Boletim San Diego 2000 - dia 4: Comic-Con International
Boletim San Diego 2000 - dia 4: Comic-Con International
Ontem, o dia foi e será, sem dúvida, o mais interessante da convenção. Como eu posso afirmar com tanta certeza&qt;& Bem, sempre foi assim nas outras sextas-feiras em que estive aqui. Não vejo por que mudaria agora. E não podemos nos esquecer de que foi o dia da entrega dos Eisner Awards, a principal premiação da HQ americana. Além disso, junto com o crachá, quem se inscreve na convenção recebe uma revista com 112 páginas contendo toda a programação da Comic-Con. E acredite: em nenhum outro dia, há convidados de tanto destaque quanto os de ontem.
A quantidade de itens no programa foi imenso e, pra meu sofrimento, eu havia marcado mais reuniões do que na quinta-feira. Estão pensando o quê&qt;& Eu vim aqui pra trabalhar e os negócios vêm sempre antes do prazer. De início, às 10:30, fui logo perdendo a palestra do Carmine Infantino, o homem que criou o visual do Flash da Era de Prata e que, por anos, foi o publisher da DC Comics.
Como desgraça pouca é bobagem, começando no mesmo horário, houve mais quatro eventos que me interessaram: a mesa-redonda The History of Comic Book Coloring com Laura DePuy, a colorista de The Authority e Planetary e Marie Severin, colorista de Superman Adventures e famosa desde os tempos da EC Comics; o bate-papo com Jeph Loeb e Tim Sale, autores de Superman: As Quatro Estações; Comic Strips in 21st Century, um debate do qual participaram Rick Detorie, Andrew Pepoy e Ben Katchor sobre o futuro das tiras de jornal; e a conferência Comics as Representations of Culture, ministrada pelos professores de comunicação Anita K. McDaniel, Lisa Cuklanz, Wendy Siuyi Wong e Robert V. Schmidt. Uma quinta palestra com o ator Jeff Rector sobre Hollywood não me chamou atenção.
E o dia estava apenas começando!!!! Percebem a quantidade de temas abordados na convenção&qt;&
Às onze horas, houve duas mesas redondas a que eu gostaria de ter assistido. Uma delas foi Harvey Kurtzman and the EC War Comics da qual participaram Adele e Nellie Kurtzman, respectivamente esposa e filha do genial quadrinhista, Mark Evanier, Denis Kitchen, Russ Heath, Ric Estrada, William Stout e Will Elder. A segunda foi Lost in the Translation com Trish Ledoux, Bill Flanagan e outros sobre tradução de HQs e desenhos animados. Os demais quatro eventos que começaram no mesmo horário não me interessaram.
E o dia foi transcorrendo sem que eu pudesse assistir a todas as conferências que me chamaram atenção. Senti muito perder a apresentação de Kyle Baker; as mesas redondas Humor in Comics e The Sergio Aragonés and Mark Evanier Show, esta última com a presença também de Stan Sakai, Tom Luth e Scott Allie. Só consegui me desvencilhar dos compromissos às 13 horas quando pude assistir à mesa redonda Eisner Awards: Talent Deserving of Wider Recognition, com os cinco indicados a essa categoria: Ellen Forney (Monkey Food), Lawrence Marvit (Sparks), Tony Millionaire (SockMonkey) e Judd Winick (The Adventures of Barry Ween, Boy Genius). Cada um deles falou de seu trabalho e o moderador Beau Yarbrough (ComicBook Resources) comentou a importância dessa categoria que confere projeção ao vencedor, abrindo-lhe muitas portas. Brian Bendis está aí pra não deixá-lo mentir.
Na mesma hora em que eu assistia ao bate-papo com os novos talentos, na imensa sala 6, acontecia a palestra de nada mais nada menos do que Bryan Singer. Isso mesmo, o diretor de X-Men. E por que eu não estava presente&qt;& Elementar, meu caro leitor. Apesar de sua capacidade para mais de 500 pessoas, a sala 6 estava lotada. O jeito foi quebrar o galho, dando uma passadinha na mesa redonda com os roteiristas da Marvel, Chris Claremont, Joe Quesada, Paul Jenkins e Brian Michael Bendis. Infelizmente, o dever chamou e não pude ficar até o fim.
