O primo amalucado do Pato Donald está completando quarenta anos.
Criado na década de 1960 no Studio Program da Disney americana - que visava abastecer os mercados latino-americano e europeu com quadrinhos protagonizados por personagens Disney -, Peninha ganhou a simpatia dos leitores, principalmente dos brasileiros e italianos. Por este motivo, a edição deste mês do Almanaque Disney presta uma homenagem à personagem, publicando oito histórias. Duas inéditas foram produzidas na Itália, tendo uma a participação do sobrinho Biquinho. A revista ainda traz textos informativos sobre suas várias faces.
Concebido pelo roteirista Dick Kinney e pelo desenhista Al Hubard, Peninha, inicialmente, possuía cabelo longo, em referência aos integrantes da beat generation, jovens intelectuais que se dedicavam à literatura e à música e tinham uma atitude avançada para a época. No final da década de 1960, outro artista americano, Tony Strobl, desenhou as histórias em que ele e seu primo Donald trabalhavam como repórteres no jornal de Tio Patinhas, A patada.
Na década de 1970, artistas brasileiros desenvolveram outras facetas de Peninha. Pelas mãos de Carlos Edgard Herrero, por exemplo, ele formou uma companhia de teatro (que usava a casa de Donald como palco de suas peças absurdas), tornou-se o Morcego Vermelho (super-herói que satiriza Batman e Superman) e desenha as tiras do caubói Pena Kid.
Irineu Soares Rodrigues, Verci de Mello, Eli Leon e Euclides Miyaura ajudaram a consolidar outras personalidades do pato bagunceiro, como Pena das Selvas, Pena Submarino e o pré-histórico Pena das Cavernas.
A namorada de Peninha, a pata hippie Glória, e o sobrinho travesso Biquinho também foram fruto da imaginação de brasileiros. Além disso, nos anos 1970, a personagem ganhou um manual que tratava de jornalismo e, de setembro de 1982 a outubro de 1984, teve uma revista própria (que durou 56 edições) e mais nove almanaques. Atualmente, seu gibi voltou a ser publicado pela Editora Abril, ao preço de 1 Real.
As confusões do Peninha, atualmente, são elaboradas na Itália - onde, além de bagunçar a vida de Donald, tornou-se ajudante do Capitão Mobidique - e na Dinamarca em histórias no estilo da série Arquivo X, nas quais enfrenta monstros, ao lado do primo.
Mas, qualquer que seja o papel desempenhado, Peninha sempre proporciona alegria aos leitores.
Almanaque Disney 364 tem 132 páginas em cores ao preço de R$ 5,95. A edição, conta, ainda com uma história inédita do Superpateta.
Roberto Elísio dos Santos é pesquisador sênior do Núcleo de Pesquisas de Histórias em Quadrinhos da ECA-USP, jornalista, doutor em Comunicação pela ECA-USP, professor do IMES -Universidade Municipal de São Caetano do Sul e autor do livro Para reler os quadrinhos Disney (Editora Paulinas).