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Economia, idiomas e o tempo na era de Conan

Economia, idiomas e o tempo na era de Conan

OM
27.05.2002, às 00H00.
Atualizada em 03.02.2017, ÀS 10H01

Oswaldo Magalhães é webmaster do site Crônicas da Ciméria

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doze mil anos, em um período registrado por nossa história como neolítico, quando o Homo sapiens já apresentava certa organização comunitária e linguagem estruturada, talvez tenha existido uma era onde nações bárbaras e reinos civilizados co-existiam em meio ao caos e ao esplendor, à magia e ao poder do aço, ao real e ao inimaginável. Essa era foi chamada de Hiboriana. Lamentavelmente, trata-se de uma ficção, mas nem por isso deixa de exercer sobre nós um fascínio digno de tempos históricos reais.

A Era Hiboriana foi criada pelo texano Robert Ervin Howard. Ele a imaginou e moldou conforme os costumes e acontecimentos que geraram nossa própria história conhecida, canibalizando e amalgamando fatos, nações, nomes e acontecimentos da pré-história e da história antiga e medieval num só ambiente, numa só época; Neste contexto, inseriu a maior personagem que sua mente fértil já concebera: Conan da Ciméria.

Essa pseudo-era serviu como pano de fundo das aventuras do herói bárbaro, e, por ser evidentemente baseada na história da humanidade, ela nos parece tão real.

Conan - oriundo de uma nação bárbara e gélida -, era um aventureiro imenso, de espírito bélico e eloqüente, que se tornou rei do mais poderoso reino ocidental hiboriano, conhecido como Aquilônia.

Sua coroa foi conquistada a sangue e a aço depois de muitas aventuras e batalhas vividas no decorrer de seus primeiros quarenta anos. Durante esse tempo de aventuras, viajou por quase todos os reinos, por nações selvagens e por países desconhecidos, perdidos no tempo e no espaço. Aprendeu quase todos os idiomas conhecidos; fez comércio (embora, via de regra, ilegal) e conheceu a história e os fatos vividos pela maioria dos povos civilizados e bárbaros.

Nos dias em que Conan caminhou sobre a Terra muitas foram as línguas, moedas e datas importantes que se falavam, comercializavam e contavam; e é sobre isso que trata esta série de artigo.

UMA ECONOMIA INTENSA E VARIADA

Naquela época, as grandes nações que dominavam o comércio eram Zíngara e Argos, predominantes no comércio marítimo; e Shem e Koth, mestres no comércio terrestre. As rotas comerciais de Argos e Zíngara estendiam-se até o Sul, na costa de Kush, indo mais além, até Vendhya e Khitai. Os navios mercantes transportavam, principalmente, condimentos exóticos, seda, armas e tapeçarias, embora o transporte de escravos fosse quase uma praxe naquela época. Ao Norte, a rota alongava-se até a terra dos pictos - chegando, às vezes, às terras de Nordheim -, onde era comum a troca de miçangas por penas de aves raras e exóticas, peles de animais e artesanatos rústicos. No entanto, o comércio marítimo às vezes não era tão proveitoso, devido aos incessantes ataques dos piratas da ilha baracha conhecida como Tortage; assim como dos bucaneiros zíngaros, que roubavam em nome do rei. No entanto, tanto barachos quanto bucaneiros não distinguiam a nacionalidade de suas presas, atacando navios de Argos e Zíngara.

Em Shem, a cidade de Akbitana era o principal ponto de convergência e profusão de caravanas, que partiam para cruzar o deserto rumo a Turan, Vendhya, Iranistão e Khitai Ocidental. Outra importante cidade-estado shemita na rota das caravanas era Eruk. As caravanas, apesar de hospitaleiras, partiam sempre bem protegidas e armadas, devido ao grande movimento de zuagires, os saqueadores do deserto.

Há uma teoria de que os hiborianos já conheciam a inflação, porque, quando os zuagires concentravam seus ataques às caravanas, o preço de algumas mercadorias subia. Graças aos saques, cidades na fronteira do deserto como Khauran e Khorajá adquiriram importante papel na proteção de caravanas.

