HQ/Livros

Crítica

Chrononauts #1 | Crítica

HQ de viagem no tempo de Mark Millar estreia com sua típica pressa de tornar-se evento midiático

20.03.2015, às 12H21.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H42

O que não falta na Image Comics é série mensal de ficção científica, da mais pop às existencialistas, e Chrononauts, a mais nova delas, chegou às bancas nos EUA nesta semana com evidente viés mais popular. Aliás, não é de espantar que os criadores Mark Millar e Sean Gordon Murphy tenham acabado de fechar um contrato com a Universal para transformar Chrononauts em filme, porque esta primeira edição tem toda a cara de episódio-piloto ou pitch de cinema.

None

Em 31 páginas, Millar e Murphy condensam todo o primeiro ato da história de dois amigos cientistas que inventam como viajar no tempo: desde as primeiras descobertas arqueológicas que dão pistas de como realizar o feito, até o gancho dramático final, quando a primeira missão dá errado. O que dá mais substância à narrativa é o desenho detalhado de Murphy, que fica no meio termo entre designs limpos e quadros lotados de informação; do seu lado, Millar nunca pareceu tão pouco interessado em dar tempo aos personagens.

Isso acaba ficando interessante em Chrononauts porque o conceito de tempo numa trama sci-fi de viagem ao passado e ao futuro é bastante maleável. As elipses com saltos temporais são usadas sem economia nesta edição de estreia; na primeira metade da HQ, a trama não fica nem quatro páginas sem passar por um novo salto. É curioso que um texto explique, a certa altura, que a trama avançou "dezoito meses depois"; parece um preciosismo de que Chrononauts havia prescindido no resto da HQ.

De qualquer forma, a impaciência é bem o estilo de Millar, roteirista que parece ter no sangue a vocação para escrever pitchs e pilotos. Que os convencidos personagens só comecem a se preocupar com efeito borboleta nas últimas páginas - é como se Johnny Storm se tornasse Reed Richards de repente - é outro sinal de que estamos num gibi do autor, cujas histórias se movem em função do impacto e do confronto, no melhor estilo atirar primeiro e perguntar depois.

De novidade, Chrononauts nos apresenta a ideia de que uma jornada tripulada pelo tempo, hoje em dia, não deixaria de ser um acontecimento midiático. Os melhores quadros são aqueles que não se preocupam com a exposição, e sim em registrar a reação da população à transmissão ao vivo de fatos históricos, como a Guerra Civil Americana. Temos, então, mais uma obra de Millar que se transforma em evento multimídia.

E daquelas velhas histórias de máquinas criadas por H.G. Wells só deve ter sobrado mesmo o relógio de bolso, esse clichê obrigatório de toda viagem no tempo.

Nota do Crítico
Bom

Omelete no Youtube

Confira os destaques desta última semana

Omelete no Youtube

Confira os destaques desta última semana

Ao continuar navegando, declaro que estou ciente e concordo com a nossa Política de Privacidade bem como manifesto o consentimento quanto ao fornecimento e tratamento dos dados e cookies para as finalidades ali constantes.