Aqui Dentro
Biblioteca Histórica Homem-Aranha, Sandman, X-Men Extra, O Evangelho Segundo Lobo, Crise Infinita Es
Na coluna irmã da LÁ FORA, o Omelete mergulha nas bancas e livrarias para comentar os principais lançamentos recentes.
Biblioteca Histórica Marvel - Homem-Aranha - Volume 2
Por Érico Borgo
A Biblioteca Histórica Homem-Aranha é prova de que Stan Lee e Steve Ditko, criadores do personagem, jamais foram superados no quesito "criatividade em vilania". O aracnídeo mais famoso do mundo tem uma das melhores galerias de vilões de todos os super-heróis e a dupla é responsável por todos os melhores. Acompanhe: No Volume 1 vimos o surgimento de Camaleão, Dr. Octopus, Homem-Areia, Lagarto e Electro (além dos Executores, vilões de terceira até hoje). Neste novo volume a série de idéias inspiradas continua, com Mystério, Duende Verde e Kraven, o Caçador, além da equipe do mal Sexteto Sinistro.
É curioso notar como desde a década de 1960 foram poucos os vilões do herói que conseguiram atingir a popularidade dessa primeira onda de criações. Venom é um. Homem-Hídrico? Lobisomem? Os demais simplesmente não estão à altura dessas primeiras ameaças. O Rei do Crime, apesar de ter sido criado no gibi do Aranha ficou realmente importante nas páginas de Demolidor... ou seja, Lee e Ditko são imbatíveis.
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Sandman - Prelúdios e Noturno - Volume 1
Por Érico Borgo
Não preciso explicar aqui Sandman pela enésima vez. Você já deve saber do que se trata (se não sabe, este link levará você a um sem-fim de artigos e notícias sobre a série). Mas vale exaltar o lançamento de mais uma versão da elogiadíssima saga onírica de Neil Gaiman, desta vez mais acessível aos bolsos.
A Pixel Media colocou nas bancas e livrarias a primeira parte do arco de histórias Prelúdios e Noturnos, o primeiro do personagem. A edição não tem a intenção de ser a "definitiva", como as que a Conrad lançou nos últimos anos, mas apenas levar a história a um público maior. Não significa, porém, que seja desleixada. O papel é ótimo, a impressão idem e o material adicional vem da coleção Absolute Sandman, que está sendo lançada nos EUA com nova colorização.
Fica a ressalva ao preço, porém. Cada álbum de luxo da Conrad era vendido a 75 reais em média. Esse gibi da Pixel custa 30 reais e vem com metade do conteúdo da edição anterior. Um arco completo sai, portanto, a 60 reais. Creio que se a intenção era mesmo baixar a qualidade para aumentar o público a diferença de preço deveria ser bem superior a 15 reais. Não me parece uma grande vantagem... De qualquer maneira, quem não comprou a belíssima coleção da Conrad já não compra mais. Vários volumes estão esgotados e a editora não pode republicá-lo pois não tem mais os direitos. Assim, as revistas da Pixel são a única opção em português. Bom, nós avisamos quando a primeira saiu... e a segunda... a terceira...
X-Men Extra 82
Por Érico Borgo
Acabou! A incrível fase de Joss Whedon à frente dos mutantes da Marvel chegou ao fim este mês em X-Men Extra 82. E Surpreendentes X-Men sai de cena com todos os elementos que tornaram a passagem do criador de Buffy - A Caça-Vampiros memorável. Desde a adolescência eu não me divertia tanto com a equipe. O roteirista escreve cada personagem com personalidades distintas, qualidades e defeitos verossímeis e acerta a mão em tudo, com uma inteligência difícil de encontrar nos quadrinhos de super-heróis mensais hoje em dia. Isso parece óbvio, mas basta passar os olhos por qualquer outra das dezenas de séries mutantes que estão sendo publicadas para perceber que X-Men é um "samba do afrodescendente portador de necessidades especiais" (viva a correção política!).
Whedon também mostra que colocar os mutantes em sagas espaciais - algo que desde a fase Claremont/Byrne não funcionava a contento - ainda é uma opção, contanto que o escritor saiba o que está fazendo. E tem os traços absurdamente bons de John Cassaday, que combinados às idéias do escritor, me fizeram lembrar a cada página do motivo pelo qual ainda leio quadrinhos mensais: a busca por histórias como esta.