Às 15:30, a Disney promoveu bate-papos com o produtor Randy Fullmer, o diretor Mark Dindal e o co-diretor Tony Bancroft do desenho animado The Emperors New Groove, que estreia em dezembro; e com os diretores Gary Trousdale e Kirk Wise do desenho Atlantis com data marcada para meados do ano que vem. Mike Mignola, responsável pelo design do filme, também compareceu. Sobre o desenho, Basta dizer que é a cara do autor de Hellboy. Ao fim da apresentação, a platéia ganhou CD-Roms com trechos dos dois filmes.
Antes de descer pra novas reuniões, ainda tive tempo de checar a palestra de Will Eisner e a mesa-redonda Superhero Movies: Why Cant They be Like the Comics&qt;& com Harry Knowles (Aint-It-Cool-News.com) e os roteiristas Paul Dini (Batman Beyond), Roger Avery (Killing Zoe, True Romance, Cães de Aluguel, Pulp Fiction), David Hayter (X-Men, o Filme). Harry Knowles fala pelos cotovelos e Roger Avary é fanboy da cabeça aos pés.
Sinto muito, Fabio Marques, mas não deu pra assistir à mesa redonda Superman In Action com Eddie Berganza, Jeph Loeb, Joe Kelly, Mark Schultz e Mike Miller.
Por falar no Homem de Aço, ontem foi o dia em que encontrei o brasileiro Aluir Amâncio, que desenha Superman Adventures. Ele estava se dirigindo pra uma das palestras de sua colega de título, Marie Severin, antes de uma reunião com executivos da Warner.
E ele não foi o único brasileiro que vi ontem. Os gêmeos Fábio Moon e Gabriel Ba, autores de 10 Pãezinhos: O Girassol e a Lua, vieram direto do aeroporto pra convenção. Chegaram à tarde. Por coincidência, pouco antes de encontrá-los, eu estava falando sobre os dois com o Editor de Arte da Dark Horse, Randy Stradley.
Aproveitei para acompanhá-los ao estande da Abstract Comics. Eu já havia falado com Robyn Moore, mas queria entregar pessoalmente a seu marido, Terry Moore, os dois volumes de Estranhos no Paraíso: Sonho com Você, editados pela Via Lettera. Em seguida, fomos ao estande da Cartoon Books, mas Jeff Smith e sua esposa Vijaya haviam saído. Batemos papo, então, com Charles Vess, que nos mostrou originais inéditos da mini-série Rose.
Mais tarde, subi para assistir ao começo da conferência de Scott McCloud, o autor de Reinventing Comics, mas não fiquei até o fim. É que, na sala 6, às 17 horas, teve início a palestra de Paul Verhoeven sobre seu novo filme, Hollow Man, com estréia em agosto. Você não leu errado, não. Eu escrevi Paul Verhoeven, o diretor de Robocop, Total Recall, Instinto Selvagem e Tropas Estelares. De quebra, a platéia ganhou brindes (chaveiros, pôsteres e um CD Rom com cenas do filme). Pergunte se meu poster não está autografado.
Evidente que, apesar de interessantes, as mesas redondas com Al Williamson e Angelo Torres; e outras duas com os autores da Oni Press e da Gorilla Press não contaram com a presença deste calvo gibiota.
O leitor menos avisado pode considerar falta de bom senso por parte dos organizadores a quantidade de eventos ocorrendo ao mesmo tempo. Isso sem falar nos longa-metragens e nos animês projetados durante todo o dia. Na verdade, porém, a coisa não é tão absurda quanto parece. São milhares de visitantes por dia. Cada um com sua preferência. São raras as mesas redondas ou palestras com menos de 50 pessoas na platéia. E, nesse tempo todo, o pavilhão de exibição fica lotado de gente comprando gibis, estatuetas, livros, action figures, artes originais ou pedindo autógrafos. Por exemplo, a fila de espera por uma assinatura de Kevin Smith estendia-se por várias dezenas de metros.
O ponto alto do dia foi a cerimônia de entrega dos Eisner Awards, que eu comento em outro artigo.
Excluir comentário
Confirmar a exclusão do comentário?
Comentários (0)
Os comentários são moderados e caso viole nossos Termos e Condições de uso, o comentário será excluído. A persistência na violação acarretará em um banimento da sua conta.
Faça login no Omelete e participe dos comentários