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Crítica

Asterix Entre os Pictos | Crítica

Primeira aventura dos gauleses sem a participação dos seus criadores faz uma transição sem rupturas

29.11.2013, às 17H17.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H27

Assumir personagens com 54 anos de idade, queridos no mundo inteiro, não é tarefa das mais fáceis. Asterix e Obelix foram criados em 1959 pelo roteirista Renné Goscinny e pelo desenhista Albert Uderzo, e os 34 álbuns dos personagens foram feitos por seus criadores. Goscinny morreu em 1977, e desde então Uderzo assumiu também os roteiros. Quando o veterano quadrinista disse em 2011 que iria se aposentar e novos autores cuidariam dos gauleses, veio a expectativa.

Jean-Yves Ferri e Didier Conrad foram eleitos depois de um longo processo, que envolveu muita procura, discussões e desistências. A enorme responsabilidade da nova dupla criativa foi só um pouco atenuada por conta da recepção bastante negativa dos últimos álbuns lançados por Uderzo, especialmente o 33º, O Dia em que o Céu Caiu, que apelou para alienígenas e era desenhado de maneira pouco detalhada.

Mas Asterix Entre os Pictos, 35º álbum dos gauleses, lançado aqui no Brasil pela Editora Record, é um grande sucesso em todos os sentidos. A capa mostra Obelix desenhado por Uderzo e Asterix no traço de Conrad, uma passagem simbólica do bastão, com direito a uma piscadela de Asterix, dizendo que o título está em boas mãos.

Os novos autores decidiram simplificar as coisas e apostar em um formato clássico de aventura: no inverno, um homem preso em um grande bloco de gelo vai parar na aldeia dos gauleses. Todos se reúnem para ajudá-lo, e Asterix e Obelix decidem viajar à distante Escócia. Lá, conhecem diversos clãs de pictos, enfrentam um líder malvado e tentam trazer a paz à região. A fórmula deu certo em muitas histórias anteriores dos personagens, e dá certo também nesta.

A trama escrita por Ferri acerta ao reforçar os pontos que transformaram Asterix em uma criação tão querida e, acima de tudo, acessível: os fatos históricos, misturados a referências à cultura pop, as tiradas cômicas e a aventura leve capaz de agradar leitores de todas as idades. Até a tradução para o português conseguiu manter as sacadas de Ferri, principalmente nos nomes dos pictos: Mac Olosso, Mac Abro, Mac Arena, Mac Robiótico...

Conrad consegue emular o traço de Uderzo, e sua arte é detalhista o suficiente para agradar os leitores mais rigorosos. O desenhista abusa de grandes painéis para retratar a aldeia dos gauleses, o encontro com o monstro do Lago Ness, a aldeia dos pictos e a chegada dos romanos à Escócia. E aproveita para encher as páginas de detalhes que os mais atentos vão se deliciar em encontrar: uma foice dourada aqui, um elmo bem parecido com o de Loki ali.

Tudo isso faz deste álbum um dos melhores de Asterix lançados em bastante tempo. Apostou-se numa transição sem rupturas, com o reaproveitamento de uma fórmula segura, já testada, e o público aprovou. Asterix entre os Pictos teve um excelente desempenho nas livrarias fracesas. A primeira tiragem, de dois milhões de exemplares, esgotou e fez com que a editora corresse para produzir mais livros.

Nota do Crítico
Bom

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