O Evangelho Segundo Lobo
Por Érico Borgo
Quando abri o pacote que continha O Evangelho Segundo Lobo confesso que torci o nariz. Afinal, sou normalmente avesso a edições especialíssima, "de luxo", de histórias que considero menores. É como comprar filmes que você esquece meia hora depois de sair do cinema em blu-ray... muita qualidade para pouco conteúdo.
Gizz de Fetal! Quanto estupidez... Como fui esquecer o frenético divertimento non-sense que o Lobo de Keith Giffen, Alan Grant e Simon Bisley proporcionou no início da década de 1990? Trata-se do ápice do personagem, que desde então nunca mais teve o brilho (vermelho-sangue) dessa fase, sendo relegado a coadjuvante exótico em histórias de outros personagens da DC.
A edição especial, encadernada em capa dura, reúne as primeiras minisséries de Lobo: O Último Czarniano e Lobo Está Morto. Na primeira ele tem que capturar - e manter viva - a senhorita Tribb, a velhinha que foi sua professora de quarta série e escreveu A Biografia Não-Autorizada de Lobo. Na última, o Maioral morre e, depois de brigar no Céu e no Inferno, acaba sendo ressuscitado - mas não exatamente como queria.
Novamente, é material cômico de primeira. E merece o tratamento pomposo - ainda que o Lobo não concorde com essa frescura toda.
Crise Infinita Especial - Dia das Bruxas 1
Por Marcus Vinicius de Medeiros
Uma revista que investe mais uma vez no título Crise Infinita para atrair leitores ao universo DC pode ser mal interpretada. Deixemos claro, portanto, que o especial dedicado ao Dia das Bruxas apresenta, entre altos e baixos, contos apreciáveis, passíveis de múltiplas interpretações. E na historieta de um roteirista chamado "Kal-El Bogdanove", ilustrada por seu pai "Jon Bogdanove", outrora reconhecido herdeiro espiritual de Joe Shuster, fica claro o propósito de que a DC Comics não viverá do passado. Zumbis amaldiçoados, Zatanna redefinida, e uma pequena dose de maldade em Smallville redirecionam seu pensamento com a fina esferográfica do medo.
Mark Waid ostenta novamente o uniforme vermelho acelerado capaz de quebrar barreiras interdimensionais para mostrar um sentimento puro e singelo. Sua primeira temporada no Flash, além de mudar os rumos do próprio Universo DC, foi uma forma de exorcizar demônios pessoais que o assombravam desde a infância. E ele corre rápido buscando apoio nos clássicos da literatura universal, com toda a relação entre pai e filho, multiplicando-se até o mais longo dos dias. Para Mark Waid, o Universo DC não poderia perder seu legado.
Considerando os aspectos negativos do especial, há contribuições dispensáveis do editor-chefe que todos amam odiar, o controverso, impopular, e até por isso foco das atenções, Dan Didio. Sua história com uma equipe de heróis infelizes que nasceu sem muito futuro é perda de tempo. Talvez o problema da revista seja a abordagem voltada para iniciados, pois há tantas referências escondidas que o foco do leitor é redirecionado. Ao invés de aproveitar uma narrativa em estado bruto, há o jogo de montar peças no quebra-cabeça planejado por roteiristas incontroláveis.
E neste ponto surge uma guinada interessante. Zatanna, com seu pai adotivo Paul Dini, mostra um lado ambíguo e perturbador. Ela já não é mais a garota de meia-calças e par de pernas deliciosas. Kelley Jones retoma uma das séries alternativas mais cultuadas da história de Batman, que teve início com Drácula, e Clark Kent e Lana Lang adolescentes investigam mistérios em Smallville como se estivessem num outro seriado televisivo. Múltiplas versões de Superman e Batman deixam claro que o Universo DC não é o que se imagina.
World of Warcraft
Por Érico Borgo
O nome de Walter Simonson na capa da edição (parte 1 de 3) da minissérie World of Warcraft, que leva às páginas dos quadrinhos o game online para multidões mais jogado do planeta, me empolgou. O escritor, afinal, é responsável por uma memorável fase do Deus do Trovão (republicada aqui em Os Maiores Clássicos do Poderoso Thor 2). Ledo engano... trata-se de mais uma adaptação preocupada apenas em colocar o maior número de referências possíveis por página, com histórias genéricas. E as ilustrações do francês Ludo Lullabi têm aquele visual mangá-ocidental-pasteurizado que já enjoou. Se os games sofrem com adaptações ruins ao cinema, nas HQs não é diferente.
As histórias seguem um personagem desconhecido - tal como um novo jogador entrando no jogo - pelos campos de Kalindor que acaba envolvido na guerra entre a Aliança e a Horda.