No interior dos reinos hiborianos, o comércio entre Nemédia, Ophir, Koth e Aquilônia era bastante disputado, mas não menos perigoso. A Stygia também tinha um bom comércio com as outras nações, com predominância para a exportação de seda. Ao contrario de seus vizinhos hiborianos, que comercializavam muito mais aço, ornamentos de ouro e prata, assim como legumes, a Stygia também comercializava escravos, advindos dos reinos negros ou não.

Talvez Shadizar - situada na Estrada dos Reis - e Arenjun também servissem como entrepostos comerciais para caravanas turanianas de escravos vindas do leste e do sul. Mas Zamboula - encravada entre um conjunto de oásis no Deserto de Kharamun - foi, sem dúvida, um grande centro comercial, já que servia de afluxo para caravanas de todas as direções.

Na Nemédia, o maior entreposto comercial era a capital Belverus, que possuía uma estrada muito usada por comerciantes, a Estrada dos Reis, que ligava a Nemédia a Tarântia e outras áreas orientais. Essa estrada era a maior rota de comércio da época e ligava os grandes reinos hiborianos, desde Khitai até Messântia, a capital de Argos. Messântia possuía um dos maiores portos marítimos da Era Hiboriana, além de ser o ponto terminal das rotas de comércio vindas da Aquilônia, Koth, Shem, Zíngara e do interior. A capital da Aquilônia, Tarântia, talvez tenha sido o maior centro comercial entre as nações hiborianas, encontrando grande rival apenas em Aghrapur, a capital turaniana.

No lado oriental, a principal cidade de comércio era Khorbul, aos pés das Montanhas Himelianas e ao norte do Rio Zaporoska. Era lá que os mercadores que atravessavam a Rota da Seda, entre Secunderam e Khitai, pagavam seus pedágios.

Outro posto fortificado para o comércio era a cidade-fiscal de Vezek, em Turan, onde as caravanas vindas da Nemédia, Corínthia e Zamora também pagavam gordos tributos para ter acesso aos mercados de Aghrapur, mais ao sul, e de outras importantes cidades às margens do Vilayet. Os bandidos que saqueavam essas caravanas, todavia, eram os kozakis e não os zuagires do deserto meridional. Ainda assim, o comércio entre Turan e Hirkânia era predominantemente marítimo, apesar da atividade dos piratas da Irmandade Vermelha (um outro ramo kozaki) que infestavam o Mar Vilayet, saqueando navios e cidades costeiras. Ao sudeste, ficava o Iranistão, que comerciava com Vendhya e os Reinos Negros, e, provavelmente, com os reinos hiborianos também.

Em Khitai, a economia era bastante diversificada. As cidades-estado eram centros de manufatura e comércio, onde vários objetos de arte sofisticados eram produzidos. As pequenas fazendas e ranchos produziam alimentos em abundância e as minas rendiam ouro, prata e outros metais, bem como de pedras preciosas. Além disso, sedas, drogas raras e parafernálias mágicas eram exportadas com freqüência para o ocidente.

Nos Reinos Negros, a hegemonia comercial pertencia a Kush, que exportava ouro, marfim, prata, cobre, pérolas e escravos (seja através de tráfico, ou não) e importava miçangas, sedas, açúcar e espadas de cabo de bronze.

Os principais itens de comércio na Era Hiboriana eram os utensílios básicos da vida doméstica, embora houvesse, também, um intenso comércio de armas e pedras preciosas (em sua maioria, roubadas). Carnes e legumes não podiam ser transportados por longos percursos. Ainda assim, era comum o uso do sal para conservar certas carnes em viagens muito longas. Isso era habitual em navios mercantes, haja vista que as caravanas quase sempre podiam conseguir caça ao longo do trajeto.

