Conan - Os caminhos do Bárbaro
Conan - Os caminhos do Bárbaro
A
exemplo de personagens famosas como Tarzan, de Edgar Rice Burroughs
e Drácula, de Bram Stoker, Conan é oriundo da literatura,
popularizou-se nos quadrinhos e foi consagrado no cinema. Sua estréia na literatura
deu-se em dezembro de 1932, na revista “pulp” Weird Tales,
um título americano especializado em contos de ficção.
Um dos escritores da Weird Tales era um jovem promissor chamado Robert Ervin Howard, que já havia redigido contos de muitos heróis fantásticos como o Rei Kull, um atlante que se tornou soberano de Valúsia; Bran Mak Morn, o rei dos pictos, inimigos da Roma antiga; e Salomão Kane, o puritano destemido da Era Elizabetana. No entanto, Howard atingiu o auge de sua carreira (e isso só foi percebido muito tempo depois) quando escreveu “The Phoenix on the Sword” (A fênix na espada), aventura estrelado por aquele que viria a ser sua mais famosa personagem: Conan da Ciméria.
Na
verdade, “The Phoenix on the Sword” foi uma cópia de “By This Axe,
I Rule” (“Por meio deste machado, eu governo”), uma história do Rei Kull
rejeitada pelos editores da Weird Tales. Diante da bela acolhida do herói,
Howard deu continuidade imediata à sus saga com episódios como “The Scarlet
Citadel” (“A cidadela escarlate”), “The Hour of the Dragon” (“A hora
do dragão”), “The Tower of the Elefant” (“A torre do elefante”), “Black
Colossus” (“Colosso Negro”, publicado, no Brasil, sob o título de “A libertação
de Thugra Khotan”) e outros tantos, sempre recheados de ação e barbarismo.
Apesar de ter concebido Conan já como rei da Aquilônia, o autor passou a explorar as diversas fases da vida do bárbaro: os tempos de ladrão, de mercenário e de pirata, bem como suas lutas para manter o reinado. Após sua morte prematura, em 1936, escritores de ficção científica e contos fantásticos como L. Sprague de Camp e Lin Carter, deram continuidade à saga, com novas aventuras ou concluindo histórias inacabadas. Além disso, compilaram e organizaram os fatos da carreira de Conan. Podemos chamá-los de os atuais Cronistas da Nemédia.
DOS CONTOS PARA OS GIBIS
No
início de 1970, após as reedições das aventuras de Conan, no formato de livro
de bolso, com capas magistralmente ilustradas pelo fantástico Frank Frazetta,
o jovem Roy Thomas, então editor da Marvel Comics, convenceu os
chefões da editora a lançarem a revista de um inusitado herói sem superpoderes,
máscara ou capa, nascido em pleno campo de batalha, na fictícia Era Hiboriana,
12.000 anos atrás. Assim sendo, em outubro de 1970, chegava às bancas americanas
o primeiro exemplar de Conan, the Barbarian.
Apesar de criador jamais ter se referido a ele como “Bárbaro”, mas sim como “Aventureiro” ou como “Cimério”, Thomas preferiu a primeira designação por acha-la mais chamativa. Além disso, também imaginava que muitos confundiriam cimérios com sumérios e julgava fraco o título “Aventureiro”. O desenhista escolhido foi o jovem inglês Barry Windsor-Smith, que, na época, copiava o traço de Jack Kirby; isso porque as primeiras opções, Gil Kane e John Buscema, eram pesos-pesados da Marvel e cobravam caro demais. No entanto, não foi fácil convencer os diretores da Marvel a aprovar a revista.
O sucesso do título foi imediato. Em 1972, John Buscema assumiu a personagem com seu estilo mágico e fascinante, tornando o Cimério ainda mais rentável. Em 1974, fez sua estréia The Savage Sword of Conan, revista em preto e branco que trazia abordagens mais adultas e selvagens. Roy Thomas teve, então, espaço para adaptar todos os contos de Howard, principalmente com o novo título que estreou em 1980, King Conan, mais tarde, rebatizado como Conan the King (talvez para evitar a confusão com King Kong).
DOS GIBIS PARA O CINEMA
Tamanho
sucesso não passou despercebido por Hollywood. Assim, em 1982, estreava o longa-metragem
Conan – o bárbaro. Essa obra-prima trazia nomes como John Millius
(direção), Oliver Stone (roteiro), James Earl Jones (no papel
de Thulsa Doom), Basil Poledouris (música) e o estreante em grandes
produções, Arnold Schwarzenegger (como Conan, claro).
Que filme espetacular! Ação, aventura, barbarismo, magia e sedução suficientes para arrebatar a atenção dos espectadores e ainda fazer com que comentassem por várias semanas. No ano seguinte, foi a vez de Conan, o destruidor, película que, porém, não chegou aos pés de sua antecessora.
Atualmente, há a expectativa em torno do terceiro filme – que até o momento chama-se Rei Conan: a coroa de ferro. O que se sabe com certeza é que o roteiro baseia-se em narrativas do próprio Robert Howard. No script, o soberano cimério tem seu filho raptado por uma deusa das neves. O preço para o resgate é uma jóia mística, que ele terá de roubar. Arnold Schwarzenegger, em entrevista recente a um fã, declarou que vai atuar como Conan. A previsão é de que o filme estréie em 2003, talvez antes.
Ao
que tudo indica, esse terceiro filme tem tudo para repetir o êxito do primeiro.
Afinal, conta com John Millius na direção e os mais talentosos produtores da
atualidade: os irmãos Larry e Andy Wachowski, de The Matrix.
Além dos dois filmes, Conan teve também uma série para a TV (cá entre nós, horrível) e um desenho animado (cá entre nós, pior ainda). Ambos foram transmitidos pela Rede Globo de Televisão. O seriado, nos Estados Unidos, contou, em alguns episódios, com a participação da guerreira Sonja. No Brasil, pra variar, quase tudo continua inédito.
TEMPO DE ESPADAS MAGRAS
Atualmente,
Conan já não tem revista periódica nos EUA. Segundo Roy Thomas, em entrevista
para a página Crônicas
da Ciméria, o principal motivo para o cancelamento de seus títulos foram
as vendas. Com o mercado cada vez mais voltado para super-heróis, pouco espaço
restou para outros gêneros, entre os quais espada e magia. No Brasil, porém,
o cimério mantém um público cativo, o que leva a Editora Abril a reeditar histórias
clássicas e acena com a possibilidade de lançar inéditas em futuro próximo.
Trata-se da saga de Conan entre os kozakis. É provável, também, que se aproveitem
HQs de uma editora espanhola.
Vale ressaltar que, apesar sua leal horda de fãs, a Abril não dedica ao bárbaro a mesma atenção que dispensa a Homem-Aranha, X-Men e outros fantasiados. Um exemplo dessa desatenção foi A espada selvagem de Conan 200. Quem comprou a revista sentiu-se traído. Não havia pôsteres destacáveis e nem matérias especiais. O gibi não tinha sequer 100 páginas e dava apenas seqüência às histórias que vinham sendo publicadas! A Abril pode dizer que fez o possível e blá, blá, blá, mas não dá para aceitar tão pouco. Uma título que atinge 200 números respaldado por 70 anos de sucesso no mundo inteiro merece muito mais.
Oswaldo Magalhães é webmaster do site Crônicas da Ciméria