Cena de A Melhor Irmã (Reprodução)

Créditos da imagem: Cena de A Melhor Irmã (Reprodução)

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Feita para maratona, A Melhor Irmã não inova seara dos mistérios de classe alta

De Big Little Lies para cá, parece que temos uma série como essa por trimestre

Omelete
4 min de leitura
29.05.2025, às 06H00.
Atualizada em 29.05.2025, ÀS 11H55

Você já viu A Melhor Irmã antes. Quer dizer, é claro que você não viu exatamente a nova minissérie do Prime Video antes - mas, se você sequer encostou um dedinho no mar de “séries limitadas de mistério” que inundaram a paisagem televisiva desde a estreia de Big Little Lies, lá em 2017 (pois é!), você provavelmente sabe o que esperar de A Melhor Irmã

Tanto é assim que descrever a premissa da série, a essa altura do campeonato, parece um ato sujo de rendição aos clichês jornalísticos e literários: Chloe Taylor (Jessica Biel) é o tipo de mulher que parece ter uma” vida perfeita” (clichê nº 1) - emprego de alto rendimento em uma revista de estilo-de-vida, um marido advogado que a ama incondicionalmente, e um filho pós-adolescente com futuro brilhante à sua frente. No primeiro capítulo da série, no entanto, essa vida perfeita “vira de cabeça para baixo” (clichê nº 2) quando ela chega de uma festa e encontra o tal marido, Adam (Corey Stoll), morto e estirado sobre uma poça de sangue na sala de estar. A partir daí, conhecemos a “dupla excêntrica de policiais” (clichê nº 3) que se dedica a desvendar o caso - e, é claro, vamos intuindo que “nem tudo é o que parece” (clichê nº 4) nesse retrato inicialmente idílico da high society.

Os detalhes sórdidos que vão se revelando sobre os ricos e admirados nessas narrativas criminais de classe alta obviamente mudam de história para história, mas o ponto de assistir a Big Little Lies, Little Fires Everywhere, The Undoing, Objetos Cortantes e O Casal Perfeito, entre dezenas de outras variações, é o mesmo: observar a aparência de perfeição se desintegrando diante da lente magnificadora dupla de uma tragédia criminal e de uma câmera que se intromete nos espaços privados, onde os personagens levam a vida que ninguém vê por trás da vida que todo mundo vê. Até por isso, não faz muita diferença se o culpado do crime em questão se revela no começo, no final ou no meio da história, se surpreende o público ou não - o incidente violento que incita essas tramas, no fim das contas, é só pretexto para o voyeurismo de um “fake crime” adornado em roupas de grife.

Se uma fórmula funciona, é claro, significa que ela tem algo de sedutor, e A Melhor Irmã não foge da regra. Na direção do primeiro episódio, Craig Gillespie (Eu, Tonya) estabelece um tom definido por recusas: ele recusa, por exemplo, a pornografia do luxo, abraçando ao invés disso a limpeza espartana que define tanto do que definimos como sofisticação na contemporaneidade. Biel, dona de uma presença simultaneamente angular e lânguida, nunca totalmente à vontade diante da câmera, é uma visão conforme se move por esses cenários frequentemente semi-iluminados - e sua literalidade nos momentos em que precisa trair a simulação de perfeição da personagem também é bem-vinda, porque A Melhor Irmã não ganharia em nada com uma protagonista que escolhesse a sutileza.

Ainda melhor é a entrada maliciosa de Elizabeth Banks em cena. Como a irmã de Chloe - que, é óbvio, tem um passado complicado com ela, Adam e o filho -, ela é muito mais elemento desestabilizador da rotina dessa família do que o próprio assassinato do patriarca. E, como se o próprio roteiro de Olivia Milch (Oito Mulheres e Um Segredo) também entendesse isso, é a partir da primeira cena de Banks que A Melhor Irmã começa a apostar num desconforto que, ele sim, pode fazê-la se afastar de suas colegas de subgênero. Quando o secreto e o sujo se infiltra no mundo de alta sociedade, dessa vez, não é para armar uma tragédia, nem uma sátira… é só, realmente, muito estranho.

Cena de A Melhor Irmã (Reprodução)
Cena de A Melhor Irmã (Reprodução)

Há um caminho aqui, pelo qual A Melhor Irmã pode se tornar um capítulo interessante nesse volume já inchado de contos sangrentos dos ricaços, que - até dá para entender por que - se tornou um best-seller nesses tempos de capitalismo tardio. É a catarse da fofoca se enveredando pelo vale da estranheza. Resta saber se a série está por lá como turista ou para estabelecer residência.

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