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HQ/Livros
Artigo

HQ: <i>Persépolis</i>

HQ: <i>Persépolis</i>

ÉA
24.05.2005, às 00H00.
Atualizada em 07.11.2016, ÀS 13H00

Os quadrinhos autobiográficos são o gênero que mais representa, hoje, os quadrinhos alternativos, especialmente nos Estados Unidos. Nessa época de (re)descoberta cult de autores como Robert Crumb e Harvey Pekar (American Splendor), parece mesmo que os comix (o apelido dos comics alternativos) são sempre autobiografias.

Claro que não é o caso. Felizmente ainda há gibis de todos os tipos. No entanto, mesmo se todos os quadrinhos fossem autobiográficos, não estaríamos mal. O ato de se revelar perante o público, expor sua história pessoal, mostrar seus pensamentos e sentimentos, é único para cada autor. Cada HQ é diferente da outra - não somente pela história, é óbvio, mas principalmente pela forma de contá-la.

Persépolis é a história de Marjane Satrapi, uma iraniana que viu seu país ser virado do avesso a partir de 1979, com a revolução islâmica. Em questão de meses o Irã entrou numa onda de conservadorismo e repressão que fez o país se fechar para o resto do mundo e empurrou-o, em muitos aspectos, de volta à Idade Média.

Para Marji, a Marjane Satrapi de 10 anos, isto significou ir para uma escola diferente, onde ela não poderia mais aprender francês (uma ameaça aos valores da revolução) e meninos ficavam separados de meninas. Como toda mulher, ela também foi obrigada a usar o véu. Imagine gente na TV dizendo o cabelo das mulheres contém raios que excitam os homens; elas devem escondê-lo! Andar com jaqueta jeans e tênis pelas ruas, como numa das histórias do volume 2, levou Marji a ao rapto e interrogatório por uma patrulha de senhoras apoiadoras da revolução.

Mas isso é detalhe perto do que acontece no resto do país. Os pais de Marji, intelectuais liberais com alguns vínculos com o governo anterior à revolução, começam a perder amigos, que misteriosamente desaparecem. Vizinhos e parentes fogem enquanto podem (o país fecha suas fronteiras em 1981). Com o início da guerra contra o Iraque, em 1980, uma bomba pode repentinamente cair no seu bairro. O terror e a falta de perspectiva tomam conta.

Satrapi começou a publicar suas memórias na França em 2002. Persépolis tem 4 volumes, o segundo dos quais acabou de sair no Brasil pela Companhia das Letras. Na França, a autora tem feito a alegria da crítica com seu novo álbum, Poulet aux Prunes. Nos Estados Unidos, ela e o colega David B. (Epileptic) são os representantes da excelente onda de quadrinhos autobiográficos do outro lado do oceano.

Em meio a toda tristeza da situação do Irã, a biografia de Satrapi é forte ao revelar o que é ser um civil no meio de uma revolução ou de uma guerra. Um boneco que não pode fazer nada, sujeito aos desígnios de governantes que parecem insanos. No clima de terror e incerteza do país, Marji e sua família ainda encontram tempo para rir. São estes momentos, de humor (às vez um tanto nervoso) no meio do caos, que tornam Persépolis imperdível.

Persépolis

Volumes 1 e 2 (de 4).

Marjane Satrapi
Companhia das Letras
80 páginas
R$ 29,00, cada (compre aqui)
Tradução de Paulo Werneck



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