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Lá Fora

O Free Comic Book Day e outras novidades que rolaram no mercado gringo

27.05.2007, às 23H00.
Atualizada em 07.03.2017, ÀS 15H05

Na coluna "LÁ FORA", o Omelete lê e comenta todos os grandes lançamentos em quadrinhos nos Estados Unidos.

FREE COMIC BOOK DAY

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No último dia 5 de maio, as comic shops dos EUA tiveram mais um "Dia do Gibi Grátis": cada editora de quadrinhos do país produz um gibi, distribuído gratuitamente nas lojas só neste dia. Podem ser histórias novas, previews ou republicações, quem decide é a editora participante. O objetivo é conseguir novos leitores.

Se eu fosse alguém que estava descobrindo o mercado de quadrinhos norte-americano no último dia 5, provavelmente chegaria a duas conclusões: 1) "Nossa, gibis não são todos iguais!" e 2) "Se isso representa mesmo todos os gibis da loja, então vou esperar até o próximo ano pra conseguir mais uns de graça".

As opções não entusiasmam. Das mais de 30, no máximo umas 5 valiam a leitura. Bom mesmo, só Comics Festival, que mostra a nata do quadrinho canadense - Bryan Lee O’Malley, Cameron Stewart, Darwyn Cooke -, mesmo que não sejam os melhores trabalhos deles. E, mais pelo valor histórico, The Unseen Peanuts, uma coleção que a Fantagraphics fez com as tiras menos conhecidas de Charles Schulz, inclusive com comentários sobre o porquê de elas não terem reaparecido nas quase 400 coletâneas de Charlie Brown das últimas décadas.

No resto, tem até coisa parecida com o que a gente vê no quadrinho brasileiro, como a Keenspot Spotlight: muita gente com boa vontade para fazer gibi (como aqui, de graça), mas sem capacidade de apresentar uma idéia nova. Em outras editoras menores, ou os desenhos parecem de criança do maternal ou o roteiro é demente.

Mas se a primeira percepção, a de que existe uma grande variedade de estilos e gêneros de quadrinhos, ficar na cabeça desse novo leitor, já temos uma conquista. Pelo menos pra isso o Free Comic Book Day serve.

SQUADRON SUPREME: HYPERION VS. NIGHTHAWK 4 (de 4)

Marc Guggenheim. Ainda não dá pra dizer "guarde esse nome" porque seu trabalho oscila bastante. Mas se ele seguir na linha do que fez nesta minissérie (com ótimos desenhos de Paul Gulacy), temos mais um bom nome para comemorar nos quadrinhos de super-heróis.

O propósito real de Hyperion vs. Nighthawk era manter os fãs de Esquadrão Supremo entretidos enquanto J.M. Straczynski não entrega novos roteiros para a série (e não está nem aí pro atraso). Guggenheim inventou uma enjambração para equilibrar a luta entre os dois heróis - equivalentes a Superman e Batman -, e colocou de pano de fundo o conflito étnico de Darfur, uma crise real e atual que já significou a morte de 400 mil pessoas na África nos últimos quatro anos.

O escritor explica seu propósito no final da primeira edição: é necessário tornar Darfur uma preocupação mundial, o que não acontece por conta de interesses econômicos que afetam o Conselho de Segurança da ONU. Para ele, as HQs do Esquadrão Supremo são um boa plataforma para levantar o assunto, já que a série tem o tema dos "super-heróis curando as doenças do mundo" desde os anos 80.

Guggenheim vem de uma carreira de roteiros para a TV. Está escrevendo as séries de Flash na DC e de Blade na Marvel. Nesta última, dá ao personagem as melhores histórias que já teve (não que isso fosse uma coisa difícil), com Howard Chaykin nos desenhos. E, por mim, podiam deixar Esquadrão Supremo com ele, já que Straczynski não está nem aí para sua criação.

SENSATIONAL SPIDER-MAN ANNUAL 1

Se ainda não lhe disseram, ouça aqui: todas as três séries do Homem-Aranha nos EUA andam muito ruins. Amazing Spider-Man está indo pelo caminho das "grandes mudanças, grandes choques" no personagem, com roteiros terríveis de J.M. Straczynski (olha ele aí de novo). Friendly Neighborhood e Sensational ficam na obscuridade, esperando Amazing resolver a vida de Peter Parker para poderem contar uma história de verdade.

