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Finalmente Lobo Solitário chegou ao seu fim

2007: o ano em que os brasileiros leram o fim da saga de Itto Ogami

MF
27.12.2007, às 00H00.
Atualizada em 18.11.2016, ÀS 03H14

Neste ano que está acabando, o Brasil finalmente viu o fim da saga Lobo Solitário (Kozure Okami no original). A famosa série de mangás, que antes de cair nas mãos da Panini Comics sofreu duas tentativas de publicação no Brasil, em 1988 (Cedibra) e 1990 (Sampa), finalmente pôde ser lida na íntegra, em todos os seus 28 volumes.

No dia em que virei a última página, aquela estranha mistura de alegria e tristeza me abateu. Estava feliz por finalmente saber o que acontece na quase eterna disputa entre Itto Ogami, o ronin conhecido como Lobo Solitário, e Retsudô Yagyu, o shinobi disfarçado de braço direito do shogun que traiu o ex-executor do governo e o forçou a viver junto de seu filho Daigoro na Meifumadô, a estrada do inferno.

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Olhando hoje para trás, esqueço dos problemas que a editora teve no início da publicação, com seus atrasos. Todas as edições primam pelo extremo cuidado, que vai das capas à tradução e letras, com um nível praticamente nulo de erros. Se as laterais das edições 5 e 6 têm a mesma imagem, isso em nada diminui todo o carinho com que a obra-prima de Kazuo Koike e Goseki Kojima foi tratada durante dois anos e meio, com ótimos editoriais, um extremamente útil glossário das palavras e expressões originais japonesas que não têm tradução e ainda, quando o espaço permitia, matérias sobre a cultura e história japonesa.

Se o papel era ligeiramente inferior ao da versão estadunidense publicada pela Dark Horse, o benefício de desembolsar apenas R$ 12,90 - em vez dos US$ 9,95 (fora taxas de importação) - falou muito mais alto. Preço de capa, aliás, que se manteve estável durante todo este tempo! A edição brasileira sai na frente da gringa também quando o assunto é tamanho. Os volumes brasileiros se assemelham aos europeus, maiores que os dos Estados Unidos, que mais parecem livros de bolso. E por fim vale destacar a opção nacional por manter a forma original de leitura, sem o espelhamento das páginas, mostrando assim os samurais segurando suas espadas com a mão direita na frente, tal qual se luta até os dias de hoje na arte marcial conhecida como kendô.

A trama é contada sem muitas preocupações cronológicas até que chega a hora do desfecho, um longo clímax que preenche os últimos números. Cada virada de página leva os leitores à época do Japão Feudal e mostra de forma bastante envolvente todas as engrenagens que regiam o país naqueles dias. Das corrupções à manutenção da honra e todos os rituais mais importantes da cultura nipônica são mostrados de forma magistral.

Os desenhos de Goseki Kojima ora são extremamente detalhistas ora mostram apenas o que precisa ser visto, em rabiscos que parecem despretensiosos, mas são precisos como a lâmina de um katana. Toda a ação que uma boa luta deve ter é mostrada em quadros cheios de movimentos e agilidade, que é contrabalanceada com os lindos painéis de duas páginas que serviram de inspiração para um tal Frank Miller criar sua obra-prima Os 300 de Esparta toda em "widescreen".

Não menos afiada é a pena de Kazuo Koike, que consegue transformar em poesia não apenas o bushidô, o código dos samurais, mas também completa o quadro com as palavras sempre certas, sejam elas durante uma cerimônia oriental ou numa tensa batalha que acabará com corpos espalhados pelo solo, mostrando que para ser um bom samurai não basta ser rápido apenas com as armas, é preciso, antes de mais nada, ser muito culto e inteligente.

O fim da publicação, no entanto, não significa o fim da série. Assim como um samurai nunca pára de perseguir o caminho da espada, sempre procurando aprimorar-se em sua arte, é chegada a hora de um recomeço, uma segunda (terceira, quarta...) leitura, que revelerá novas lições do que é viver. Recomecemos, então, nossa caminhada.

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