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Conheça a antologia em quadrinhos <i>Bang Bang</i>

Conheça a antologia em quadrinhos <i>Bang Bang</i>

ÉB
12.10.2005, às 00H00.
Atualizada em 19.11.2016, ÀS 03H03

Gabriel Bá

Bruno D´Angelo

Clayton Jr.

Fábio Cobiaco

Rafael Granpá

Kako

Fabio Moon

Peov

O álbum de histórias em quadrinhos Bang Bang foi publicado nos Estados Unidos durante a Comic Con 2005, em julho passado. Batizada originalmente Gunned Down, a publicação reuniu talentos brasileiros sob a batuta do editor Shane Amaya, da Terra Major. A publicação chega agora ao Brasil em edição nacional pela Devir.

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Bang Bang apresenta dez histórias de faroeste e procura abordagens inusitadas para temas exaustivamente visitados no último século pela literatura (incluindo aí os próprios quadrinhos), cinema, televisão e videogames. A cargo da tarefa estiveram Ricardo Giassetti (o único roteirista brasileiro do grupo), Fábio Cobiaco, Pam Noles, Bruno DAngelo (diretor de arte da Terra Major), Jeremy Nisen, Jefferson Costa, Fábio Moon e Gabriel Ba (autores de 10 Pãezinhos), Rafael Coutinho (filho do cartunista Laerte), Rafael Grampá, Clayton Jr., Kako e Peov. Além, claro, do próprio Shane, que também escreveu diversas das história do álbum.

O Omelete conversou com dois desses criadores, Ricardo Giassetti e Kako, que falaram sobre a gênese do projeto, o tema, suas inspirações e idéias para o futuro. Confira abaixo o papo!

Como surgiu a idéia do projeto e por que um western?

KAKO - O idéia de uma antologia lançada pela Terra Major já era antiga. Sempre tivemos vontade de fazê-la. Só não imaginei que fosse tão cedo. Particularmente, sempre curti a idéia de antologias, de livros cheios de artistas e roteiristas diversos, falando principalmente de um tema sob diversos pontos de vista. Tenho vários em casa. Acabei de arranjar a Flight (IMAGE) e o The Dark Horse Book of Hauntings, ambos excepcionais.

Creio que o que deu o empurrãozinho final foi um colega nosso, Brian Scot Johnson, revendedor da Khepri.com, que sugeriu o tema para o Shane. Ele teve sempre uma visão mais empresarial, o que poderia atingir mais pessoas em menos tempo. Numa posterior conversa, a idéia agradou ao Bruno e a mim também.

Acho que até a minha geração o Western é um tema que já está no sangue. Televisão e quadrinhos bombando mocinhos e bandidos na veia da garotada. É um tema maravilhoso para se trabalhar arquétipos de chapelão branco e de chapelão escuro. O poder da imagem de um duelo numa rua empoeirada ao cair da tarde é único. Aquela arrastada pra trás no casacão para deixar sua Peacemaker sem obstáculos, o olhar das pessoas na janela, o mexicano tentando tirar o burrico do caminho, o close nos olhos dos duelistas, na mão, o cigarro, o silêncio. BANG BANG!!!! Todos temos uma imagem clara desta cena, mesmo que genérica, e todas as peças e seus significados estão lá em suas gavetinhas e você não precisa fazer nenhum esforço para decupá-las em seu próprio cineminha cerebral. E o Western é um prato cheio para o anti-herói, um “Clint Eastwood’ que pendula entre o chapelão branco e escuro. Fora todos os desdobramentos que podem ser feitos. Para mim foi isto que pesou na aceitação do tema.

Quem reuniu os artistas?

KAKO - Praticamente o grupo sempre esteve junto, não em projetos, mas na amizade, não só os brasileiros como os americanos. Não nos demoramos muito na escolha, não. Foi só citar o projeto e o povo já estava pronto.

