Aliens X Predador X Exterminador do Futuro
Aliens X Predador X Exterminador do Futuro
HOLLYWOOD NUNCA TERIA DINHEIRO PARA ISTO!
Mark Schulz foge do lugar comum e cria uma história original envolvendo três grandes ícones do cinema de ficção científica das décadas de 1980 e 1990.
Dignidade. Talvez esta seja a melhor palavra para descrever o que busca e o que merece a clássica personagem Ellen Ripley, imortalizada no cinema pela atriz Sigourney Weaver, que atuou nos quatro filmes da série Aliens. Em Alien - O Oitavo Passageiro e Aliens - O Resgate, Ripley mostrou-se como uma das mais fortes heroínas criadas por Hollywood. Já em Aliens 3 e Aliens - A Ressureição, a valente matadora de ETs nada mais era do que uma caricatura de si mesma. Aparentemente, o roteirista Mark Schulz se deu conta desse fato e usou-o como base para montar o seu Aliens vs Predador vs Exterminador do Futuro, que a renascida Editora Mythos lança neste mês de fevereiro como uma mini-série em duas edições.
Para contar a sua história, Schulz e o bom desenhista Mel Ruby utilizaram-se de elementos introduzidos na mitologia de Aliens no quarto filme da série. A Ripley que vemos na aventura é o clone híbrido alien/humano que aparece em A Ressureição. E é exatamente em cima dessa idéia de criaturas híbridas que a história se desenvolve, conduzindo os três grandes mitos do cinema de ficção científica para um improvável e ao mesmo tempo fantástico combate, que vai decidir o futuro não só da humanidade mas de todos seres vivos espalhados pelo universo.
Forçada pela andróide Analee Call (do filme Aliens 4), a lutar numa guerra que não é mais sua, Ripley é a peça central e, por que não dizer, o fiel da balança, mantendo o precário equilíbrio cósmico. Para sua surpresa, dessa vez a ameaça não vem dos terríveis linguafoeda - mais conhecidos como Aliens - mas do skynet, o sistema computadorizado dotado de inteligência artificial que deu origem aos Exterminadores (do Futuro).
Depois de ser derrotado pelo líder revolucionário John Connor, em 2035, Skynet plantou uma trava de segurança que garantiria seu retorno no momento mais oportuno para a aniquilação de todas as formas de vida biológicas. Exterminadores especialmente produzidos para iludirem e agirem como os humanos, aguardaram por anos, pacientemente, o momento propício para a conclusão de seus planos. Esse momento surge quando, em uma distante base militar espacial, o primeiro híbrido alien/exterminador é criado.
Vendo o perigo que essa nova raça representa, os implacáveis Predadores decidem pôr em curso a mais sangrenta de todas as caçadas. Em meio a tudo isso, o clone de Ripley terá de encontrar um significado para a sua amaldiçoada existência. Uma busca pela dignidade perdida no cinema.
Mark Schulz, mais conhecido por seu trabalho em Cadillac and Dinossaurs, encarou com o devido respeito a responsabilidade de trabalhar com ícones cinematográficos dentro dos quadrinhos, dando um fim definitivo, e digno, à nossa querida Ripley (espero que os executivos de Hollywood leiam essa revista antes de pensarem em Aliens 5). Schulz, que nunca foi aclamado por ser um escritor ousado ou inovador, fez bem a sua lição de casa - coisa que muitos dos roteiristas da nova safra norte-americana não conseguem com a devida regularidade -, e montou uma aventura que possui todos os elementos de uma boa HQ: ação na dose certa, diálogos rápidos, subtramas que se resolvem e um roteiro sem buracos ou falhas de continuidade. Aliens vs Predador vs Exterminador do Futuro não é uma mini-série brilhante ou inesquecível; é apenas uma boa história e, em tempos de Scott Lobdell e Dan Jurgens, são poucas as HQs que podem se orgulhar de terem boas histórias.