Por isso, edições que nem este especial são como ouro. Matt Fraction usa a nova situação de identidade pública do Aranha para rever o relacionamento dele com Mary Jane através dos tempos. Os desenhos de Salvador Larroca adaptam-se ao estilo de cada época relembrada, fazendo homenagens aos grandes artistas que passaram pelo Aranha, como John Romita e Ross Andru.

Para os fãs de longa data, a edição é preciosa. Pena que, ultimamente, só se consegue uma boa história do Aranha recorrendo à nostalgia.

UNCANNY X-MEN 486

Ed Brubaker nos X-Men foi certamente uma das decisões mais estranhas da Marvel. Brubaker vem dos quadrinhos independentes, é muito mais dos roteiros dramáticos do que de aventura e fez carreira mainstream com "heróis de rua", como Batman e Capitão América.

Mais estranho ainda foi Brubaker optar por uma aventura espacial - "Ascensão e Queda do Império Shiar" - que tomaria um ano inteiro de Uncanny X-Men. De quebra, só conseguiu um time de terceira de mutantes - Noturno, Rachel Summers, Apache, Destrutor, Polaris e o novo Darwin. A grande turma mutante está dividida entre as três x-séries principais, que não podem repetir personagens.

Com isso, "Ascensão e Queda" é longa demais, simples demais, insignificante demais... Tão genérica quanto todas as x-histórias têm sido, com exceção da Astonishing X-Men de Joss Whedon. Há uma tentativa de tornar a história importante no final, com a morte de um personagem de longa data - mas daqueles que não aparecia há tempos, o que aumenta nossa indiferença. Difícil Brubaker conseguir fazer algo bom aqui.

TALES OF THE UNEXPECTED 8 (de 8)

Esta minissérie ressuscitou o título de uma clássica antologia de terror da DC para, apropriadamente, dar lugar aos personagens de terror que estavam sem casa na editora. Duas histórias por edição: uma principal, com o novo Espectro, e um secundária, com o Dr. 13.

As do Espectro você pode pular tranqüilamente. São uma tentativa de voltar àquelas idéias doidas em que o cara verde-e-branco executava pecadores com tesouras gigantes e essas coisas. Mas não vai longe. David Lapham, o cara que prometia revolucionar os quadrinhos em Stray Bullets, me desaponta mais uma vez.

O legal mesmo é Dr. 13. Treze era um personagem especialista em desbaratar casos envolvendo o sobrenatural ou fenômenos inexplicáveis. Absolutamente cético, ele conseguia explicar tudo por métodos científicos.

Na história de Tales of the Unexpected, Brian Azzarello - escrevendo num estilo bem diferente do que a gente está acostumado em 100 Balas - brinca com o ceticismo do Dr. ao envolvê-lo numa aventura com um homem das cavernas que fala francês, um vampiro, uma visitante do futuro, um pirata com um navio voador, um fantasma, um gorila nazista e uma série de outras figuras-clichês dos quadrinhos.

A história dá voltas até se revelar uma grande piada metalingüística, que merece a leitura. Torça para que a DC reúna os oito capítulos em uma edição separada.

ULTIMATES V2 13

A última edição da série demorou quase seis meses para ficar pronta. E, bom, é só um fechamento bem previsível: a primeira metade uma longa cena de guerra, a segunda metade de recuperação e planos para o futuro da equipe. Ah, e como a série começou com um flashback do Capitão América nos anos 40, encerra também assim.

O segundo volume de Mark Millar e Bryan Hitch é melhor que o primeiro. A relação com a política norte-americana atual fica ainda mais escancarada, incluindo uma ponta de crítica bem sacada à guerra no Iraque. Como no primeiro volume, o desenvolvimento da história é mais interessante que a conclusão - quase três edições inteiras só de guerra caótica, para Hitch gastar os lápis.

Com isso, se encerra um dos quadrinhos mais marcantes desse início de século. Na seqüência, Jeph Loeb e Joe Madureira assumem a equipe - e é muito difícil esperar dessa equipe algo tão impactante quanto Millar e Hitch fizeram.

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