MOEDAS DE TODOS OS TIPOS

Embora o comércio hiboriano também utilizasse o sistema de troca de mercadorias, o pagamento em moedas era predominante. As de ouro e de prata eram universais, mas as grandes nações tinham seus próprios numerários, que eram mais do que um instrumento de troca; funcionavam como bandeiras que divulgavam o nome de reis e autoridades de cada país. Era o caso da Aquilônia, por exemplo, com sua Luna de ouro, onde se via sempre estampado o rosto de algum soberano. Os kothianos utilizavam o Tinars; os shemitas a Imperial; os argoseanos, o Thralun; e o Talento era usado em quase todos os reinos, embora fosse difícil uma boa moeda de ouro ou de prata - independentemente de sua nação de origem - não ser aceita em qualquer comércio.

As moedas tanto podiam ser de ouro quanto de prata ou de cobre, e seu peso e valor era variado. Não pode ser descartada a importância das jóias nesse contexto. Safiras, opalas, jades e rubis, assim como pérolas preciosas, eram bem aceitas por qualquer comerciante, principalmente quando manufaturadas - apesar de não serem ignoradas em seu estado bruto.

IDIOMAS DE MESMA RAIZ

Um hábil comerciante sabia muitas línguas, embora não fosse necessário o uso da fala para se fazer entender (na hora de uma boa pechincha, por exemplo). Mesmo na Era Hiboriana, o idioma era bastante diversificado, embora se acredite que as línguas fossem bastante semelhantes. Afinal, todos os povos descendiam dos sobreviventes da Lemúria e Valúsia. Conan, por exemplo, era versado em quase todas as línguas de sua época.

Sabemos que: na Aquilônia, falava-se o aquilônio; em Shem, o pelishtio; em Koth, o kothiano; em Turan e Hirkânia, o hirkaniano; em Khitai, o khitaiano; e assim por diante.

SEMANA LUNAR

Outro aspecto interessante era o sistema de divisão de tempo hiboriano, que era semelhante ao usado por romanos e egípcios na Antiguidade. Os hiborianos baseavam-se na alternância do dia e da noite para contar os dias; e as fases da lua para contar as semanas e os meses. Ou seja, a semana corresponderia a cada uma das quatro fases da lua: nova, crescente, cheia e minguante.

Embora a posição do sol, da lua e das estrelas fosse o meio mais prático de se contar a passagem das horas e dos dias, o uso do relógio de sol e da ampulheta era bastante disseminado entre os hiborianos.

Os anos eram contados de um em um, assim como as horas. Era comum se dar aos anos o nome de animais, como o ano do Leão, do Dragão, da Gazela, do Coelho e do Porco; e aos meses nomes estranhos como Yuluk.

Nas histórias de Conan é comum lermos referências como: há três mil anos ou dez mil anos atrás, mas não sabemos se eles (os hiborianos) tiveram algum marco zero de contagem de tempo - como em nosso caso, que é o nascimento de Cristo. É possível acreditar, porém, que a Era Hiboriana tenha durado 9.500 anos; iniciando-se 6.500 antes do nascimento de Conan da Ciméria e terminando 3.000 anos depois.

UM POÇO DE INCERTEZA

Esta foi, pois, uma rápida explanação sobre comércio, idioma e calendário, nos dias em que Conan viveu.

Devemos, entretanto, levar em conta possíveis erros dos cronistas que narraram as aventuras de Conan - nas quais este estudo foi embasado -, justamente porque Robert E. Howard (devido a sua morte prematura) deixou certos aspectos da época de Conan sem definições concretas; cabendo a nós, fãs e estudiosos de sua obra, tentar preencher as pequenas lacunas, para melhor compreender o mundo hiboriano.

LEIA MAIS:
31/10/2001 Conan - Os caminhos do Bárbaro
27/09/2001 Conan, o filósofo
16/08/2001 Conan na literatura


Algumas informações contidas nesta matéria foram retiradas de As trilhas da aventura, de Robert Yaple, publicada em A espada selvagem de Conan 20, de Junho de 1986.

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