Marco da década de 1980 nos quadrinhos, American Flagg! completa agora 35 anos e festejará a data na televisão, na forma de série a ser produzida pela EuropaCorp, empresa do diretor francês Luc Besson (Valerian). Há rumores de que Clive Owen viverá o papel de Reuben Flagg, astro fracassado de TV que se torna um agente em uma versão futurista dos EUA onde a Lei foi transformada em negócio. O responsável pelo personagem e seu universo distópico é Howard Chaykin, um dos mais polêmicos autores das HQs americanas que prepara um projeto inédito para a editora Image chamado Hey Kids! Comics!. Em entrevista por email ao Omelete, o gênio por trás de cults como Black Kiss (1988), hoje com 67 anos, fala sem grande entusiasmo da versão audiovisual de sua cria.
Omelete: O que o senhor espera da versão da EuropaCorp para American Flagg! agora que a HQ chega ao 35º aniversário?
Howard Chaykin: Eu não acredito em “expectativa”. Encaro “expectativa” como ressentimento em treinamento. Eu não espero participar do projeto, apenas como espectador.
Omelete: O projeto da série coincide com a era de ouro dos filmes de super-herói nas telas. Há algo nesse cinema que lhe agrada?
Howard Chaykin: Não ligo muito para esses filmes. Gostei de alguns, não gostei de outros, mas não foi uma sensação forte o suficiente para fazer um balanço do gênero.
Omelete: Reuben Flagg era uma síntese perfeita do cinismo americano quando saiu do prelo, em 1983. Hoje, o que ele representa?
Howard Chaykin: Reuben Flagg é um herói fraturado, um herói com pés de barro, o que torna seu universo algo alternativo se comparado com o mainstream dos quadrinhos americanos de seu tempo. Ele foi criado fora do conceito de herói ou de vilão, pois eu não acredito nisso. Prefiro pensar em protagonistas e antagonistas – ambos, não importa o lado em que estejam, podem ser heroicos em seus feitos, mesmo se forem feitos tortos. Só num quadrinho ou num melodrama alguém seria capaz de definir a si mesmo como vilão. E, vamos combinar, ladrões, chantagistas, assassinos ou qualquer outra forma de bandidagem tem sempre uma justificativa para seus erros.
Omelete: Como será seu próximo trabalho nos quadrinhos?
Howard Chaykin: Ele se chama Hey Kids! Comics! e será uma narrativa ficcional sobre a história dos gibis. A primeira edição chega às bancas em agosto
Omelete: O que existe de mais interessante hoje nas gibiterias dos EUA?
Howard Chaykin: Desculpe desapontar, mas eu não leio mais quadrinhos.
Comentários (0)
Os comentários são moderados e caso viole nossos Termos e Condições de uso, o comentário será excluído. A persistência na violação acarretará em um banimento da sua conta.
Faça login no Omelete e participe dos comentários