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Morre o roteirista argentino Carlos Trillo

Quadrinista era um dos mais conhecidos de seu país

09.05.2011, às 11H45.
Atualizada em 08.11.2016, ÀS 11H00

A Argentina está de luto mais uma vez. Outro grande artista dos quadrinhos se foi. O roteirista Carlos Trillo, um dos mais conhecidos de seu país, faleceu no dia 8 de maio. Teve uma longa carreira na área, escrevendo seu primeiro roteiro de quadrinhos aos 20 anos, para a revista Patoruzu, de Dante Quinterno, onde permaneceu de 1964 a 1968. Para as Ediciones Garcia Ferré escreveu episódios para séries como La Família Panconara, uma família muy rara, Topo Gigio e El Hada Patricia.

Em 1975 começou a escrever quadrinhos protagonizados por seus próprios personagens. E começou bem: seu parceiro era nada mais, nada medos que o mestre Alberto Breccia. Com o mestre fez Un tal Daneri, publicada na revista Mengano, oito histórias sobre um homem em busca de sentido para sua vida, nas quais bebía das fontes de Jorge Luis Borges.

Clara da Noite

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Carlos Trillo

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Puertitas

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Alvar Mayor

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Borderline

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Teve vários outros parceiros nos quadrinhos. A parceria mais famosa talvez tenha sido a que celebrou com Horacio Altuna (1975-1987) na tira diária El Loco Chavez, que escreveu para o diário Clarín, de Buenos Aires. Mas não parou aí. Dessa colaboração também surgiram outras realizações de destaque: Charlie Moon, Mercheski, Las Puertitas del Señor López, Slot-Machine, El Último Recreo, entre outras. Las Puertitas del Señor López, inclusive, deixou o papel e foi para as telas cinematográficas sob a direção de Alberto Frischerman e ganhou o grande prêmio do Festival Chaplin de Humor, na Suiça.

Com um dos filhos de Alberto Breccia, Enrique, Trillo construiu outra obra prima, Alvar Mayor, na revista Skorpio, que escreveu de 1977 a 1982. Mandrafina desenhou suas Historias Mudas, publicadas em SuperHumor, das Ediciones da la Urraca, El cortosionista; outra obra de Trillo que foi parar no cinema, sob a direção do argentino Juan Campanela; e El Husmeante, Dragger, Cosecha Verde, El Iguana, Spaghetti Brothers e Viejos Canallas. E com Jordi Bernet compôs Custer, Clara de Noche, Light & Bold, Cicca Dum Dum e Ivan Piire.

As mencionadas acima foram talvez as parcerias mais conhecidas. Versátil e altamente produtivo, Carlos Trillo se aliou a muitos desenhistas, com os quais deixou uma obra sólida e uma extensa contribuição à arte gráfica sequencial, bem recebida em seu país e em vários países da Europa. Entre esses colaboradores podem ser destacados Horacio Domingues (Hyter de Flok), Juan Bonillo (Martin Holmes, Sick Bird e Chocolate con Fritas), EduardoRisso (Borderline, Chicanos), Walter Fahres (Yo no me Llamo Wilson), Pedro Penizzotto (Neferu), Laura Scarpa (Come la Vita) e O´Kif (CaZados, atualmente publicado no jornal Clarín) .

Trillo também escreveu varias obras teóricas, como El humor gráfico, El humor escrito e a série El club de la historieta, que publicou na revista Skorpio. Sua obra teórica mais conhecida é o livro Historia de la historieta argentina, publicado pelas Ediciones Record em 1980, em parceria com Guillermo Saccomano.

Além de roteirista e historiador de quadrinhos, Carlos Trillo também atuou como assessor da revista Satiricón (1972-1973), chefe de redação da revista Mengano (1974-1976), como diretor de SuperHUM e como editor de suas próprias publicações, Puertitas e CyberSix.

No Brasil, relativamente pouca coisa de Carlos Trillo foi publicada. A fugaz edição da revista Skorpio, publicada pela Editora Vecchi, lançou Alvar Mayor. Custer e A Bela e a Fera foram publicados na revista Grandes Aventuras Animal, na década de 1990. A Editora Mythos, de São Paulo, publicou Menino-Vampiro, desenhado por Eduardo Risso. Mais recentemente, a editora Zarabatana disponibilizou os álbuns Clara da Noite e Cicca Dum Dum. E pouca coisa mais chegou aos olhos dos brasileiros.

É normal afirmar, em obituários como este, que o biografado deixa um hiato na área que dificilmente será preenchido por outros autores. Muitas vezes, trata- se apenas uma figura de retórica. No caso de Carlos Trillo, no entanto, isso não ocorre. O hiato deixado por seu falecimento é enorme, até mesmo difícil de mensurar.

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