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Desvendando os quadrinhos

Desvendando os quadrinhos

06.02.2002, às 01H00.
Atualizada em 26.11.2016, ÀS 16H02
Desvendando os quadrinhos
Scott McCLoud - M. Books
 
5 ovos
Se você é do tipo que fica com urticária só de ouvir alguém chamar HQ de "gibi", arma o maior barraco quando lhe dizem que quadrinhos são "coisa de criança" e fica mais eloqüente do que Rui Barbosa na hora de defender a arte seqüencial como "a mais apurada e completa forma de expressão já produzida pela humanidade desde que deixou de pintar as paredes das cavernas (que, aliás, são ancestrais dos quadrinhos, lembrará você, já à beira da apoplexia)", então, o livro Desvendando os quadrinhos, de Scott McCloud (225 páginas, Makron Books) é uma peça fundamental em sua estante. Todos os argumentos de que você precisava para aniquilar os "hereges infiéis" que não reconhecem a riqueza dos quadrinhos como arte e meio de comunicação estão lá, prontinhos para serem despejados na cabeça de seus opositores com o impacto de uma bomba.

Agora, se você é um aspirante a quadrinhista, pronto para abalar as estruturas da indústria com seu novo conceito de super-herói revolucionário-ultra-mega-poderoso-e-cheio-de-atitude, leia Desvendando os quadrinhos, pelo amor de Deus. Talvez você descubra outros caminhos para extravasar o talento que insiste em transbordar para as carteiras de sua sala de aula. Se você, entretanto, acha que quadrinhos são o tipo de subliteratura que se lê no banheiro e pegou esta revista por acaso no consultório do seu dentista, porque todos os exemplares de Caras já estão nas mãos de outras pessoas, leia Desvendando os quadrinhos. Você verá que há muito mais por trás daqueles traços inocentes do que jamais poderia imaginar. Em resumo, o livro é o tipo de obra indicada para agradar gregos e troianos na arena da discussão sobre o tema.

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Aprofundando-se na essência das HQs como meio de comunicação e arte, McCloud usa uma sacada de mestre para provar seu ponto de vista ao leitor: escreve um livro em quadrinhos sobre quadrinhos. Nada mais coerente, se levarmos em conta o potencial narrativo inerente ao próprio meio, detalhado em minúcias pelo autor no decorrer da obra. Talvez, se outros livros sobre Teoria da Comunicação fossem feitos nesse formato, menos alunos dormissem durante as aulas.

Num ritmo leve e fluente, McCloud aborda os mais variados aspectos dos quadrinhos, começando com uma definição ampla sobre o tema, algo freqüentemente negligenciado ou subvalorizado. A partir disso, o autor faz uma viagem aos primórdios das HQs, indo muito além de Yellow Kid, considerada pela maioria dos estudiosos a primeira manifestação desse gênero artístico. E segue esmiuçando desde a linguagem própria dos quadrinhos até aspectos como o uso da cor e o peso do lado comercial na produção das histórias.

Uma das qualidades de Desvendando... é não se ater pura e simplesmente aos quadrinhos americanos, analisando também trabalhos de outros importantes pólos, como Europa e Japão. O autor pesquisa os motivos históricos e as diferenças estruturais e narrativas que distanciam os comics de seus parentes europeus e do mangá. Apenas por esse motivo, já valeria a pena ler o livro, dada a escassez de obras sobre o tema, principalmente o quadrinho japonês.

Resumindo, Desvendando os quadrinhos é literatura básica para quem algum dia ousou discutir ou analisar o tema, profissionalmente ou não. Mais do que isso, é um dos mais importantes estudos já produzidos sobre essa forma de arte marginalizada e mal-aproveitada, esse meio de comunicação poderoso tão intimamente ligado ao nosso século.

Para quem quer se aprofundar no assunto, recomendamos também o livro Quadrinhos e Arte Seqüencial: Compreensão e Pratica, de WILL EISNER (clique aqui).

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