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Don Rosa e o renascimento dos quadrinhos Disney

Don Rosa e o renascimento dos quadrinhos Disney

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09.11.2004, às 00H00.
Atualizada em 01.11.2016, ÀS 13H00

Durante a década de 1970 e o início dos anos 1980, os quadrinhos Disney, com algumas exceções, ficaram repetitivos e pouco inventivos. Nos Estados Unidos, as revistas apresentavam republicações e histórias insípidas, o que levou artistas italianos e brasileiros a produzir material de melhor qualidade.

No entanto, quando a editora Gladstone passou a editar quadrinhos Disney nos Estados Unidos, a partir da segunda metade da década de 1980, novos artistas foram revelados. Esses jovens talentos, a exemplo de William Van Horn e Keno Don Rosa, revitalizaram as histórias, ao mesmo tempo em que estabeleciam laços com o que de melhor havia sido feito por mestres como Carl Barks.

Justamente por retomar e dar continuidade às sagas criadas por Barks é que Don Rosa ganhou prestígio entre os fãs de quadrinhos Disney. Para realizar suas aventuras, o artista procura complementar as lacunas deixadas por seu mestre, por meio de pesquisa, mantendo o humor, o clima de aventura e ainda passando sua visão de mundo para o leitor.

Depois da publicação da Saga de Tio Patinhas pela Editora Abril na metade do ano passado, diversas narrativas criadas por Don Rosa têm sido editadas no Brasil, principalmente na revista Tio Patinhas. Nas edições de outubro (que já se encontra nas bancas) e novembro, o leitor brasileiro vai encontrar mais duas aventuras inéditas elaboradas pelo quadrinhista norte-americano.

A guerra de Wendigo é o título da história publicada na edição 471, que retoma a aventura Tio Patinhas e os Índios Nanicós, feita por Barks em 1956. Ao inspecionar sua fábrica de papel localizada no Canadá, Tio Patinhas volta a encontrar os índios pigmeus que protegem a natureza e sofrem com a poluição e o desmatamento causado pelo empreendimento do pato milionário.

A edição 472 traz para os leitores brasileiros a aventura Uma carta de casa, que pode ser encarada como um epílogo para a Saga. Continuação da história A coroa dos Reis Cruzados (editada na revista Tio Patinhas número 445), esta narrativa mostra a volta de Tio Patinhas ao castelo de sua família, na Escócia, em busca do tesouro dos Templários. O reencontro com a irmã Matilda, que não vê há vinte e cinco anos, e uma carta deixada por seu pai fazem com que Tio Patinhas acerte contas com o passado. A redenção do pato sovina torna-se o ponto central da trama.

Nessa história, Don Rosa faz referências a duas aventuras criadas por Barks, O tesouro do castelo (produzida em 1948) e A fabulosa pedra filosofal (elaborada em 1954). No entanto, não é preciso conhecê-las para entender o enredo, que conta, inclusive, com um prólogo que sintetiza A coroa dos Reis Cruzados.

A obra de Rosa é uma prova de que ainda é possível encontrar material inteligente e instigante nos quadrinhos Disney.

Tio Patinhas números 471 e 472 possuem 100 páginas em cores e custam R$ 4,95 cada edição. A capa da edição 472 foi desenhada por Don Rosa.

Roberto Elísio dos Santos é pesquisador sênior do Núcleo de Pesquisas de Histórias em Quadrinhos da ECA-USP, jornalista, doutor em Comunicação pela ECA-USP, professor do IMES - Centro Universitário Municipal de São Caetano do Sul e autor do livro Para reler os quadrinhos Disney (Editora Paulinas).

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