Mohamedou Ould Slahi, autor de Diário de Guantánamo, é solto após 14 anos
Livro de memórias de mauritano publicado em 2015 se transformou em bestseller e conta detalhes sobre polêmico complexo prisional dos EUA
Mohamedou Ould Slahi, autor de Diário de Guantánamo, bestseller internacional sobre seu tempo de prisão no complexo da Baía de Guantánamo, foi solto após 14 anos de cárcere e torturas no centro de detenção norte-americano. A notícia foi dada por Nancy Hollander, advogada de Slahi. O ex-prisioneiro voltou para a Mauritânia, sua terra natal. Em nota divulgada pela União Americana pelas Liberdades Civis, Slahi agradeceu o apoio que recebeu ao longo dos anos.
"Me sinto agradecido e eternamente em dívida para com as pessoas que permaneceram do meu lado. Essa experiência me fez perceber que a bondade não conhece barreiras de nacionais, culturais ou étnicas. Estou muito feliz por poder me reunir com minha família", disse a nota.
Slahi foi preso em 2001, e, durante todo o tempo que permaneceu preso, nunca foi acusado formalmente de um crime. Três anos depois de sua prisão, Slahi deu início a um diário em que conta sua vida antes de desaparecer sob a custódia americana, o processo interminável de interrogatório e seu cotidiano como prisioneiro em Guantánamo. No Brasil, o livro é publicado pela Companhia das Letras.
Localizado na Baía de Guantánamo, em Cuba, a prisão militar é alvo constante de denúncias por diversas instituições de defesa aos direitos humanos. Desde janeiro de 2002, depois dos ataques terroristas de 11 de setembro às Torres Gêmeas, estão encarcerados nesta base prisioneiros - muitos deles afegãos e iraquianos - acusados de ligação aos grupos Taliban e Al-Qaeda. Segundo a Cruz Vermelha Internacional, estes prisioneiros são vítimas de tortura, em desrespeito aos direitos humanos e à convenção de Genebra. Atualmente, 60 prisioneiros estão em Guantánamo.