O western, apesar de ser uma tradição 100% estadunidense, é talvez o gênero deles que foi melhor abraçado pelo mundo. Da Itália ao Brasil, artistas sentem-se suficientemente à vontade para explorar os desertos e tiroteios do velho oeste. Como vocês pesquisaram para o visual e narrativas? É difícil falar do tema para um público tão acostumado com ele?

GIASSETTI - Acho que a gente aqui no Brasil se acostumou bastante em ver o Velho Oeste pela ótica dos europeus, por incrível que pareça. Nossas maiores referências são Blueberry, Ken Parker e Tex. No cinema, o que vem à mente é Sergio Leone e Trinity!

Um profissional não deve se deter diante de obstáculos e por isso acho que todos os colaboradores se predispuseram a fazer um trabalho sério de pesquisa. No caso de "Down the River", minha história com o Cobiaco, procuramos mostrar o quanto a política econômica da expansão norte-americana contribuiu para a camuflagem da destruição do próprio país. Florestas, animais e pessoas foram destruídas em nome de um bem maior que, no final, não beneficiou a todos.

A pesquisa em si foi um trabalho contínuo. A sorte teve um papel fundamental também. Eu já havia delineado todo o roteiro e precisava de uma estrada de ferro para situar o leitor... acabei achando uma história genial sobre a construção da San Diego-Arizona, que não só me deu o fundo histórico como enriqueceu o enredo infinitamente.

KAKO - A minha história se passa no Oregon durante o inverno, e fala da expansão dos colonos até o Oeste e de como o governo liberava geral na matança dos antigos habitantes da região. Pesquisei muito sobre a tribo Paiute e os conflitos entre estes, os colonos e o exército. O título, "Ntsayka Ikanum", significa "Nossa História" na língua dos Paiutes. Mas poderia ser qualquer outra tribo pois o cenário não importa para o sentido da história. Queria apenas fazer uma brincadeira com a bandeira americana, pois como não sou roteirista, as imagens vêm antes do roteiro. O interessante foi a coincidência do texto final de um chefe paiute sobre o próprio tema da história, que achei pela internet após duas semanas do término da história. Dá até arrepios tamanha a coicidência... bizarro. A primeira vez que li o livro inteiro na ordem, enquanto revisava o texto, percebi que o sentido de minha história mudou completamente quando lida antes da história do Giassetti e do Cobiaco. Para mim hoje, minha história funciona como um introdução para a história deles.

A Gunned Down, que está sendo lançada como Bang Bang no Brasil, tem diversos focos sobre o tema, de índios a chineses, de jogos de pôquer a duelos. O público que ler vai encontrar tudo lá, apenas de uma maneira diferente do que está engavetado na cabeça. E pra quem já leu leu zumbis no oeste....

Há projetos para novas edições nesse formato (histórias curtas, com colaboradores diversos)?

KAKO - Sim, mas não tão cedo. Temas estão sendo discutidos e a opção agora é ter mais histórias longas. Mas é muito cedo pra dizer algo concreto. Mas estamos empolgados pois foi uma experiência maravilhosa. Não tem como não repetir.

Vocês têm vontade de levar algo da cultura brasileira aos Estados Unidos? Há algum projeto nesse sentido?

GIASSETTI - Da minha parte, sim. Acho que seria bem legal fazer algo que conectasse o Brasil com o mundo de uma forma inteligente. Precisamos nos livrar do estigma de samba, futebol e Amazônia de um jeito interessante. Para ficção histórica, por exemplo, Zumbi é um prato cheio. Ou a guerra do Paraguai... Uma história do Constantine em pleno carnaval, com direito a rituais de umbanda invocando o Tranca-rua seria interessante. Vamos ver o que o futuro nos reserva.

KAKO - Sim, mas antes precisamos criar uma “cabeça de ponte”, criar espaço e fazer contatos. Ser realistas primeiro nos caminhos a se seguir. Mas pouco a pouco socaremos a feijoada na goela da gringaiada. Ainda não há projetos concretos, apenas possibilidades futuras.

A HQ Bang Bang tem formato 17 X 26 cm e 184 páginas em preto e branco. A introdução é de Primaggio Mantovi. O preço ainda não foi divulgado.

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