemente comprei uma máquina nova: um Mac G4 com mesa digitalizadora, copiadora de CDs etc. Minha primeira peça feita totalmente no computador é a capa de um álbum italiano, Winds of Winter, e acabei de fazer uma ilustração para a camiseta oficial da convenção UncommonCon em Dallas (novembro), onde sou convidado. É um desenho scanneado que pintei no computador.
Não necessariamente relacionado, mas... Você já trabalhou ou pensou em trabalhar com webcomics&qt;&
Não. Não consigo ver graça neles. Gosto do formato das revistas em quadrinhos. São, em si, artefatos bonitos. Porém, já tive uma idéia para um tipo de história “quadrinhesca” na web, onde somente um quadro é colocado por vez na tela. Não sei como se faria dinheiro com isso – as pessoas simplesmente pirateariam cópias. Scott McCloud acha que a Internet é o futuro dos quadrinhos, mas eu discordo pelas razões que citei acima.
< continua >
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