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Preacher | 3º ano começa sombrio ao explorar o passado de Jesse Custer

Novos capítulos indicam que série corre risco de se repetir

05.07.2018, às 14H32.

Ao mesmo tempo que Westworld concluía seu segundo ano na HBO, a AMC dava início a terceira temporada de Preacher nos Estados Unidos. Adaptação da excelente HQ de Garth Ennis e Steve Dillon na Vertigo, o seriado tem sido inconsistente, ora enrolando demais e investindo em tramas desinteressantes, ora entregando um humor ácido e irônico que só poderia sair da mente de Seth Rogen.

AMC/Divulgação

Dando continuidade a uma ótima temporada, o ano três começa com a tarefa de segurar e desenvolver os avanços em ritmo e narrativa que tornaram o antecessor em algo tão bom. A trama vê Jesse Custer (Dominic Cooper) e Cassidy (Joseph Gilgun) desesperados após Tulipa (Ruth Negga) ser assassinada, recorrendo a uma medida extrema: a magia negra de Marie L'Angelle (Betty Buckley), a perversa avó do pastor.

Logo de cara é possível perceber que as coisas mudaram: o tom, caricato e exagerado do ano dois, agora toma um ar mais sombrio, dando peso às decisões e consequências do protagonista. A mudança é complementada pelos vários flashbacks que exploram a infância de Jesse com sua família, sendo forçado a participar de diversos trabalhos sujos e sangrentos. Não é à toa: nas HQs, é um dos capítulos mais deturpados e violentos da história, trocando o exagero que viria a assumir futuramente por maldade pura.

Se conhecer as origens de Jesse é parte fundamental nos quadrinhos para entender as motivações, vícios e defeitos do personagem, na TV, talvez torne-se um problema. O seriado já humanizou Custer e investigou seu passado durante a primeira temporada. Assim, a série corre o risco de se repetir - e, pior ainda, trazer de volta os erros que já foram corrigidos no ano dois.

"Angelville" e "Sonsabitches", os dois primeiros episódios da temporada, concluem o gancho de Tulipa mas, tendo isso resolvido nos minutos iniciais, parecem sofrer de uma falta de objetivo. A road trip em busca de Deus é colocada em pausa e perde sua urgência; O Santo dos Assassinos (Graham McTavish), assim como Eugene (Ian Colletti) e Hitler (Noah Taylor), mal são citados fora da abertura; até Herr Starr (Pip Torrens), destaque do ano anterior, parece perder sua importância ao novamente antagonizar o protagonista.

Enquanto isso, arcos decepcionantes como o impasse amoroso entre os protagonistas ganham espaço e criam dinâmicas hostis entre o trio. Considerando que as interações entre os três são um dos pontos altos do seriado, ter um conflito desnecessário tomando tempo de tela passa a sensação de que o melhor já ficou no passado.

É cedo demais para condenar as decisões da produção, mas o começo da temporada serve para estabelecer as bases do que está por vir. Deixar as subtramas de lado e indicar que o arco principal novamente verá uma queda de ritmo deixa a mesma sensação que o ano um deixou: de que a história é um inferno logístico para ser contado na televisão, com orçamentos que não permitem a rápida jornada que o trio faz ao longo dos Estados Unidos.

Mudanças do material-base são sim necessárias - e a série já deixou claro que não levará as HQs ao pé da letra -, mas quando essas parecem duvidosas e lembram erros do passado, é certo balancear um pouco de ceticismo com a fé de que coisas melhores estão a caminho.

Preacher é transmitida no Brasil pelo canal pago AXN e pelo serviço de streaming Crackle. Ainda não há data de estreia definida para a terceira temporada no país.

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