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Crítica

Prophecy #1 | Crítica

Enredo policial coloca opressores contra oprimidos na era da internet

06.06.2014, às 17H37.
Atualizada em 21.09.2014, ÀS 15H19

O mangá Prophecy, que será publicado pela JBC no Brasil em três partes, retrata uma das mais antigas batalhas da humanidade: a do fraco contra o forte, seja financeiramente, seja socialmente. Na misteriosa figura do "homem-jornal" que move a trama, sempre há uma vontade de fazer justiça com as próprias mãos e a revolta de quem se cansou com um mundo autoritário. Até aí, nada novo. A grande sacada do autor Tetsuya Tsutsui está na maneira como o tema é abordado: em uma roupagem contemporânea, de um mundo conectado por redes sociais.

Sempre com uma máscara feita do jornal diário na cabeça, o homem anuncia o crime que vai cometer no dia seguinte - e por que está fazendo aquilo. Em seu encalço está um novo departamento de investigação de crimes pela internet da polícia japonesa, comandado pela delegada Erika Yoshino. Se o homem-jornal se passa por defensor dos oprimidos, ela é a personificação do lado opressor: uma pessoa implacável, disposta a passar por cima de qualquer um para cumprir seus objetivos.

Daí, o mangá se desenrola como um thriller policial em que o rastreamento de IPs é tão importante quanto a investigação da cena de um linchamento. Entretanto, Tsutsui toma o cuidado de não alienar quem está por fora dos termos técnicos: Yoshino e de seus assistentes sempre conversam e investigam de maneira bem didática (às vezes, até em excesso).

Outra grande jogada de Tsutsui está na inserção da cultura da web na trama. Como o homem-jornal sempre utiliza redes sociais para dizer o que fará, os comentários dos usuários se tornam peça-chave na trama - especialmente quando as pessoas começam a tomar o lado do criminoso. Ponto também para a tradução precisa de Edward Kondo, que soube adaptar bem, nesta primeira das três edições, os trolls do Japão ao estilo "huehue" do Brasil e explicou de forma simples os sites que os japoneses utilizam, como o 2channel (de discussões) e o Nico Nico Douga (de vídeos).

Mas a ambientação não é o único forte de Prophecy: a trama não economiza no suspense e é extremamente carregada, repleta de momentos pesados, principalmente quando descobrimos a brutal história que deu origem ao homem-jornal. Ainda que os personagens tenham lados claramente estabelecidos, suas ações e motivações são questionáveis, tanto para o bem quanto para o mal. Vamos esperar que o ritmo não caia nas duas edições que faltam.

Nota do Crítico
Bom

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